Há
dias, o diretor de um dos maiores jornais de Fortaleza e do Nordeste do Brasil –
que integra um grupo de comunicação que tem rádio e televisão há muitos anos –,
dizia-me que o futuro dos jornais impressos está no jornalismo local e
regional. No caso, estamos a falar de jornalismo local e regional numa cidade em
cuja área metropolitana vivem 3,5 milhões de pessoas, tanto como na cidade de
Madrid, que é a maior da Península Ibérica.
No âmbito dessa estratégia, a informação
nacional e internacional tem cada vez menos espaço na edição em papel, tendo sido subtraídos os colaboradores de temas nacionais e
internacionais. Isto no que concerne à edição em papel, porque, na edição
online, isso não acontece. "Com a Internet, os jornais se fecham ao mundo no papel, focando-se no jornalismo de proximidade, e
se abrem no digital, chegando a todo o mundo e dando espaço a toda a informação", dizia-me o diretor, numa observação
muito curiosa.
Apostando no jornalismo local, os jornais impressos reforçam o vínculo com a sua comunidade de leitores. Os leitores, por seu lado, passam a sentir que aquele é o jornal em que podem confiar, pois é aquele que fala sobre os seus problemas. Deste modo, é incorporado um elemento emocional no processo de decisão de compra do jornal diário. Pode ser um caminho.
Até agora não tem sido esse o caminho percorrido pelos jornais portugueses, que praticamente eliminaram a
informação local das suas páginas em papel e das edições digitais (informação local que exige investimento e dá trabalho, pois
não há agências internacionais a descobrir as histórias e a escrever os textos),
ficando cada vez mais virados para si mesmos, para a macropolítica de Belém,
S. Bento e Bruxelas, para os interesses da alta finança e das empresas com
dinheiro para boas assessorias – que representam os interesses mais fortes –, e
para as vacuidades das pobres celebridades que transformam algumas páginas da
imprensa em feiras de vaidades de fraca qualidade.
Um comentário:
Também acredito no futuro promissor do jornalismo regional, mas não no impresso. Estão cada vez mais escassas as justificativas para que impressos continuem a existir.
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