Com base numa notícia publicada no Estado de S. Paulo, sobre o aumento recorde em gastos de brasileiros na Europa, que ressalta o seu poder de compra, Rui Calafate, editor do blogue It’s PR Stupid!, chama aqui a atenção dos responsáveis pelo Turismo de Portugal. Porque, como diz, e muito bem, Rui Calafate, para Portugal, o turismo é uma das indústrias mais vitais para a economia e para a criação de investimento e emprego.
No mesmo sentido, aliás, foram as declarações do empresário José Roquette, produtor de vinho e azeite no Alentejo. Em entrevista ao “Expresso”, neste fim-de-semana, Roquette sublinhou a importância estratégica do Brasil para a economia portuguesa e revelou que os turistas que frequentam o enoturismo alentejano são cada vez mais brasileiros.
As prioridades portuguesas voltam a estar centradas no fluxo entre Portugal e o Brasil e entre Brasil e Portugal. Portugal e Brasil têm muito para partilhar entre si. O problema português parece continuar a ser uma questão de organização e de eficácia. Não sei como é que vai funcionar a articulação entre o Ministério da Economia, que tutela o Turismo e deve ser responsável pela estratégia económica para o País e para o Mundo, e o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que está a transformar as embaixadas em centros de negócios de Portugal no exterior. Será que os ministros Álvaro Santos Pereira e Paulo Portas já discutiram estas matérias alguma vez?...
Por outro lado, há um grande caminho a percorrer na construção da imagem da oferta turística de Portugal no estrangeiro, nomeadamente no Brasil. É preciso acompanhar os novos tempos, que são os tempos da comunicação para todos e não tempos de eventos promocionais elitistas para os mesmos de sempre.
Refiro-me, por exemplo, às iniciativas de promoção turística ou de promoção de produtos portugueses, que continuam a ser feitas em salões de hotéis para meia dúzia de convidados. E refiro-me, por outro lado, à publicidade do Turismo de Portugal na imprensa internacional, nomeadamente na revista brasileira "Veja", cujo conteúdo é exactamente igual ao da publicidade publicada em meios de comunicação portugueses, o que representa um desperdício de recursos. Sei do que estou a falar porque já vi.
Assim, a imagem de Portugal dificilmente chegará ao grande público com eficácia. Mas há alternativas.
Um comentário:
O turista brasileiro, mesmo o mais endinheirado, não costuma ser um turista que procura mais do que cenários para fotografias que publicará no Facebook. Na sua vinda à Europa, a maioria dos brasileiros nem quer saber de Portugal para ir directamente aos cenários de grande consumo: Torre Eiffel, Sagrada Família, Coliseu, Partenon, Tower Bridge,...
São profundamente incultos, pelo que a história e o património nãos os atrai. Sol e praia têm eles de sobra no Brasil. Golfe é coisa que desconhecem. Para Gastronomia procuram fazer fotos nos famosos restaurantes de Paris, Barcelona, Londres, etc.
Vir a Portugal não é considerado prestigiante para o brasileiro e não serve para se distinguir em relação ao seus amigos. Portugal tem uma imagem no Brasil de um país mais subdesenvolvido do que o próprio Brasil e consideram os portugueses como povo estúpido, racista e sisudo.
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