quarta-feira, 20 de abril de 2011

Almerindo Marques. Memórias da RTP


“[Na RTP] ficou provado que a gestão é uma ciência universal. Era necessário organizar os recursos para ter resultados e não foi fácil: não sou capaz de avaliar o valor acrescentado introduzido por uma senhora que é mais bonita ou tem mais mamas do que a outra e por isso ganha mais.”
“Nunca despedi ninguém a não ser por questões disciplinares. O que fizemos foram acordos de rescisão. Um trabalhador que não trabalha não se respeita a si próprio. Na RTP havia muita gente que fazia tudo menos trabalhar – roubava, manobrava… Havia um senhor que tinha um programa que abusivamente registou na Sociedade Portuguesa de Autores como da sua autoria (era uma adaptação de França) e registou-se como apresentador exclusivo. Recebia ‘royalties’ do programa, mas quem pagava os custos era a RTP. Chamei-o e disse-lhe que tinha poucos dias para sair pela porta grande, com os mesmos direitos que os outros. O segredo ficava entre nós os dois. Chamou-me filho da puta.”
“Se não tivesse vindo para a Estradas de Portugal, [José Rodrigues dos Santos] tinha ido para a rua, a confirmar-se o que estava no processo disciplinar. As pessoas têm medo dele. Fiz-lhe um processo disciplinar e ele percebeu imediatamente que o ia despedir. Por isso, movimentou montes e vales, incluindo a embaixada dos EUA, que fez tudo para ele não sair. Sabem dizer-me por que é que é sempre ele que aparece nas guerras no estrangeiro?”
“O primeiro-ministro pediu-me para decidir em 48 horas. E o José Rodrigues dos Santos, bem avisado, quando começou a contagem decrescente para o processo disciplinar, meteu férias, atrasando a decisão (conseguiu autorização de um administrador). Teria saneado de forma muito relevante a RTP se o tivesse posto na rua.”
Almerindo Marques, presidente da RTP, entre 2002 e 2007, “Sábado”, 20-04-2011

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