O “Jornal de Notícias” aproveitou a morte de mais três operários, desta vez nas obras de construção da barragem do Tua, para fazer um balanço sobre a evolução dos acidentes mortais de trabalho mortais, em Portugal, entre 2001 e 2011. Um bom princípio jornalístico. Porque, em casos como este, só vendo a floresta é que conseguimos perceber a árvore que está à frente dos nossos olhos. Ou seja, é através do conjunto de notícias sobre determinada matéria que conseguimos compreender e enquadrar devidamente a realidade – as suas causas e os seus efeitos na sociedade. E a realidade portuguesa ao nível dos acidentes mortais no trabalho é dramática: apesar das novas técnicas de produção, o trabalho continua a matar em grande escala.
Em 10 anos, morreram a trabalhar, oficialmente, 1633 operários. É fácil de compreender a gravidade da situação: estamos a falar de uma morte a cada dois dias de trabalho. Só em 2011 morreram no trabalho 186 pessoas o que eleva a média para mais de uma morte a cada dois dias de trabalho. Ou seja, áo nível das condições de segurança no trabalho, as coisas estão cada vez pior, apesar das construtoras anunciarem com pompa e circunstância as novas técnicas de construção, presumivelmente também mais seguras.
Para as empresas, os acidentes de trabalho mortais são sempre um desafio para a capacidade da sua comunicação de crise. E um acidente pode existir. Por isso mesmo é um acidente. O problema é que, em Portugal, o trabalho é factor de insegurança, onde os acidentes mortais deixaram de ser acidentes para se tornarem num hábito. É por isso que os números agora revelados pelo “JN” retratam uma tragédia nacional que deve envergonhar todos os portugueses.
Um comentário:
Ainda é muito dificel trabalhar nas obras com a mentalidade dos Portugueses...Eu digo isso com experiência própria porque já chefiei um equipe e os Portugueses são homens teimosos e acham-se duros, apesar de dar uma produtividade superior a qualquer equipa doutro país....Muitas vezes em alturas não usam as proteções de segurança e elas ficam nas plataformas no chão....trabalham com máquinas eletricas mesmo quando chove, apesar de ser perigoso, enfim poderia aqui deixar outros exemplos...No norte da europa o povo não trabalha se não houver o minimo de condições, e por isso a Dinamarca era em 2008 a nº1 no ranking com menos acidentes de trabalho na Europa...Eu não culpo as empresas, porque as empresas Portuguesas tem condições, têm mecanismos, dão formação, etc,etc,etc, quantas vezes os meus homens foram ameaçados pelos técnicos se segurança de ser expolsos da obra por não usar cinto de segurança ou capaçete ou colete refletor....enfim, a mentalidade do povo Português é que facilitam estas fatilidades...
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