Vivemos
num mundo dominado pelas tecnologias e pela comunicação digital, seja em nossas
conversas com os outros, seja para transmissão de dados e outros elementos que
outrora eram corpos que circulavam no espaço físico. É claro que nem tudo é
digital. Nem poderá ser, caso contrário deixaremos de ser humanos.
O
avanço do mundo digital, no entanto, entusiasma muitos teóricos, alguns deles
talvez em demasia. É o caso daqueles que há muito anunciam o fim dos jornais de
papel, das revistas de papel, dos livros de papel. Ao nível dos jornais, por
exemplo, a recuperação do “New Tork Times” está aí para desmentir as vozes
agoirentas sobre o futuro do jornal impresso – sabendo-se agora que o jornal
impresso pode perfeitamente conviver como jornal digital, lhe dando reputação e
credibilidade no mercado. O importante é que seus conteúdos tenham a qualidade suficiente que satisfaça a sua comunidade de leitores.
É
certo que em mercados emergentes como o brasileiro, onde toda a gente está comprando smartphones e tablets para ter uma conta no Facebook, o setor digital está em
forte crescimento. No caso do mercado editorial, a venda de livros impressos
caiu 7,36% em 2012 contra uma subida de 343% da venda de livros digitais, segundo
dados revelados pela revista “Época”. Porém, mesmo assim, o faturamento dos
livros impressos ainda cresceu 3%. Além disso, há quem desvalorize a subida da
venda de livros digitais, pois eles, em 2012, não representaram mais do que
0,1% do faturamento das editoras brasileiras.
Dos
Estados Unidos, um mercado amadurecido e em recuperação econômica, chegam dados
em sentido contrário, que dão esperança ao livro impresso: lá, o crescimento
dos livros digitais começa a desacelerar. Em 2012, o faturamento de e-books
cresceu 41%, mas tinha sido superior a 100% em anos anteriores. De acordo com analistas,
a participação dos livros digitais deverá estabilizar nos 30% do mercado
livreiro. Aliás, há uma pesquisa que revela um dado muito interessante: 97% dos
compradores de e-books continuam a ler livros de papel. A ler e a comprar.
Resumindo
e concluindo, o apocalipse do livro impresso, que até agora era considerado apenas como uma questão de tempo, deverá ficar retido na imaginação de alguns teóricos.
E ainda bem. No ecrã mudamos de página com um toque suave, mas é como se
estivéssemos a simular uma mudança de página. Além disso, o ecrã não tem cheiro,
não tem alma, não tem uma textura que seja única, não tem a identidade que tem o
livro, a revista ou o jornal impressos. Assim como os meios de comunicação se complementam,
mantendo seus públicos sem se anularem uns aos outros, também o papel e os bits,
como suportes de difusão da informação, continuarão a coexistir.
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