quarta-feira, 22 de junho de 2011

O fim dos governos civis


Com o fim dos governos civis, Pedro Passos Coelho começa a cumprir a promessa de emagrecer o Estado português. Curiosamente, o primeiro-ministro do PSD cumpre um objectivo que foi lançado na agenda política, pela primeira vez, pelo socialista António Guterres, em 1995. Na altura, Guterres pretendia criar as regiões administrativas em substituição dos governos civis. E criou as lojas do cidadão também para prestar serviços que eram prestados pelos governos civis. Acabou, afinal, por duplicar serviços, contribuindo para aumentar a despesa pública. 
O século XX terminava e Portugal vivia a euforia da Expo'98 e da adesão à moeda única europeia - desígnios dos governos de Cavaco Silva tão criticados por Paulo Portas enquanto director do semanário "O Independente". Na altura, o fim dos governos civis proposto por Guterres encontrava, porém, resistências nas clientelas partidárias. A regionalização acabou por ser chumbada num referendo realizado para o efeito. E os governadores civis continuaram a ser nomeados até ao último Governo do socialista José Sócrates.
Agora, com Paulo Portas ao seu lado no Governo, Pedro Passos Coelho, motivado pela crise e pela necessidade de cortar na despesa pública, imposta pelo FMI, resolve acabar com as inúteis delegações do Terreiro do Paço espalhadas pelo País. Uma medida fortemente simbólica. O Estado poderá continuar gordo como está, que o fim dos governos civis será sempre uma bandeira governamental de Passos Coelho na luta pelo emagrecimento da despesa pública.

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