terça-feira, 2 de abril de 2013

O papel do “outdoor” na campanha política




A clareza dos elementos, a concisão da mensagem e a simplicidade da criação são algumas das características de um bom “outdoor”. Seja para promover um produto, um serviço ou uma candidatura política. O “outdoor” da candidatura de André Coelho Lima, da coligação PSD/CDS, à presidência do Município de Guimarães – a cidade onde nasceu Portugal –, não ajuda nada à afirmação pública de um candidato que precisa justamente de uma boa campanha para ser visto como uma alternativa sólida ao poder vigente, conquistando os eleitores que decidem eleições.
Na verdade, não sei o que se pretende dizer com a frase “As pessoas são o (…) de Guimarães”. É uma frase praticamente indecifrável, mesmo com a ajuda de uma imagem lá pelo meio, um penduricalho que parece querer representar um coração e muito afeto. Uma segunda frase, que será o “slogan” principal, em que podemos ler “Novas pessoas, novas ideias de confiança”, pretende associar dois atributos da candidatura (“novas pessoas” e “novas ideias”) à palavra “confiança”. No fundo, quem idealizou o “outdoor” quis incluir o maior número de ideias possível. Mas não se lembrou de colocar o substantivo “presidente” – o cargo a que André Coelho Lima se candidata nas eleições de Outubro.
Um “outdoor” não dá votos, não funciona como elemento de decisão de voto, mas ajuda muito. Um bom “outdoor” dá uma ideia positiva do candidato político. Vários “outdoor’s” revelam a dinâmica de uma campanha e a força de uma candidatura. Mas um “outdoor” é apenas um pequeno elemento de um plano de comunicação integrada onde tudo conta um pouco: as notícias nos jornais, a página no Facebook e em outras redes sociais, as visitas ao terreno, o site oficial, o debate na televisão, o panfleto, o programa eleitoral, etc. Cada ferramenta e cada iniciativa de campanha passam determinadas mensagens e atingem determinados públicos. Mas não podemos sobrecarregar o “outdoor” colocando lá as ideias todas.
Um “outdoor” deve comunicar apenas uma ideia. A ideia central do momento, numa frase curta e clara. Mais do que isso será desvirtuar a eficácia do “outdoor” como ferramenta de comunicação. Um “outdoor” pode ter uma área generosa de oito metros de largura por três metros de altura, mas a verdade é que, entre a confusão do trânsito de uma rotunda ou de uma estrada nacional, nós só dispomos de escassos segundos ou mesmo frações de segundo para apreender o que está lá. Dá para captar um “slogan”, uma imagem e pouco mais. Mas nem todas as pessoas têm o mesmo nível de apreensão de dados. Ora, se não conseguimos captar tudo o que está num “outdoor”, a sua leitura fica inacabada, até à próxima passagem no local. E assim sucessivamente. E o “outdoor”, em vez de ajudar, só atrapalha a comunicação. Quem quis comunicar muito, acabou comunicando nada, desperdiçando os recursos colocados à disposição de uma campanha. E o que vale para uma campanha política, vale para qualquer campanha.

Um comentário:

Fernando Moreira de Sá disse...

Clap, clap, clap. Totalmente de acordo.