terça-feira, 22 de abril de 2014

O profissional de comunicação do século XXI


A questão sobre quem deve dirigir a área de comunicação nas empresas é susceptível de levantar dúvidas e dificuldades na hora da decisão da contratação de um profissional. Sobretudo nestes tempos de convergência, ou hibridez, das ações de comunicação, não existindo divisões estanques entre as diversas disciplinas da comunicação. Nas redes sociais, por exemplo, as marcas misturam ações de marketing com ações de relações públicas e notícias. Essa mistura transforma o profissional de comunicação num agente multifunções, como se fosse uma espécie de canivete suíço.
Para uns, ter um bom serviço de comunicação significa ter notícias nos jornais, para outros significa vender mais produtos e serviços ou ter uma presença digital de excelência, para outros ainda significa ter muitas ações de relações públicas para reforço da imagem da empresa junto da comunidade. Para dificultar a decisão, todas as ações de comunicação referidas são importantes numa boa assessoria de comunicação. Por isso, a escolha não deve ter como critério principal uma das especialidades do profissional a contratar – jornalista, relações públicas, analista de comunicação digital ou técnico de marketing – mas antes uma formação e uma bagagem cultural que permitam a esse profissional de comunicação demonstrar uma visão cósmica do campo operacional. 
De qualquer modo, é fundamental que o profissional de comunicação seja um bom produtor de conteúdo informativo, sabendo escrever sem erros e transformar um conjunto de dados num texto atraente, que possa ser lido com interesse por qualquer pessoa. Dominar a comunicação corporativa em ambiente digital é igualmente fundamental.
Além disso, um bom profissional de comunicação deve ter entendimento de economia e de política, assim como de sociologia, de psicologia, de estatística e de tecnologias de informação. Não precisa de ser fotógrafo, designer ou técnico de imagem, mas é essencial que tenha noções sobre essas artes cada vez mais importantes na comunicação contemporânea. 
O profissional de comunicação do século XXI deve, também, possuir um amplo conhecimento do negócio em que atua e setores económicos adjacentes, o que implica ter bons conhecimentos em marketing, um conhecimento sólido da cultura popular do mercado em qua atua e um acompanhamento do desenvolvimento tecnológico como utilizador. Isso exige muito estudo, muita leitura, muita investigação, método, disciplina e preocupação com sua própria imagem.
Atualmente, um bom profissional de comunicação deve ter estas características, que resultam de uma multiplicidade de saberes que, dificilmente, algum curso superior será capaz de proporcionar de um modo tão completo. Isto quer dizer que é preciso acrescentar ao saber académico uma série de outros saberes que resultam de leituras e análises sociais próprias e da experiência profissional. É um trabalho permanente, porque um profissional de comunicação tem de estar sempre em formação para não perder o comboio da atualidade e as tendências dos mercados, que estão sempre em mutação. 

sábado, 19 de abril de 2014

Jornalistas famosos na publicidade. Um debate atual


Muitos jornalistas famosos e artistas utilizam a fama e a imagem de credibilidade conquistada na carreira profissional para vender produtos e serviços ou participar em anúncios comerciais na televisão e na Internet. São casos comuns na sociedade mediática e de consumo em que vivemos, mas que, muitas vezes, levantam problemas éticos.
A questão é que o negócio da fama e a fama como negócio fazem parte desta nossa era do espetáculo e do comércio. É um tema que foi objeto de um debate muito interessante, promovido pelo Observatório da Imprensa – uma “think tank” brasileira sobre jornalismo.
O debate, com a duração de 50 minutos, é moderado pelo prestigiado jornalista brasileiro Alberto Dines. Participam o publicitário Adilson Xavier, o historiador e jornalista Paulo César de Araújo e a colunista do Estado de S. Paulo Cristina Padiglione. Veja no vídeo: http://bit.ly/1tlZAT8.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Jornais fecham-se no papel e abrem-se no digital


Há dias, o diretor de um dos maiores jornais de Fortaleza e do Nordeste do Brasil – que integra um grupo de comunicação que tem rádio e televisão há muitos anos –, dizia-me que o futuro dos jornais impressos está no jornalismo local e regional. No caso, estamos a falar de jornalismo local e regional numa cidade em cuja área metropolitana vivem 3,5 milhões de pessoas, tanto como na cidade de Madrid, que é a maior da Península Ibérica. 
No âmbito dessa estratégia, a informação nacional e internacional tem cada vez menos espaço na edição em papel, tendo sido subtraídos os colaboradores de temas nacionais e internacionais. Isto no que concerne à edição em papel, porque, na edição online, isso não acontece. "Com a Internet, os jornais se fecham ao mundo no papel, focando-se no jornalismo de proximidade, e se abrem no digital, chegando a todo o mundo e dando espaço a toda a informação", dizia-me o diretor, numa observação muito curiosa.
Apostando no jornalismo local, os jornais impressos reforçam o vínculo com a sua comunidade de leitores. Os leitores, por seu lado, passam a sentir que aquele é o jornal em que podem confiar, pois é aquele que fala sobre os seus problemas. Deste modo, é incorporado um elemento emocional no processo de decisão de compra do jornal diário. Pode ser um caminho.
Até agora não tem sido esse o caminho percorrido pelos jornais portugueses, que praticamente eliminaram a informação local das suas páginas em papel e das edições digitais (informação local que exige investimento e dá trabalho, pois não há agências internacionais a descobrir as histórias e a escrever os textos), ficando cada vez mais virados para si mesmos, para a macropolítica de Belém, S. Bento e Bruxelas, para os interesses da alta finança e das empresas com dinheiro para boas assessorias – que representam os interesses mais fortes –, e para as vacuidades das pobres celebridades que transformam algumas páginas da imprensa em feiras de vaidades de fraca qualidade. 

A publicidade em primeiro lugar


As primeiras páginas do "Jornal de Notícias" e do “Metro” desta sexta-feira, 4 de Abril de 2014. A publicidade à frente das notícias. O interesse económico da publicidade à frente do interesse público das notícias.