Eduardo Catroga, um aposentado de luxo que este ano completa 70 anos de idade, vai receber um salário de 45 mil euros mensais, ou 639 mil euros por ano, como presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP. Catroga – antigo ministro das Finanças e ex-coordenador do programa eleitoral do PSD, tendo representado o partido nas negociações com o FMI, onde ficou decidida a privatização da EDP – acumulará este salário com uma pensão de 9600 euros. Só na EDP, Catroga vai encaixar mensalmente cerca de quatro vezes mais do que o Presidente da República. E ainda vai buscar ao Estado uma pensão de 9.600 euros – montante que seria suficiente para pagar um ano inteiro de dois subsídios de desemprego num valor equivalente ao ordenado mínimo. O escândalo já chegou ao estrangeiro, nomeadamente ao Brasil, como se constata aqui.
Catroga, que na última campanha eleitoral desapareceu de cena depois de uma história de “pentelhos”, prejudicando, então, a imagem de Pedro Passos Coelho, volta agora à ribalta igualmente pelas piores razões. O que ele ganha no final do mês pode ser legal, mas é imoral e obsceno, mais a mais num País esmagado por enormes sacrifícios. E, contudo, bastaria que tivesse renunciado de livre e espontânea vontade à pensão de reforma milionária. Mas não fez isso.
Deste modo, Eduardo Catroga transformou-se numa figura nociva à imagem pública de Pedro Passos Coelho, do PSD e do Governo. Porque acabou por deixar cair a máscara de uma maioria eleitoral. Ora, quando isso acontece, começa uma estrada normalmente sem retorno. Basta estar atento à imprensa e às redes sociais para observar as reacções negativas. Há certas figuras que não têm consciência do mal que provocam a quem lhes dá tantos privilégios e tantas oportunidades. E que, se tivessem vergonha na cara, nem sequer viriam a público justificar o injustificável. Catroga acaba de entrar nessa galeria. Logo ele que, há meses, antes das eleições de 5 de Junho de 2011, prometera acabar com um "Estado gordo" criado pelo PS, como se pode ler aqui...
Em sentido contrário, há um bom exemplo que vem da Suíça – que é um País desenvolvido e sem necessidade do FMI. Ali, o Governo limita as pensões de reforma a uma verba mensal de 1700 euros. Objectivo: garantir fins de vida dignos e evitar a falência do sistema de segurança social. Mas isso são “pentelhos”.
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