quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Respostas a 20 perguntas sobre redes sociais nas empresas


Qual é o maior erro que as empresas cometem ao começar nas redes sociais? Como devemos agir nos casos de desvio dos funcionários no uso das mídias sociais? Como vamos controlar o que dizem sobre a empresa nas mídias sociais? As redes sociais podem mudar a cultura de uma empresa? Quais são os benefícios práticos que as redes sociais podem trazer para as empresas?...
Estas são algumas das 20 perguntas a que o brasileiro Mauro Segura, autor do blog “A Quinta Onda”, responde, na sequência de três anos de estudo e pesquisa sobre comunicação digital nas empresas. Mauro Segura é um profissional de comunicação e marketing com mais de 20 anos de experiência. Faz o blog, sobre comunicação e comportamento na era digital, e afirma gostar de compartilhar as suas ideias e opiniões sobre as transformações que as mídias sociais estão causando na sociedade e no ambiente de trabalho. Por isso, partilho as respostas para 20 perguntas sobre mídias sociais nas empresas (ver aqui).

terça-feira, 30 de outubro de 2012

A imprensa portuguesa e o capital angolano



Com os despedimentos no “Público” e consequente esvaziamento da sua redação – agora praticamente reduzida a Lisboa e mais focada na área digital –, com a venda do “Jornal de Notícias” e do “Diário de Notícias” a capitais angolanos e com o encerramento de revistas e outras publicações, em consequência da grave crise económica, a imprensa portuguesa, em particular no setor dos jornais diários, está a registar um enorme retrocesso, podendo estar comprometida a garantia de pluralidade política, social, económica e cultural no espaço público mediático.
Com a concentração da propriedade da imprensa em mãos desconhecidas de outro País, com a forte redução da informação local e regional na agência Lusa – cujos trabalhadores estão em litígio com a administração –, e com a fragilidade da generalidade das empresas que gerem os meios de comunicação, é a saúde da democracia portuguesa que está em causa. 
Antes de mais, para entender a dimensão e a gravidade do problema, é preciso conhecer a distinção entre o “público” e o “privado” – ou seja, o que é de natureza pública e o que é de natureza privada – e a evolução do significado dos conceitos ao longo dos tempos. O que, de resto, se trata de uma distinção polémica, como sublinhei num texto de investigação que já escrevi neste blogue (ver aqui).
Para um debate sério sobre a matéria, é conveniente saber em que contexto é que nasceram os jornais, criando um espaço público como lugar de mediação entre a sociedade civil e o Estado.
O que estamos a assistir em Portugal é deveras perturbador. Sobretudo quando o Governo, sob o argumento da eliminação da despesa pública – que é poderoso junto da população incauta ou menos informada –, também dá sinais de que quer acabar com a RTP Porto, ou seja, com o que resta da influência que o Norte pode ter junto do centralismo político, económico e social de Lisboa (ver aqui).
Num passado não muito distante, o "Jornal de Notícias" era do Norte, o "Diário de Notícias" era de Lisboa e a TSF era a rádio de notícias 24 horas por dia... Isso já passou à história. Em breve, esses meios de comunicação serão financiados e geridos por capital angolano. Com esta mudança de propriedade de alguns dos mais influentes meios de comunicação, Portugal prossegue a venda ao estrangeiro de posições estratégicas, que põem em causa a sua identidade milenar e a sua posição geoestratégica. Porque os meios de comunicação são um instrumento de poder.
É evidente que o dinheiro não tem pátria, nem tem cor. Como também parece evidente que os angolanos não terão comprado esses meios de comunicação para depois fecharem as suas portas. Mas no caso da propriedade dos meios de comunicação social, penso que a origem do capital é uma questão muito importante. Porque os meios de comunicação de massa têm a capacidade de influenciar e manipular a sociedade. Ora, os meios de comunicação social de um País não podem ter donos que não sabemos quem são, nem podem estar ao serviço de interesses privados de países remotos. Os meios de comunicação social produzem jornalismo e têm obrigações de serviço público. Serviço público não é tornar público um interesse privado. É servir todo o público de um determinado território. Não é por acaso que, em muitos países, há limites à participação de capital estrangeiro nos meios de comunicação social. É o que acontece no Brasil.
Temos em Portugal o caso do jornal “Sol”, que esteve para fechar, por dificuldades financeiras, e acabou por rejuvenescer sob o controlo dos angolanos da Newshold. Se analisarmos o caderno de economia do “Sol”, assim como os destaques que são dados às diversas notícias ou entrevistas, verificamos uma notória orientação editorial em defesa dos interesses angolanos, nomeadamente através de uma narrativa sedutora para eventuais investidores portugueses naquela ex-colónia portuguesa. Se este posicionamento editorial for adoptado pelos dois diários agora vendidos pela Controlinveste, qualquer dia não haverá no mercado português jornais que não defendam os interesses políticos e económicos de Angola. E esse domínio ameaça estender-se à televisão (ver aqui).
O empresário Joaquim Oliveira vendeu os seus jornais e a sua rádio a angolanos com toda a legitimidade. Livrou-se de um mau negócio. Porque os jornais em causa, na verdade, embora sendo privados, nunca deixaram, verdadeiramente, de depender do poder governamental de Lisboa, direta ou indiretamente. Sem um plano de negócios devidamente estruturado, no âmbito de uma estratégia editorial e comercial definida a longo prazo, tanto o “Diário de Notícias” como o “Jornal de Notícias” são hoje dois projetos fragilizados. Por isso, caem agora nas mãos angolanas. Mas poderiam ser chinesas, russas ou sul-coreanas. Tivessem as mãos estrangeiras a necessidade económica de entrar em Portugal para dizerem que são europeias.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A eficácia do marketing boca-a-boca



Em entrevista exclusiva ao portal Administradores, o norte-americano Andy Sernovitz, um dos maiores especialistas mundiais em marketing boca-a-boca (“buzz marketing”, em inglês), explica como utilizar essa estratégia para alavancar uma marca. Mas isso não está ao alcance de todos: “O marketing do boca-a-boca funciona para qualquer empresa que venda qualquer produto. Mas, apenas se essas companhias forem fantásticas e o produto valha a pena ser comentado. Se o seu produto ou serviço for ruim, pessoas ainda falarão sobre ele, mas não dirão coisas positivas. Essa é a beleza do boca-a-boca: os bons profissionais e produtos vencem e os ruins perdem”, afirma Andy Sernovitz. E qual deve ser a reação quando o boca-a-boca começa a ficar às avessas e as pessoas começam a falar mal sobre determinada utilidade de um serviço ou produto? Andy Sernovitz responde (ver aqui).
Entretanto, há dias, por ocasião do lançamento, no Brasil, do livro “Marketing Boca a Boca - Como as Empresas Inteligentes Levam as Pessoas a Falar Delas”, Andy Sernovitz, entrevistado pela revista Época, afiança que “somente 20% do boca-a-boca acontece online” (ver aqui).

domingo, 21 de outubro de 2012

As notícias da morte de Fidel Castro


Fico perplexo com a histeria de alguns jornalistas ou meios de comunicação quando está em causa o estado de saúde do antigo líder do Governo de Cuba Fidel Castro. São conhecidas as limitações impostas pelas autoridades cubanas no acesso à informação oficial. Mas não consigo entender como é possível que sejam noticiadas mentiras sobre o velho ditador comunista. Onde ficam os princípios e as regras do jornalismo?...
Nos últimos tempos, já mataram o homem não sei quantas vezes, sem que ele tenha morrido. Já lhe deram meses de vida, com base em alegadas revelações de médicos que estariam bem informados sobre a sua saúde, mas a verdade é que já passaram alguns anos e o político cubano, de 86 anos, continua vivo. Nos últimos dias, foi noticiado que Fidel teve morte cerebral, na sequência de um AVC (ver aqui). Afinal, parece que não está morto, encontrando-se, inclusive, consciente e aparecendo em público (ver aqui). A quem interessam as notícias falsas sobre Fidel Castro?...

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Como é que a "Avenida Brasil" injeta dinheiro na TV Globo



FONTE: Marcela Ayres, “Exame”, 19-10-2012 (ver aqui)

Os jornais digitais e a greve da Lusa



Sem o serviço de notícias da agência Lusa, cujos jornalistas estão em greve (ver aqui), as edições digitais dos vários jornais portugueses estão diferentes. Não basta consultar um jornal para ficarmos a saber o que trazem todos. É preciso consultar todos os jornais para ficarmos informados sobre tudo o que foi noticiado.
É paradoxal, mas, sem a Lusa, os jornais "online" estão melhores. É certo que, por estes dias, as páginas dos vários jornais “online” têm menos notícias do País e do mundo lusófono, mas todos eles têm assuntos diferentes e devidamente assinados pelos seus jornalistas. Cada jornal ganha, portanto, a sua identidade. Presumo que o mesmo aconteça nas edições impressas, às quais não tenho acesso no Brasil. Vejamos alguns: o "Público", o "Jornal de Notícias", o "Diário de Notícias" e o "i".
Isto não significa que a greve da Lusa seja positiva para os jornais, ou que a Lusa não seja necessária. Pelo contrário. A greve, independentemente da sua justeza, é negativa para os jornais e a Lusa é muito necessária para o bom serviço dos meios de comunicação portugueses, tanto em Portugal como em vários países do mundo. As notícias da agência é que não deveriam ser utilizadas sem a mínima intervenção do jornalista-editor de cada edição digital, ao ponto de as notícias dos jornais “online” serem todas iguais.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O génio de Duda Mendonça



Os programas de televisão do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à Prefeitura de Fortaleza, dirigidos por Duda Mendonça, antigo marqueteiro do ex-Presidente brasileiro Lula da Silva, são, simplesmente, geniais. Cada vídeo do candidato do partido de Dilma Roussef e Lula da Silva é uma aula de marketing político, que vemos com interesse e atenção – objetivos máximos de qualquer campanha eleitoral (ver aqui o canal). O segredo destes vídeos parece simples: todos eles contam uma história e não procuram impingir promessas eleitorais. As promessas e os compromissos vão passando, muitas vezes de forma subliminar. E também de forma direta, mas sem exagero. O sonho vai passando. E o eleitor fica agarrado à tela. Cada programa é uma peça sedutora, onde ouvimos o povo, onde ouvimos a família e os amigos do candidato a contar histórias que incorporam um lastro de verdade numa narrativa prometedora, reforçada por um jogo de imagens muito dinâmico e tecnicamente muito apurado. Com todo este “embrulho”, o eleitor menos atento ou menos formado até pode pensar que está a assistir ao relato da realidade quotidiana de um serviço telejornalístico.
A verdade é que Duda Mendonça conseguiu transformar Elmano de Freitas, uma figura desconhecida de Fortaleza, que em Julho tinha apenas 3% nas sondagens, num potencial prefeito da quinta maior cidade brasileira. E, em grande parte, à custa do bom aproveitamento da televisão. Aliás, no Brasil, e de acordo com a representatividade eleitoral dos partidos na Câmara dos Deputados de Brasília, os candidatos têm direito a tempos de antena diários ao longo de várias semanas e “spots” de publicidade muito curtos durante o dia, nos intervalos dos programas de entretenimento das televisões de sinal aberto. Curioso é também o recurso à popularidade e ao capital político do ex-Presidente Lula da Silva. Aliás, Lula apareceu em anúncios e tempos de antena de TV a falar das virtudes de muitos dos candidatos petistas. Ao contrário de Dilma, mais resguardada. E, em apenas três meses, o PT fabricou candidatos que chegam ao segundo turno  cuja campanha decorre  potencialmente vencedores.
A mesma linha de excelente qualidade no marketing político televisivo brasileiro também pode ser vista nos programas de Fernando Haddad, também do PT, candidato à Prefeitura de S. Paulo (ver aqui o seu canal) – neste caso sob a batuta de João Santana, antigo parceiro de Duda Mendonça até rebentar o escândalo do Mensalão, no qual o ex-marqueteiro de Lula da Silva foi acusado de evasão de divisas, tendo sido absolvido (ver informação aqui). Ainda quanto a Duda Mendonça, que em Portugal, fez a última campanha da rede de supermercados "Pingo Doce", vale a pena ler o seu livro “Casos & Coisas” para ficar a conhecê-lo melhor e aprender coisas interessantes sobre os meandros das campanhas políticas.   

terça-feira, 16 de outubro de 2012

“New York Times” lança edição digital para o Brasil


O jornal norte-americano “New York Times” decidiu criar uma edição digital em língua portuguesa direcionada para o público brasileiro, a lançar em 2013. O histórico jornal americano demonstra, assim, que não está fechado sobre si próprio e que sabe dar a devida atenção às movimentações dos mercados e às mudanças geopolíticas e económicas que atravessam o mundo neste início do século XXI. A decisão editorial do jornal norte-americano é um sinal da crescente importância do Brasil como pólo cultural do presente e do futuro e como espaço económico a crescer com aparente solidez (ver aqui).
O número e a qualidade dos meios de comunicação são excelentes indicadores económicos de uma cidade, de uma região ou de um País. A abertura de jornais e revistas, generalistas ou especializados, que costuma ocorrer em momentos de expansão, sinaliza saúde económica e financeira de um mercado. Já o encerramento de publicações, na maioria dos casos demonstra exatamente o contrário, como acontece neste momento em Portugal, com o despedimentos de jornalistas e o encerramento de várias publicações (ver aqui).

domingo, 14 de outubro de 2012

António Oliveira dá lições de comunicação ao Sporting


António Oliveira foi um dos melhores futebolistas da história do Sporting Clube de Portugal. Se jogasse hoje representaria, certamente, os melhores clubes do mundo. Depois de ter sido campeão no FC Porto de José Maria Pedroto e de se incompatibilizar com o presidente portista Américo de Sá – o último antes de Pinto da Costa subir ao poder –, Oliveira chegou a Alvalade já com 29 anos, pela mão do presidente João Rocha, e foi campeão nacional e vencedor da Taça de Portugal, com Malcolm Allison como treinador, em 1981-1982. No ano seguinte, Allison foi despedido antes do campeonato começar – por causa de excessos num estágio que decorreu na Bulgária, durante três longas semanas – e Oliveira foi chamado às funções de treinador-jogador, tendo chegado aos quartos-de-final da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Foi o primeiro e único treinador-jogador da história do clube. É o autor da frase "Por cada Leão que cair outro se levantará", que ficou imortalizada nas paredes do Estádio de Alvalade, tendo sido proferida antes de um jogo com o Benfica, no qual não participou por estar lesionado, tendo o Sporting vencido por 3-1. Hoje, aos 60 anos, Oliveira continua a dar lições ao Sporting. Desta vez, são lições de comunicação, como demonstram as declarações prestadas numa entrevista ao jornal “A Bola”. Eis as frases:  

“Diga-me quantas vezes nos últimos tempos, a não ser agora, autorizado pelo presidente ou em substituição dele, um dirigente do FC Porto falou ou deu entrevistas?”

“Diga-me quantas vezes no Sporting, por exemplo, algum dirigente que não o presidente fala ou dá entrevistas?”

“Diga-me quantas vezes o FC Porto deixa passar uma notícia antes de haver a certeza daquilo que foi a decisão dos seus dirigentes?”

“Diga-me quantas vezes o Sporting deixa passar uma notícia antes de haver a certeza daquilo que foi a decisão dos seus dirigentes?”

“Li que o presidente do Sporting estava com dúvidas em impor o nome do seu treinador. Mas então quem é o responsável máximo pelo clube? É Godinho Lopes ou é o conjunto de pessoas que pode pôr em causa o nome do treinador que o presidente quer? Há aqui uma falta de liderança enorme.”

“Por que é que, por exemplo, os treinadores nunca têm sucesso no Sporting, depois saem e têm sucesso? Então e a culpa é só dos treinadores? Ninguém mais tem culpa? Escolhe-se um treinador, diz-se que é o melhor do mundo no presente e, no futuro, tem um mau resultado e é despedido? E a cena repete-se ano após anos. No modelo do FC Porto o presidente é a equipa, o dirigente é a equipa e a equipa é o dirigente e o presidente. Noutros clubes dá-me a sensação que há uma equipa de futebol e que depois os dirigentes são outra equipa. E que, às vezes, se calhar sem querer, são quase adversários.”

António Oliveira, antigo futebolista e treinador-jogador do Sporting Clube de Portugal (1981-1984), antigo jogador e treinador do FC Porto e antigo selecionador de Portugal, “A Bola”, 14-10-2012. Frases destacadas por Rui Calafate, no blog It’s PR Stupid

sábado, 13 de outubro de 2012

Os despedimentos no “Público” e o futuro dos jornais impressos


Um jornal diário de informação geral que não investe na informação local é um jornal sem grande relação afetiva com a sua comunidade de leitores. Não tendo relação com a sua comunidade de leitores, o jornal torna-se descartável e acaba por morrer, porque a informação que esse jornal fornece, sendo a grande informação da agenda mediática nacional e internacional, pode ser encontrada em qualquer outro meio de comunicação, desde logo, a partir da tela do computador ou do telefone celular. Além disso, na era da comunicação digital, os leitores com talento e formação ainda podem buscar informação diretamente nas fontes, que não tem o filtro subjetivo do jornalista.
Ao despedir 48 trabalhadores, a maioria deles jornalistas, ao desinvestir na informação local e ao anunciar uma aposta no espaço digital, o jornal “Público” – uma referência incontornável do jornalismo português dos últimos 20 anos, onde tive o enorme prazer de trabalhar –, torna-se ainda menos jornal. E termina um processo de mudança que faz do “Público” de hoje um jornal totalmente distinto do “Público” da última década do século XX – cujo modelo, na altura, impulsionou mudanças editoriais em toda a imprensa portuguesa. Eis o resultado de sucessivos erros de gestão e marketing da Sonaecom, empresa proprietária do título.
Os despedimentos agora anunciados resultam de cortes sem nexo, que não tiveram em conta a sobrevivência do próprio jornal. Um dos jornalistas despedidos, por exemplo, para além de excelente profissional desde a fundação do “Público”, é também um excelente escritor português. Ou seja, um jornalista que agrega valor à marca “Público” seja pelo seu trabalho profissional, seja pela sua obra de escritor. Mas foi dispensado.
O “Público” acompanhou as mudanças que se verificaram na comunicação e no jornalismo de uma forma totalmente errada. Os últimos anos têm sido de cortes sucessivos na despesa, mas na despesa que lhe poderia dar receitas, caso o jornal tivesse uma estratégia comercial adequada ao mercado português. Os cortes começaram pela eliminação de colaboradores e correspondentes, até que a redação ficou reduzida ao “bunker” de Lisboa, que só pensa em Lisboa – embora não dando grande importância às questões do quotidiano que afetam as pessoas que vivem e trabalham na capital –, e menospreza o País que, verdadeiramente, não quer conhecer, nem sequer explicar aos portugueses. É natural, por isso, que os leitores sejam cada vez menos, que o investimento publicitário seja cada vez mais baixo e que o futuro se reduza a uma edição digital igual a muitas outras.
Curiosamente, é no quadro de um sistema mediático global em que vivemos, no qual a informação chega até nós instantaneamente, vinda de todo o mundo, que mais precisamos de jornais e de jornalistas que nos expliquem o que está a acontecer, não só à escala internacional, mas, sobretudo, à escala local e regional. Precisamos, cada vez mais, de informação sobre o que se passa perto de nós. Ao mesmo tempo, é preciso pensar nos leitores e envolvê-los no processo de construção do jornal diário. Envolvê-los nessa construção não é deixá-los escrever insultos ou frases sem sentido na caixa de comentários das notícias da edição digital. É, por exemplo, aproveitar as suas sugestões de agenda e indicar no próprio jornal o nome do leitor que indicou o assunto tratado.
É certo que os tempos não estão fáceis para a gestão dos jornais, mais a mais numa situação de crise económica grave como a que se vive em Portugal. Por outro lado, a informação gratuita que circula na Internet é suficiente para as necessidades básicas da maioria dos leitores. Mas a vida não está fácil para nenhum dos agentes que estão no mercado. Até os vendedores de sapatos ou frigoríficos têm de ser cada vez mais imaginativos no seu negócio. Porque há cada vez mais concorrentes e os compradores são cada vez mais informados, cada vez mais exigentes e, por isso mesmo, cada vez menos fiéis às marcas.
A verdade é que um jornal continua a desempenhar o seu papel de agente orientador do espaço público mediático, pois vivemos numa selva informativa, em que muita informação não significa mais e melhor informação.
Neste contexto, a tendência será sentirmos a necessidade de jornais e jornalistas que proporcionem uma informação de proximidade que nos ajude a viver mais bem informados, percebendo o mundo que está mais próximo de nós.
Num tempo em que as novidades do momento são replicadas como vírus por um sistema mediático instantâneo e avassalador – e muitas vezes com erros grosseiros justamente por causa da instantaneidade –, não vejo outro caminho para os jornais se distinguirem uns dos outros que não seja através de um bom jornalismo local e regional. Só assim poderão fazer um trabalho distinto, que seja capaz de criar no leitor a necessidade de ler o seu jornal do dia.
O “Público” ignorou este caminho, que é um caminho com futuro. Por isso está a falhar como empresa jornalística.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Tudo sobre o Facebook


A sigla TSF pode significar “telefonia sem fios”, que em Portugal é sinónimo de uma rádio de informação e música (ver e ouvir aqui). Mas, no Brasil, a sigla TSF também pode significar “Tudo Sobre o Facebook” (ver aqui). Mesmo tudo. É um sítio excelente para tirar dúvidas sobre como gerir a sua presença na maior rede social do mundo, melhorando o seu desempenho e aproveitando todas as potencialidades disponíveis na rede. É muito útil. E o saber não ocupa lugar.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A verdade tem de ser comunicada


Um conselho de comunicação para marcas, organizações públicas e privadas e até para políticos em início de carreira: estar na posse da verdade não é suficiente para construir as bases sólidas de uma reputação de credibilidade, seriedade e competência. A verdade tem de ser comunicada. Porque na sociedade mediática em que vivemos o que não é comunicado não existe.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O “bombardeamento fiscal”, segundo Paulo Portas


Pouco depois de o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, ter anunciado um “aumento enorme” da carga fiscal em Portugal, na tarde desta quarta-feira, dia 3, começaram a circular nas redes sociais notícias (como esta) e vídeos (como este), onde Paulo Portas, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros e líder do CDS, parceiro governamental do PSD, aparece a criticar o “bombardeamento fiscal” do Governo.
Muitos dos recuperadores desses links estavam, evidentemente, a ironizar. Outros não. A questão é que as referidas declarações de Paulo Portas faziam tanto sentido que foram entendidas por muita gente como declarações verdadeiras. Uma vez linkados esses conteúdos, muitos internautas nem repararam que estavam perante declarações antigas de Paulo Portas – no caso de Outubro de 2010, quando o Governo era liderado pelo socialista José Sócrates –, pelo que teceram comentários tendo por base uma hipotética divisão insanável no atual Governo de coligação.
Sabemos que Paulo Portas sempre disse que não admitiria mais aumento de impostos, muito menos um “aumento enorme”, como classificou o ministro Vítor Gaspar. Porém, também é verdade que Portas ainda não disse verdadeiramente o que pensava, ao contrário do que aconteceu em 2010, quando se tratava de atacar a proposta de orçamental do Governo PS para 2011, na qual, saliente-se, nem de perto nem de longe esteve em causa um aumento de impostos tão brutal. Mas, na altura, Portas falou em “bombardeamento”.
Recuperações de notícias ou vídeos antigos são uma das possibilidades que os cidadãos têm agora à disposição na Internet. E uma arma política poderosa. Porque os conteúdos são lançados na rede e ficam por lá. É por isso que os políticos são apanhados com muita facilidade a dizer uma coisa e o seu contrário no mais curto espaço de tempo. Pedro Passos Coelho, por exemplo, é o último campeão da mentira na política portuguesa (ver aqui para confirmar).
As declarações de Paulo Portas que agora foram recuperadas por muitos internautas portugueses são apenas mais um exemplo da facilidade com que podemos ser enganados na rede. Ou de como pode surgir um problema de comunicação entre um político e os cidadãos eleitores. O que significa que precisamos de estar muito atentos ao que estamos a ler, verificando a data ou procurando no Google notícias sobre o mesmo assunto em outros meios de comunicação que confirmem a veracidade daquilo que estamos a ler.
Finalmente, um recado para o departamento de comunicação do CDS: não terem retirado do servidor do partido os vídeos anteriores à tomada de posse do atual Governo é um erro de principiantes. É por isso que a comunicação digital não pode ser entregue a toda a gente – pois implica pensar em muitos detalhes. Hoje, poderíamos ver Paulo Portas falar em “bombardeamento fiscal do Governo” em todo o lado, menos na página oficial do CDS na Internet.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

As 10 rapidinhas sobre Networking


Apaixonado por vendas, Wilques Erlacher é autor do blogue Venda Melhor (ver aqui). Luso-Brasileiro, nascido em Vitória, capital do Estado de Espírito Santo, e a viver em Lisboa desde 1987, Wilques Erlacher trabalha atualmente como Customer Service Support Director na Saphety (empresa do grupo Sonaecom). Também é presidente da Associação Portuguesa dos Profissionais de Vendas e formador do módulo de Vendas para Arquitetos e Designers na Academia Edinteriores. Aliás, Erlacher é formado em Arquitetura e possui duas formações avançadas em Gestão na Universidade Católica Portuguesa. Do seu blogue “Venda Melhor” partilho com os meus leitores o texto intitulado “10 rapidinhas sobre Networking”, um tema que tenho destacado neste espaço, dado tratar-se uma área central na vida dos comunicadores contemporâneos (ver aqui). Afinal, fazer Networking é comunicar.