“Primeiro, aprender a escrever. Convém. Com tudo o que isso implica. Segundo, saber algum assunto muito bem, uma disciplina muito bem, ou economia, ou história ou outra coisa qualquer. Ter uma formação básica boa. E depois, em princípio, nunca falhar, porque uma coluna é um hábito. As pessoas lêem o jornal, estão habituadas, é mais uma questão de hábito. “Deixa-me ver o que é que este diz hoje?” Se as pessoas falham ou são irregulares ou salta-pocinham muito… Por exemplo, eu começo sempre a ler a ‘Spectator’ pelo Taki [Theodoracopulos, comentador político]. Ele nunca falha. Só falhou há 30 anos quando foi preso, mas depois continuou a escrever.”
“E dizer o que se pensa. Se não disser o que se pensa, não é interessante. As pessoas vão à procura de uma diferença. Nâo se trata de fazer uma diferença. Há uns tontaços a fazer isso pelos jornais. Ninguém os leva a sério. O grande problema de se tentar ser original – não estou a falar dos que são mesmo – é inventar coisas para ser diferente e depois ter um mínimo de coerência. As coisas têm de ligar umas com as outras. Não têm que inventar discordâncias para se fazerem originais. Mas também não devem fazer o contrário.”
“Não vejo por que é que um colunista deva ser capado politicamente. O que acho é que não se pode ser as duas coisas ao mesmo tempo. Sempre que estive dentro de alguma coisa, parei [de escrever] – tanto durante o Sá Carneiro, como durante o MASP [Movimento de Apoio Soares à Presidência]. Não escrevi. Nem isso era possível com nenhum dos dois.”
Vasco Pulido Valente, historiador e cronista político, “Público”, 21-11-2011
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