Eis uma fotografia que diz muito mais do que a notícia que pretende ilustrar e do que a legenda que a acompanha. À primeira vista é uma fotografia ilustrativa do “workshop” com a “troika” promovido pelo Governo. Porém, há nela uma mensagem que está para além desse acontecimento. Vejamos:
O primeiro-ministro cumprimenta um dos elementos da “troika” presentes no evento. O seu rosto mostra um esgar em forma de sorriso, mas a mensagem principal está no corpo. Dir-se-ia que entre o primeiro-ministro e aquele a quem cumprimenta há um obstáculo, invisível na imagem, que o impede de se aproximar do interlocutor. É o seu braço que se estende e o corpo que se inclina enquanto os pés não saem do mesmo sítio.
O homem da “troika” permanece direito, é Passos Coelho quem se curva para ele, como se quisesse fugir do cumprimento mas reconhecesse que não o deve fazer. A diferença de estatura, leva o homem da “troika” a olhar Passos de cima para baixo.
Mas há outro pormenor não despiciendo, na leitura desta fotografia: os outros dois elementos da “troika”, captados de frente, presenciam o instante. E para quem olham eles? Não olham para o primeiro-ministro, anfitrião do evento. Olham para o terceiro, como se nele estivesse “o principal” perante o qual o primeiro-ministro se curva.
Esta fotografia conta uma história ligeiramente diferente do discurso da “coragem” que alguns leram na frase do primeiro-ministro quando, no workshop, afirmou para os três elementos da troika: “Senhores da troika, estamos aqui por nós,não por vós.”
Seja qual for a leitura desta fotografia – uma imagem é sempre polissémica – ela acrescenta informação ao texto a que reporta. É também uma fotografia simbólica em que o corpo curvado do primeiro-ministro perante o homem da “troika”, remete para a real situação do país: um país curvado perante a “troika”.
Estrela Serrano, no blog Vai e Vem, numa excelente análise a uma fotografia de Miguel Manso, publicada no “Público”, 22-01-2012
6 comentários:
Monopólio interminável
Invariavelmente, este jogo acaba na vitória de um que fica com o monopólio ou controlo de tudo, ou seja, fica rico, milionário.
Até a banca fica sem dinheiro, então o passo seguinte é, recomeçar novo jogo do ZERO.
Mas imagina que o rico, desagradado com a ideia de começar do ZERO, diz que quer continuar como está. – Mas como? Perguntam os falidos.
Fácil, eu empresto-vos dinheiro, continuo com as minhas propriedades, vós continuais a pagar-me, e eu continuo a emprestar-vos dinheiro …. Assim eu fico rico toda a vida, depois passo o monopólio para os meus filhos e vós passais as dívidas para os vossos.
Actualmente há países com dividas a 100 anos !!! as gerações vindouras já nascem escravas.
Vejam o que diz a Biblia sobre isto:
Levítico 25.
Atentamente;
Paulo Bento http://bento604.blogspot.com
Excelente observação e interpretação!!!
A incorporar proximamente num Tratado de Semiótica.
A incorporar num Tratado de Semiótica.
Com toda a sinceridade acho um autentico absurdo a analise feita a esta fotografia. O Primeiro Ministro na verdade ficou numa posição, no mínimo, esquisita. Mas daí e tirara todas estas ilações vai um longo caminho. Um fotografia é a fixação instantânea de um movimento, logo pode fixar imagens como esta. Não haja duvida que é notório o aproveitamento da fotografia para o plano politico, no entanto só quem quer é que acredita nestas analises...
É na minha modesta opinião, ridículo tirar ilações de uma simples fotografia, onde PPC aparece numa posição estranha. Sabendo que uma fotografia deve ser definida como a captação ou a fixação de uma imagem, e estando esta em movimento é óbvio que apanha o seu objectivo em posições estranhas!! Mas daí a tirar essas ilações todas...
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