segunda-feira, 9 de maio de 2011

A RTP, os debates eleitorais e os protestos


Os pequenos partidos têm toda a razão quando dizem que são discriminados e, por isso, protestam contra as televisões pelo facto de terem ficado de fora dos debates eleitorais, para as eleições legislativas de 5 de Junho. A legislação até está do lado deles, mas ninguém a cumpre. Um dos protestantes, o madeirense José Manuel Coelho, valeu 190 mil votos nas últimas eleições Presidenciais (4,5 por cento dos votos). E valeu 190 mil votos porque, na campanha presidencial, as televisões não conseguiram eliminá-lo completamente do espaço mediático, tendo de aguentar, desde logo, com a sua presença nos debates...
Nos debates para as legislativas, que já estão a ser realizados, é diferente, pois segundo as regras definidas por livre arbítrio das televisões, só cabem os partidos com assento parlamentar. É um escândalo, pois significa que o sistema político se fecha, não abrindo espaço à afirmação pública de novos partidos e de novos rostos políticos através da televisão. O sistema democrático é, portanto, muito relativo.
Neste caso, acho que as televisões privadas são livres de estabelecer o seu critério. É por isso que são privadas. Já a RTP, que vive à custa do dinheiro de todos os portugueses que pagam impostos, tem responsabilidades diferentes. Pelo menos, deveria ter. Defender a democracia, promovendo a pluralismo político, como define a Constituição da República Portuguesa, deveria ser uma das bandeiras da televisão pública. Mas não é.
Infelizmente, a RTP comporta-se como se fosse uma televisão privada, concorrendo com as privadas. É por isso que se justifica uma televisão pública que defenda e promova um serviço público de qualidade, que respeite os sectores minoritários da sociedade.
Acontece, porém, que este debate não interessa. Quem poderia beneficiar dele, ou seja, aqueles que agora não têm espaço na televisão, ganhariam um novo protagonismo. Ora, isso poderia reformar o sistema. Por isso, é um debate que não interessa a quem já tem o seu lugar bem visível nos vários ecrãs, sejam públicos ou privados... FOTOGRAFIA: "Diário de Notícias"

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