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quarta-feira, 24 de abril de 2013

A importância da verdade na comunicação territorial



Comunicar uma boa imagem de um País, de um Estado ou de uma cidade é muito mais do que encontrar um bom slogan. Uma frase bem achada até pode chamar a atenção da maioria das pessoas, mas será incapaz de realizar todo um trabalho de comunicação e de marketing de imagem. Porque, numa frase tão simples e tão curta, como deve ser um bom slogan, é impossível transmitir a dimensão multidimensional de um território.
Para ser bem-sucedida e se firmar na esfera pública e, em especial, na cabeça das pessoas, a imagem de uma localidade tem de ser transmitida de diversas maneiras e distribuída por diversos meios e plataformas à disposição dos agentes de comunicação, marketing e relações públicas. Tal como acontece com um produto de supermercado, a imagem de uma localidade tem de ser verdadeira, para que as pessoas acreditem e tenham confiança.
Se uma cidade ou um município divulgar uma nova imagem, mas continuar a ser o local diferente que dera origem à antiga imagem, a estratégia de comunicação será um fracasso. E os prejuízos para a gestão municipal serão, provavelmente, irreparáveis. Porque as pessoas não gostam de ser enganadas. Vivemos na era da comunicação, o que significa transparência, por oposição a um passado de opacidade, em que a informação não ia ao encontro das pessoas. Por isso, a verdade é muito importante na comunicação territorial de países, estados e cidades. 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Portugal considerado o melhor destino turístico em 2013



Portugal está na moda. O pequeno País mais ocidental da Europa é considerado o melhor destino turístico de 2013 (ver aqui). Não é uma grande surpresa, uma vez que Portugal é um país modernizado que tem história, paisagens belíssimas, monumentos, excelente gastronomia, boas praias, serras e um bom turismo rural. E, além de tudo, é um País barato.
Esta nomeação é uma boa notícia para a economia portuguesa, que, por esta altura, precisa de todos os incentivos para se levantar das cinzas. Mas as boas notícias só têm valor se forem devidamente aproveitadas. Neste caso, os organismos públicos de Portugal, em particular aqueles que se relacionam com o turismo e setores econômicos que se cruzem com o turismo – como o setor vinícola ou o setor do azeite, por exemplo –, sejam nacionais, regionais ou até municipais, teriam muito a ganhar aproveitando a escolha do portal internacional de viagens Globe Spots para promoverem devidamente o País nos mercados turísticos prioritários. Não me refiro a gastar dinheiro sem sentido na comunicação de mensagens mirabolantes. Pelo contrário, estou a falar em investir na comunicação de um território, com sentido estratégico, salientando tudo aquilo que há de bom e de melhor para oferecer a turistas e, inclusive, a possíveis investidores. De outro modo, as boas notícias são apenas isso. Boas e nada mais.

sábado, 1 de setembro de 2012

Turismo do Brasil lança campanha internacional


Numa altura em que o País se mobiliza na preparação de dois grandes eventos internacionais, como são o Mundial de Futebol 2014 e os Jogos Olímpicos 2016, o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) lança uma campanha de promoção internacional, através de um vídeo que incentiva os potenciais turistas a “celebrar a vida” no Brasil, porque é neste País que “o mundo se encontra”. O filme está a circular nas redes sociais, a partir do canal do Embratur no YouTube, denominado Visit Brasil.
A campanha, que tem como mote “O mundo se encontra no Brasil. Venha celebrar a vida”, servirá “para aumentar a relevância e a repercussão deste conceito”, refere, em nota de imprensa, o director de marketing do Instituto Brasileiro de Turismo, Walter Vasconcelos.
No Facebook, a campanha inclui uma aplicação que permite que o usuário identifique os seus amigos que estão mais distantes geograficamente e propõe que eles se encontrem no Brasil. “Quando o cibernauta clicar em ‘convidar’, será criado um álbum na ‘timeline’ com imagens das distâncias entre cada amigo encontrado, que será marcado e alertado, e estes, por sua vez, poderão encontrar outros amigos distantes e convidá-los a encontrarem-se no Brasil”, explica Walter Vasconcelos. A ideia é divulgar o vídeo da campanha, além de peças publicitárias, com imagens do Brasil, disponíveis no aplicação.
O vídeo procura mostrar o estilo de vida do brasileiro, a diversidade da natureza e a força de uma cultura extraordinária, num local onde pessoas de diferentes origens convivem em harmonia. “Você vai descobrir um país jovem, moderno e sensacional assim que chegar aqui”, promete o Instituto Brasileiro de Turismo.

domingo, 24 de junho de 2012

O preço da sardinha



No tempo da ditadura fascista (1926-1974), a sardinha era um peixe que só os pobres comiam. Pão de milho, sardinhas e vinho era a “ementa” quase diária dos portugueses que trabalhavam no campo. Nas famílias mais numerosas ou mais pobres, uma sardinha, mesmo barata, chegava a ser dividida por duas bocas. No Norte, além da sardinha, as fanecas, os carapaus e os chicharros eram os peixes mais populares. E pouco mais.
Mas nem tudo era mau. O peixe era do mar e chegava a casa dos consumidores mais próximos do litoral no próprio dia. Isso hoje seria um luxo. Pela manhã, nas aldeias, as donas de casa, que na altura ficavam em casa, pois o homem é que trabalhava fora para sustentar a família, assomavam à porta da cozinha quando ouviam o som da carrinha do homem do peixe. Umas diziam que era o “peixeiro”, outras o “sardinheiro”. A sardinha era o peixe barato que tinha mais saída.
Foi assim até aos anos de 1980. Depois veio o dinheiro da Europa e Cavaco Silva baixou as calças a Bruxelas e deixou que fosse destruída a nossa frota de pesca. Ninguém se queixou porque os sectores mais dinâmicos e empreendedores da sociedade estavam entretidos com o dinheiro de Bruxelas, que jorrava em grandes quantidades diariamente. Era dinheiro para auto-estradas e todo o tipo de infra-estruturas – inclusive as desnecessárias – e para essa vigarice a que deram o nome de “formação profissional”.
No mar só ficaram os desgraçados que não tinham espaço noutros lados. Na terra aconteceu praticamente o mesmo. A Europa começou a financiar a terra ociosa e muitos proprietários viram na ideia de receber para não produzir o seu filão lucrativo.
Como temos visto na crise em que vivemos, desde que entrou na Comunidade Económica Europeia, em 1986, Portugal decidiu muito mal em matéria de pescas e de agricultura. O que se passa no mercado da sardinha é exemplar.
Muito por força da mediatização das festas sãojoaninas, no Porto, e, sobretudo, das antoninas de Lisboa, a sardinha assada na brasa emergiu como iguaria típica da moda. Nas festas lisboetas, a sardinha foi mesmo “promovida” a elemento icónico – num trabalho de marketing com alguns anos. Hoje, os portugueses não comem sardinhas porque estão mais pobres, mas porque elas se transformaram num peixe chique. Chique, à custa da comunicação, e muito caro – mais caro do que o camarão, como se diz por aí – porque a procura é maior do que a oferta. O problema é não haver frota pesqueira que responda a todas as encomendas.

sexta-feira, 9 de março de 2012

A rua mais bonita do mundo


A rua mais bonita do mundo é brasileira e fica na cidade de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul. A Rua Gonçalo de Carvalho é uma rua “verde”, sob um túnel formado pelas árvores que se erguem dos dois lados. A via foi eleita pelos turistas e por especialistas como a rua mais bonita do mundo. Eis como o verde das árvores pode potencializar o marketing público de uma cidade e a sua capacidade de atracção turística.
Mas tudo começou quando a população se manifestou contra a construção de um parque de estacionamento. O projecto previa a remoção de algumas árvores, além da colocação de asfalto no lugar dos tradicionais paralelepípedos do local – que sugam a água da chuva, ajudando na irrigação das árvores. Os moradores venceram. Não houve parque de estacionamento e as árvores não foram derrubadas. Hoje, a rua é motivo de atracção urbana. A moda deveria pegar (ver mais fotos aqui)...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O mercado imobiliário em 38 trabalhos académicos


Em Portugal, há 735 mil casas vazias. É muita casa a degradar-se num País tão pequeno. Com a crise da dívida pública e da economia, o sector da construção foi, naturalmente, dos primeiros a paralisar e a fazer aumentar o desemprego directo e indirecto. Os bancos deixaram de dar crédito e as pessoas não precisam de casas como antes, porque há muito que o mercado está esgotado, pois há mais casas do que pessoas para viver dentro delas (ver aqui). Isto significa que, independentemente da crise económica, algo de muito grave falhou nos estudos do mercado da construção civil em Portugal. O que falhou é que não se fizeram estudos no sector, a não ser para lamentar a falta de procura de casas. Ora, com tantas casas vazias, podemos concluir que as construtoras fizeram casas sem necessidade. Por outras palavras, o sector português da construção civil despreza o marketing. O resultado é a falência do mercado.
Por isso, destaco uma lista de 38 trabalhos académicos sobre o mercado imobiliário (ver aqui). Não de Portugal, onde estas coisas não são muito estudadas, mas do Brasil, onde o sector está em grande crescimento. Talvez esta lista de estudos seja bastante útil, em particular para estudantes, empresários imobiliários e autarcas.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O escandaloso encerramento da Livraria Camões


O Brasil é um País de grandes oportunidades e atravessa um período de crescimento económico ímpar na sua história. Mais do que isso: o Brasil foi descoberto por Portugal. Por isso, na década de 1960, o Governo de António Oliveira Salazar, numa decisão política acertada, e com sentido estratégico, apoiou a abertura da Livraria Camões no Rio de Janeiro, com a finalidade de “divulgar no Brasil as obras essenciais da literatura e da cultura portuguesas”. E em cerca de 40 anos já lá foram vendidos mais de 2 milhões de livros, segundo relatam os responsáveis da loja.
Este desiderato, contudo, parece não mais mobilizar a Imprensa Nacional – Casa da Moeda, empresa de capitais públicos portugueses que “administra” aquela livraria, na cidade que vai acolher o Mundial de futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Ora, numa decisão que é muito polémica, a livraria vai fechar as portas no fim deste mês de Janeiro. Deste modo, Portugal recusa-se a promover a sua língua e a sua cultura numa das grandes cidades do mundo, num País em que o português é a língua oficial e onde vivem muitos milhares de portugueses. Para mim é um escândalo. Só isso. 

sábado, 17 de dezembro de 2011

A cartilha da desesperança


A directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirma aqui que a crise mundial não deixa nenhuma economia a salvo. Em Portugal, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, igualmente depressivo e sem uma visão para o futuro que não seja a falta de futuro, decide aumentar o preço do acesso aos serviços públicos de saúde, mas em vez de comunicar um serviço de saúde melhor para mais portugueses, diz-nos que tem margem para aumentar ainda mais o preço da ida ao médico. Além disso, lança medidas de austeridade e diz que é preciso ir além das medidas preconizadas pelo FMI; e, como se pode ver e ouvir nesta ligação, tal como um comentador político e não um líder mandatado pelo povo para governar, anuncia ao País que, daqui a 20 anos, a mensalidade da reforma não irá além de 50 por cento do rendimento mensal que o contribuinte auferir na altura. No fundo, a cartilha de Pedro Passos Coelho é a cartilha da desesperança neoliberal que está a destruir a Europa. Foi por isso que um secretário de Estado da Juventude – e logo da Juventude – disse aos jovens portugueses que o melhor seria emigrar.
Ora, só não tem esperança no futuro quem não sabe o que é que há-de fazer no presente ou quem não sabe para onde vai. Sabe-se que nada disto acontece por desconhecimento do que é preciso fazer, nem por desconhecimento das regras de uma boa comunicação política e de um bom marketing público do País, que, no fundo, não existem, como se infere nesta observação do consultor de comunicação Rui Calafate. Assim sendo, tendo em conta que há quem esteja a ganhar com tudo isto, falta saber que interesses, obviamente privados, estarão a mover estes mensageiros da desesperança e da miséria.
Do alto de uma sabedoria de 89 anos, Gonçalo Ribeiro Telles (na foto), um dos líderes políticos portugueses que fez a Aliança Democrática com o PSD de Francisco Sá Carneiro, em 1979, dá hoje uma entrevista ao jornal “i”, que pode ser lida aqui, onde adianta uma hipótese: “Talvez os governantes queiram destruir o País.” Não acredito que seja isso. Mas parece.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Escolas portuguesas podem ser alugadas para eventos


As escolas que foram alvo de obras de modernização por parte da empresa pública estatal Parque Escolar passam agora a estar disponíveis para a comunidade, com a cedência dos seus espaços para a realização de eventos em regime de aluguer. O objectivo é encontrar receitas alternativas.
A ideia é simples e faz todo o sentido, mas nunca ninguém tinha pensado nela, ou, pelo menos, nunca ninguém a tinha colocado em prática. E, no entanto, estamos perante uma excelente medida de gestão dos recursos públicos que pode resultar também num poderoso instrumento de marketing das escolas portuguesas. E também um instrumento de marketing público das cidades que tenham escolas disponíveis para eventos.
Por outro lado, ficam a ganhar os municípios, que muitas vezes são confrontadas com falta de espaços para eventos, sendo forçados a investir em infra-estruturas que depois não têm um uso tão frequente como seria desejável.
Auditórios, pavilhões desportivos, ginásios, salas de aula ou bibliotecas são apenas alguns dos espaços que passam a estar disponíveis para alugar através de uma página na Internet (http://espacosnasescolas.parque-escolar.pt) que a Parque Escolar criou para o efeito e onde a empresa pública se apresenta como “a maior oferta de espaços do País”, como salienta o diário "Público". Do catálogo constam 90 escolas secundárias, localizadas de Norte a Sul de Portugal, com fotografias e descrições dos espaços, sendo que metade das receitas revertem para as escolas e outra metade a favor da Parque Escolar, que detém a propriedade dos espaços.
Criada em 2007, a Parque Escolar, EPE é uma empresa pública sujeita à tutela dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das Finanças e da Educação, que tem por objecto o planeamento, gestão, desenvolvimento e execução do programa de modernização da rede pública de escolas secundárias e outras afectas ao Ministério da Educação.
Na verdade, se o exemplo da Parque Escolar for replicado pelos municípios portugueses, tanto mais agora que muitas escolas foram construídas de raíz, dispondo de espaços mais amplos e mais qualificados, estaremos perante um mecanismo de poupança de recursos públicos com ganhos para todos.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Fátima é uma marca poderosa


A extinção de feriados civis e católicos é um tema que está na agenda portuguesa e sobre o qual já escrevi neste blogue, como se pode ler aqui. Acossado pela crise e pelo FMI, o Governo quer reduzir feriados e pontes, em nome do aumento da produtividade.
Neste processo, lamento o modo birrento e corporativo dos responsáveis da Igreja Católica, ao terem dito que não abdicariam do feriado de 8 de Dezembro – Dia de Nossa Senhora da Conceição, no calendário religioso – e que só aceitariam reduzir feriados católicos se o Estado também extinguisse feriados civis. É por isso, e não por outra razão, que sobre a mesa está agora a extinção de quatro feriados, sendo 2 católicos (15 de Agosto, que celebra Nossa Senhora da Assunção, e Corpo de Deus, em Junho) e 2 civis (5 de Outubro, que evoca a instauração da República, e 1 de Dezembro, o feriado da restauração da independência, face ao domínio espanhol).
Como em muitas áreas da governação, não se vê um sentido estratégico. Vê-se a obsessão de cortar, procurando não desagradar muito a gregos e a troianos. Mas não se vislumbra um sentido, um contraponto positivo, que nos indique um caminho para o futuro. Eu insisto numa ideia: é um erro grave não aproveitar esta oportunidade para criar o feriado de 13 de Maio, dia de Nossa Senhora de Fátima. Por motivos religiosos, mas também turísticos e económicos.
Fátima é um símbolo de Portugal, um símbolo da Igreja Católica e uma marca poderosa em todo o mundo. Não tratar devidamente o fenómeno de Fátima – inclusive como elemento-âncora de um produto turístico-cultural de projecção internacional – é desperdiçar mais uma oportunidade para a economia portuguesa.

domingo, 27 de novembro de 2011

O fado património mundial e a economia portuguesa


O fado é património mundial. É um grande desafio e uma grande oportunidade para vários responsáveis do Governo português, nomeadamente da Cultura, da Economia e do Turismo. Tal como no fado, também na economia e no turismo só quem tem unhas é que toca guitarra.
“A partir de agora, o fado não é apenas a canção de Portugal, a canção de Severa, Marceneiro, Amália, Carlos do Carmo, Camané, Ana Moura e Carminho – é um tesouro do mundo”, como escreve a jornalista Lucinda Canelas, na edição digital do Ípsilon, o suplemento cultural do diário “Público”. “Um tesouro que fala de Portugal, da sua cultura, da sua língua, dos seus poetas, mas que também tem muito de universal nos sentimentos que evoca: a dor, o ciúme, a solidão, o amor.”
A partir deste domingo, por decisão do comité intergovernamental da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), o Fado é Património Mundial da Humanidade. Este sucesso da cultura portuguesa à escala mundial, começou a ser trabalhado em 2005, culminando com a formalização da candidatura apresentada pelo Museu do Fado, em nome da Câmara Municipal de Lisboa, em 2010, dois anos apenas sobre a aprovação da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial. O fado foi então apresentado à UNESCO como “símbolo da identidade nacional” e “a mais popular das canções urbanas” portuguesas, tendo por embaixadores dois intérpretes que, por motivos bem diferentes, fazem parte da sua história de forma incontestada: Carlos do Carmo e Mariza.
O fado é uma das grandes marcas de Portugal com reputação internacional, que vai muito para além das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Conheço pessoas que nunca visitaram Portugal, que não têm origens portugueseas, nem sequer têm a cultura europeia, mas que ouvem Amália Rodrigues e outros fadistas com a veneração dos grandes fãs. Por isso, a eleição do fado como património mundial significa não só uma vitória da cultura portuguesa, mas de Portugal no seu todo, em particular do seu turismo e da sua economia.
Importa agora saber o que fazer com o fado como símbolo da portugalidade. Nesse sentido, a classificação da música da saudade como património mundial constitui um grande desafio e uma grande oportunidade para vários responsáveis do Governo português, nomeadamente da Cultura, da Economia e do Turismo.
Agora quero ver as unhas que Paulo Portas, o ministro da “diplomacia económica”, Álvaro Santos Pereira, o ministro da Economia, e Francisco José Viegas, o secretário de Estado da Cultura, têm para tocar, bem afinados, a guitarra que doravante tem de ser tocada para que o património mundial do fado faça sentido e tenha utilidade. Ou seja, é preciso saber o que é que o Governo vai fazer no sentido de articular um grande plano de marketing público de Portugal que ofereça ao mundo um produto turístico fundamentado na cultura fadista, que consiga gerar ganhos de imagem internacional para muitos outros valores turísticos e culturais de um dos países mais antigos do mundo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O turismo brasileiro e o problema português


Com base numa notícia publicada no Estado de S. Paulo, sobre o aumento recorde em gastos de brasileiros na Europa, que ressalta o seu poder de compra, Rui Calafate, editor do blogue It’s PR Stupid!, chama aqui a atenção dos responsáveis pelo Turismo de Portugal. Porque, como diz, e muito bem, Rui Calafate, para Portugal, o turismo é uma das indústrias mais vitais para a economia e para a criação de investimento e emprego.
No mesmo sentido, aliás, foram as declarações do empresário José Roquette, produtor de vinho e azeite no Alentejo. Em entrevista ao “Expresso”, neste fim-de-semana, Roquette sublinhou a importância estratégica do Brasil para a economia portuguesa e revelou que os turistas que frequentam o enoturismo alentejano são cada vez mais brasileiros.
As prioridades portuguesas voltam a estar centradas no fluxo entre Portugal e o Brasil e entre Brasil e Portugal. Portugal e Brasil têm muito para partilhar entre si. O problema português parece continuar a ser uma questão de organização e de eficácia. Não sei como é que vai funcionar a articulação entre o Ministério da Economia, que tutela o Turismo e deve ser responsável pela estratégia económica para o País e para o Mundo, e o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que está a transformar as embaixadas em centros de negócios de Portugal no exterior. Será que os ministros Álvaro Santos Pereira e Paulo Portas já discutiram estas matérias alguma vez?...
Por outro lado, há um grande caminho a percorrer na construção da imagem da oferta turística de Portugal no estrangeiro, nomeadamente no Brasil. É preciso acompanhar os novos tempos, que são os tempos da comunicação para todos e não tempos de eventos promocionais elitistas para os mesmos de sempre.
Refiro-me, por exemplo, às iniciativas de promoção turística ou de promoção de produtos portugueses, que continuam a ser feitas em salões de hotéis para meia dúzia de convidados. E refiro-me, por outro lado, à publicidade do Turismo de Portugal na imprensa internacional, nomeadamente na revista brasileira "Veja", cujo conteúdo é exactamente igual ao da publicidade publicada em meios de comunicação portugueses, o que representa um desperdício de recursos. Sei do que estou a falar porque já vi.
Assim, a imagem de Portugal dificilmente chegará ao grande público com eficácia. Mas há alternativas.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Como trabalhar a comunicação de uma cidade


Na comunicação de um território, seja um município, uma região ou um país, todos os meios contam e tudo é importante para o desígnio da criação de percepções positivas que se traduzam em ganhos de imagem desse território, tanto nos públicos internos como nos públicos externos.
Um “outdoor” tem a sua função; um anúncio publicitário tem outra função; uma presença activa e criativa na Internet e nas redes sociais tem outra função; a notoriedade mediática nos meios jornalísticos tradicionais (imprensa, rádio e televisão) tem ainda outra função. E todas estas funções, cada uma com a sua contribuição, são decisivas para o resultado final pretendido.
Ao nível municipal, por exemplo, a comunicação externa de uma cidade, para ser eficaz, criando um vínculo emocional entre a cidade e os seus públicos, deve ser feita com base num plano estratégico de marketing público, mas o sucesso e a eficácia desse trabalho planeado também dependem de outros actores que participam na construção da cidade, que são muito importantes no momento de traçar o diagnóstico.
Não é possível elaborar um bom plano estratégico de marketing público, nem comunicar devidamente, se a cidade não souber onde é que está e para onde quer ir (isto é, que marca quer ser). Além disso, as acções de comunicação têm que bater certo com as políticas públicas adoptadas para que as mensagens façam sentido no terreno. Por exemplo: se um município comunicar para o exterior que é um lugar bom para viver e para trabalhar, com emprego para todos, essa comunicação acaba por soar a falsidade e gerar percepções negativas se não houver postos de trabalho ou zonas industriais para acolher novos investimentos ou se as manchetes dos jornais anunciarem encerramentos de empresas e despedimentos em massa.
No fundo, a criação de percepções positivas sobre um território é um trabalho minucioso e dinâmico, que exige critério e atenção a tudo o que se passa em todo o território nas mais diversas áreas: cultura, desporto, economia, educação, saúde, etc.. Boas notícias sobre a vida cultural da cidade, sobre os investimentos empresariais, sobre a gastronomia, sobre a qualidade da educação ou dos serviços de saúde, sobre os pontos de interesse turístico a visitar ou sobre os êxitos desportivos de um atleta ou de um clube local são preciosos elementos que também contam para a percepção que temos de uma cidade.
Em conclusão, o trabalho de comunicação de um município não pode estar dissociado do ambiente que se vive na cidade e no seu território, assim como dos objectivos estratégicos da liderança política local e das expectativas de todos os actores urbanos. Porque o marketing público de uma cidade só é eficaz se contar com o envolvimento de todos. O que é possível ouvindo os actores urbanos desde logo durante a recolha de informação para a elaboração do plano de marketing. Só assim será possível medir o verdadeiro pulsar da cidade – os seus problemas, as suas potencialidades, os seus anseios e as suas expectativas.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

S. Bento. Um escândalo no centro do Porto


O que se passa na estação ferroviária de S. Bento, em pleno centro histórico do Porto, é escandaloso. Há vários anos que se fala de um projecto de reabilitação da estação. As obras começaram, mas foram avançando a passo de caracol. Não admira, pois tratava-se apenas de proteger um património constituído por 20 mil azulejos lindíssimos que revestem o “hall” principal da estação, que retratam a história do transporte e evocam batalhas históricas. Entretanto, por estes dias, a revista norte-americana “Travel+Leisure” incluiu o imponente edifício na lista das 14 mais belas estações ferroviárias do mundo, dando-lhe visibilidade internacional e potenciando o turismo português.
Sabemos agora, através do “Público”, que as obras estão oficialmente suspensas, fruto “da actual conjuntura”. O projecto contemplava um parque de estacionamento e um novo edifício destinado a comércio, serviços e habitação, mas a megalomania não passou na malha do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar). A coisa ficou pela limpeza das paredes e dos azulejos.
A empresa responsável pelas obras resulta do regabofe em que se tornou o Estado: a empresa pública Invesfer (que supostamente deveria tratar das infra-estruturas ferroviárias) criou a ESBento – uma empresa com a tarefa exclusiva de reabilitar a estação de S. Bento.
É assim: em Portugal é possível gastar milhões sem controlo para construir aeroportos em locais sem tráfego aéreo e sem acessibilidades, como acontece em Beja (cujo “site” continua à espera de uma versão em inglês…), e criar uma empresa só para fazer obras de reabilitação de uma estação conhecida mundialmente, obras essas que ficam pelo caminho, mesmo sendo necessárias. Tudo isto demonstra que Portugal não tem uma estratégia definida para o turismo, nem para o património ou para a economia.  
Enquanto a imagem de marca for a bagunça, não vale a pena criar outra marca para vender Portugal no exterior. O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, que por sinal também tutela os transportes, tem aqui uma prova de fogo.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Bonnie Tyler e Eriksson. Ideia para promover Portugal

 

Numa entrevista à revista “Tabu”, que integra o semanário “Sol”, a cantora britânica Bonnie Tyler confessa a sua paixão pelo sol português e pelas coisas simples do Algarve, que já dura há 36 anos. "Adoro o Algarve antigo", revela a artista. E adianta que quer passar a sua reforma no Sul de Portugal. Ela que, aos 60 anos, continua a dar concertos e a preparar-se para lançar mais um álbum.
Nascida no País de Gales, Bonnie Tyler é uma estrela do Norte da Europa, conhecida em todo o mundo. Outro europeu do Norte que gosta do sol de Portugal, onde já trabalhou e tem casa, é o treinador de futebol Sven-Göran Eriksson – o sueco que já foi campeão pelo Benfica.
Bonnie Tyler e Eriksson têm várias coisas em comum: são sexagenários, são muito conhecidos internacionalmente, conhecem Portugal há três décadas, têm casa em Portugal, gostam do País e do sol.
Deixo, por isso, uma ideia para ajudar o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira: a campanha de marketing para promover o anunciado programa para atrair turistas séniores dos países do Norte da Europa deveria contar com figuras como Bonnie Tyler e Sven-Göran Eriksson. Numa altura em que todos dizem mal de Portugal, a começar pelas agências de "rating" ou Barack Obama, o recurso a estas duas figuras internacionais seria um poderoso trunfo de marketing público do nosso País.
Melhor do que a opinião de qualquer português sobre aquilo que Portugal tem de bom, seria o testemunho de dois europeus do Norte conhecidos em todo o mundo, cujo estilo de vida que projectam encaixa perfeitamente no perfil dos turistas abastados do Norte da Europa que o Governo português quer captar através do anunciado programa “Reforma ao Sol”.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O marketing público da Póvoa de Varzim


No século XX, a praia da Póvoa de Varzim era a praia do povo e não precisava de comunicação. Nos meses de Verão, mas principalmente em Agosto, o povo vinha de todos os lados, oriundo de municípios vizinhos do Norte litoral como Vila Nova de Famalicão, Barcelos, Trofa, Santo Tirso, Guimarães ou Fafe. Toda a população do Vale do Ave que podia sair de casa para ir até à praia passava pela Póvoa de Varzim, mesmo aqueles que não tinham automóvel. Não havia auto-estradas, mas havia uma estrada nacional saturada e uma linha de caminho-de-ferro com comboios especiais que circulavam cheios no mês de Agosto.
Há duas décadas, a linha ferroviária entre Vila Nova de Famalicão e Póvoa de Varzim foi desactivada, estando em vias de ser transformada numa pista para bicicletas. Acompanhando as transformações do País, que deram lucros aos lóbis do betão e das gasolineiras, a via ferroviária foi substituída pela auto-estrada. Ora, as auto-estradas vieram facilitar a mobilidade. As pessoas que antigamente, por comboio, só chegavam à Póvoa de Varzim, podem agora chegar rapidamente não só à Póvoa de Varzim, mas também a Vila do Conde, a Esposende, a Viana do Castelo ou até a Vila Nova de Gaia, a sul do Porto, ou a Caminha, no Alto Minho. Neste caso, a mobilidade da população desafiou a capacidade de sedução das cidades balneares. É neste quadro de competitividade entre cidades que aparece um anúncio de imprensa da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, publicitando a sua praia, como a imagem documenta. Um anúncio que vi publicado recentemente no “Jornal de Notícias”.
Não sei se esta comunicação faz parte de um plano mais vasto e sustentado. Sei que, para além do anúncio de imprensa, o gabinete de comunicação do município da Póvoa de Varzim tem feito publicidade da sua praia nas rádios locais de municípios vizinhos. Algo que há uns anos seria impensável. A ideia é chamar atenção das pessoas para as qualidades dos 12 quilómetros de praia para toda a família do município da Póvoa de Varzim, cidade que Ramalho Ortigão, no século XIX, descrevia como estando “coalhada de moscas e de gente” no Verão. Hoje, para haver gente é preciso investir no marketing territorial porque a concorrência é muito maior, sendo cada vez mais aqueles que fazem o mesmo e em melhores condições. Marketing Territorial ou Marketing Público, que são áreas ainda pouco desenvolvidas em Portugal, que deveriam merecer um investimento cada vez maior por parte dos municípios. Porque o desenvolvimento económico e social também passa por aí. Está de parabéns, portanto, o departamento de comunicação da autarquia da Póvoa de Varzim, onde a matriz popular da marginal da cidade é o retrato da democratização da cultura de praia.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O director de marketing público


O município brasileiro de Nova Petrópolis, no Estado do Rio Grande do Sul, que se apresenta como sendo o "jardim da serra gaúcha", acaba de ser considerado um dos melhores destinos turísticos do País. Mas a razão deste apontamento é outra: o prémio foi recebido pelo prefeito, Luiz Irineu Schenkel, e pelo director de Marketing Público, Marco Dieder, na última sexta-feira, dia 29, em São Paulo. "A partir do momento que há foco e há trabalho colectivo os resultados aparecem”, referiu Marco Dieder. A pergunta é: quantos municípios portugueses têm um director de marketing público, que seja especialista em marketing público, a trabalhar com base num bom plano estratégico?