domingo, 25 de novembro de 2012

O mercado da construção civil e o exemplo português



O problema não é exclusivo de Portugal, mas resulta de uma tendência nos mercados mundiais nos últimos anos: o poder crescente do setor bancário e financeiro e dos investidores sem rosto, que disseminaram seus investimentos no setor imobiliário de muitos países, onde promoveram a construção de imóveis muito acima das necessidades habitacionais identificadas pelo mercado – ou seja, sem os necessários estudos de mercado. O resultado é a existência de mais casas do que moradores, provocando uma quebra do mercado que é má para todos, podendo mesmo afetar a estabilidade de um País. De tal modo que, em Espanha, por exemplo, o líder do Governo, Mariano Rajoy, já anunciou que concede autorização de residência aos estrangeiros que comprem casa no País (ver aqui). 
Em Portugal, a situação também é muito grave. Excesso de construção e crise económica contribuíram para um aumento de 35% do número de alojamentos vagos. Há urbanizações inteiras sem ninguém. Num País com pouco mais de 10 milhões de habitantes, há mais de 735 mil casas vazias (ver aqui). Mas o problema das casas vazias também já afeta o Brasil – onde os preços no setor imobiliário estão muito inflacionados, por conta do Mundial de futebol de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Só em Fortaleza, que é a quinta maior cidade do Brasil, estima-se que o preço da habitação esteja inflacionado em 50% (ver aqui).
Em Portugal, o bloqueio do setor da construção acontece num momento em que o Presidente da República, Cavaco Silva  que há 20 anos chefiava o Governo, tendo lançado as sementes da crise de hoje , propõe, agora, que os portugueses regressem à agricultura, ao mar e à indústria (ver aqui).
Perante a crise no setor da construção civil, as empresas portuguesas só têm dois caminhos: ou se reinventam, mudando de setor de atividade, o que implica mudanças nos recursos humanos e nos serviços e produtos que oferecem, ou vão à falência. É tão simples como isso. Porque, num País em recessão económica e cada vez mais velho, em função da diminuição da população, pela estagnação dos nascimentos, e pela emigração, não há lugar para tantos empreiteiros e construtores civis. Só um grupo muito restrito de empresas irá ficar no setor da construção: as que têm poder económico e podem diversificar a sua presença no mercado; as que são reconhecidas pela qualidade das suas obras e pela ética empresarial; e aquelas que se especializarem no mercado da reabilitação. Todas as outras morrem.

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