quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A influência das cores na comunicação digital



Escolher as cores de uma página na Internet é como escolher a cor da nossa roupa. Cada cor tem um determinado significado que influencia os consumidores de determinada maneira, segundo as suas referências, nomeadamente pessoais e culturais. O ideal é influenciar positivamente o consumidor a partir da primeira impressão. Tal como na comunicação interpessoal, a primeira impressão, que é transmitida nos primeiros segundos de contacto com uma página digital, é fundamental. Sobretudo quando estamos a falar do comércio digital, onde uma loja tem concorrência à escala global. Para mais informação sobre o significado de algumas cores e a forma como elas nos influenciam, sugiro um texto no site E-Commerce News, da autoria de Felipe Martins, um especialista em desenvolvimento e assessoria na criação de lojas virtuais.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Mulher de Passos Coelho é muito procurada


De acordo com a lista das palavras-chave pesquisadas na Internet e registadas pelo Blogger.com, através das quais muitos internautas chegaram ao blogue COMUNICAÇÃO INTEGRADA, revela que Laura Passos Coelho, esposa do primeiro-ministro português, é muito procurada na rede. Mais procurada, inclusive, que o próprio marido. O que não deixa de ser uma informação preciosa e, portanto, um instrumento de trabalho, para a comunicação do PSD e do Governo.
Entre as 10 expressões que os internautas mais digitaram e pelas quais chegaram a este blogue, desde o último mês de Abril até hoje, seis indicam pesquisas específicas sobre a esposa de Pedro Passos Coelho, o que não deixa de ser curioso, logo ela que procura ser discreta e sendo este espaço digital focalizado em questões de comunicação.
Eis o “top ten”, por ordem decrescente, das expressões mais digitadas pelos internautas que se cruzaram com o blogue COMUNICAÇÃO INTEGRADA nas suas investigações na rede: “laura passos coelho”; “mulher de passos coelho”; “sonia brazao morreu”; “esposa de passos coelho”; “facebook”; “funeral de angelico vieira”; “pedro passos coelho e esposa”; “barack obama”, “laura ferreira passos coelho” e “mulher pedro passos coelho”.

Os estrangeiros na economia


Nesta terça-feira, o jornal “i” chama a EDP à primeira página para nos alertar para o aumento da presença estrangeira na estrutura accionista da empresa. “EDP. Estrangeiros já controlam mais de metade do capital”, revela uma notícia assinada pela jornalista Ana Suspiro. Aquela expressão “já controlam” diz tudo quanto à alegada perigosidade desse controlo…
Não sei qual é o problema de o capital da EDP se encontrar na mão de estrangeiros. O que sei é que não faltam bons exemplos de investimentos estrangeiros em Portugal, muitos deles estruturantes para a nossa economia. Até para a nossa agricultura. Lembro-me, por exemplo, dos ingleses, que descobriram o vinho do Porto como um negócio mundial. Ou dos espanhóis, que, mais recentemente, investiram na produção de azeite nas terras escandalosamente abandonadas do Alentejo. Ora, não consta que os ingleses tivessem levado o vinho do Porto para outro lado. Assim como os estrangeiros que agora controlam a EDP não levarão a empresa eléctrica. E se, por absurdo, a levassem, não faltariam outras empresas a distribuir energia, se calhar em melhores condições para os consumidores.
A preocupação de certa imprensa portuguesa com o investimento estrangeiro é uma autêntica estultícia jornalística, mais a mais agora que vivemos num mundo globalizado e que precisamos, nós portugueses, de equilibrar a nossa economia estando presentes nos mercados globais com as nossas exportações e os nossos investimentos.
Neste aspecto, faz todo o sentido ser liberal. Se as exportações portuguesas e os investimentos directos portugueses feitos no estrangeiro são uma coisa boa, o domínio estrangeiro em certas empresas com sede em Portugal não pode ser transformado numa coisa má.

domingo, 28 de agosto de 2011

A comunicação do Sporting

Na campanha eleitoral que o levou à presidência do Sporting Clube de Portugal, Godinho Lopes prometeu “uma política de comunicação” para o clube. Que, de facto, não havia. Para dar corpo ao seu propósito, Godinho escolheu Carlos Barbosa, antigo patrão do "Correio da Manhã", para vice-presidente leonino responsável pela comunicação. O tal que gosta muito do microfone, mesmo para dizer o que não deve, e que, inclusive, insultou milhares de sportinguistas durante a campanha eleitoral para o clube, em Março de 2011, considerando-os “completamente burros”.
Ora, a “política de comunicação” de Carlos Barbosa aí está nas páginas de hoje do“Record”, um jornal do grupo Cofina, onde o reforço lesionado Luís Aguiar conta tudo sobre as suas maleitas. A gente não sabia que “uma política de comunicação” passava por contar tudo aos jornais, sobretudo aos da Cofina. Ou seja, continua a não haver “uma política de comunicação” em Alvalade. Se calhar é preciso mais reforços...

sábado, 27 de agosto de 2011

A sementeira de Assunção Cristas


Fazendo jus ao apelido, Assunção Cristas, ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, soma e segue nas páginas do semanário "Expresso". Dois meses de Governo, duas grandes entrevistas no semanário de Pinto Balsemão, o mais influente do País. Já apelidada de "estrela" do Governo, a senhora está a cuidar da sua sementeira no CDS/PP. Ou então será o "Expresso" a levar demasiado à letra o desígnio da agricultura proclamado por Cavaco Silva...

Lusíada lança pós-graduação em comunicação digital


O desenvolvimento integrado de um País passa pela descentralização do conhecimento e da educação. É corrente dizer-se que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. Num certo sentido ainda é verdade. Que o digam os “políticos” da “província” que se deslumbram  facilmente com as inúmeras solicitações da capital, de dia e de noite, transformando-os em mais centralistas que os próprios centralistas. E como eles é que tomam as decisões, é por isso que Portugal, um país pequeno com tudo para ter um desenvolvimento harmonioso, continua pobre, atrasado e cada vez mais desigual. Mas há quem trabalhe contra este estado de coisas. Vem isto a propósito de uma notícia muito simples, que chega da “província”, onde eu vivo: a Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão acaba de lançar uma nova pós-graduação em Comunicação Digital e Redes Sociais, com a duração de dois semestres, num total de 120 horas em horário pós-laboral, que terá início em Outubro de 2011. O novo curso representa uma aposta da universidade famalicense em áreas do universo das ciências da comunicação, depois de ter sido lançada a licenciatura em Marketing, em 2008-2009. Com uma estrutura curricular composta por unidades de Comunicação Empresarial e Institucional, Marketing Directo, Publicidade Online, Gestão Estratégica de Redes Sociais, Blogs e Microblogs e Projecto de Comunicação Digital e Redes Sociais, a nova pós-graduação assume um formato prático assente no recurso a novas tecnologias web e a plataformas de e-learning, a que não será alheia uma boa base teórica. O corpo docente é constituído por professores da Universidade Lusíada e especialistas de renome nacional e internacional como Daniel Marti Pellón, Paula Portugal Mendes, Luís Rasquilha, Elizabeth Real, Raquel Reis e Jorge Remondes. O período de candidaturas e inscrições decorre até 9 de Setembro de 2011.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Steve Jobs. Um ícone do nosso tempo


“Além de se ter tornado um ícone da presente era tecnológica, Steve Jobs é também o mais brilhante representante de uma cultura de empreendedorismo que privilegia o talento e a procura contínua de novas soluções para tornar melhor o quotidiano das pessoas.”
Li esta frase sobre o fundador da Apple, no editorial do “Público”, nesta sexta-feira, dia 26, e gostei muito.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

José Sócrates e a Sorbonne


A “Visão” desta semana procura contar como é “a vida depois da política” de alguns ex-governantes e ex-deputados. Sobre o ex-primeiro-ministro, José Sócrates, fala-se que deverá ir estudar Filosofia na Universidade de Sorbonne, em Paris. “Talvez seja o seu próprio nome a razão para esta paixão antiga…”, procura explicar a jornalista Vânia Fonseca Maia. Talvez. Mas há outros dados em jogo. José Sócrates soube sair da liderança do PS porque quer voltar à política activa dentro de pouco tempo. E um curso de Filosofia na Sorbonne dá-lhe o lastro académico e humanista de que precisa para se transformar num fortíssimo candidato à Presidência da República de Portugal. E assim conseguirá apagar de vez o episódio da licenciatura manhosa em engenharia civil concluída num domingo. Donde, este regresso às aulas de José Sócrates, a confirmar-se, será exemplar, numa sociedade em formação permanente e em mudança permanente, traduzindo-se, concomitantemente, numa acção estratégica de marketing pessoal e político.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

S. Bento. Um escândalo no centro do Porto


O que se passa na estação ferroviária de S. Bento, em pleno centro histórico do Porto, é escandaloso. Há vários anos que se fala de um projecto de reabilitação da estação. As obras começaram, mas foram avançando a passo de caracol. Não admira, pois tratava-se apenas de proteger um património constituído por 20 mil azulejos lindíssimos que revestem o “hall” principal da estação, que retratam a história do transporte e evocam batalhas históricas. Entretanto, por estes dias, a revista norte-americana “Travel+Leisure” incluiu o imponente edifício na lista das 14 mais belas estações ferroviárias do mundo, dando-lhe visibilidade internacional e potenciando o turismo português.
Sabemos agora, através do “Público”, que as obras estão oficialmente suspensas, fruto “da actual conjuntura”. O projecto contemplava um parque de estacionamento e um novo edifício destinado a comércio, serviços e habitação, mas a megalomania não passou na malha do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar). A coisa ficou pela limpeza das paredes e dos azulejos.
A empresa responsável pelas obras resulta do regabofe em que se tornou o Estado: a empresa pública Invesfer (que supostamente deveria tratar das infra-estruturas ferroviárias) criou a ESBento – uma empresa com a tarefa exclusiva de reabilitar a estação de S. Bento.
É assim: em Portugal é possível gastar milhões sem controlo para construir aeroportos em locais sem tráfego aéreo e sem acessibilidades, como acontece em Beja (cujo “site” continua à espera de uma versão em inglês…), e criar uma empresa só para fazer obras de reabilitação de uma estação conhecida mundialmente, obras essas que ficam pelo caminho, mesmo sendo necessárias. Tudo isto demonstra que Portugal não tem uma estratégia definida para o turismo, nem para o património ou para a economia.  
Enquanto a imagem de marca for a bagunça, não vale a pena criar outra marca para vender Portugal no exterior. O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, que por sinal também tutela os transportes, tem aqui uma prova de fogo.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Hugo Chávez e a doença dos políticos


A doença de um político em funções governativas pertence à esfera privada desse político ou é assunto da esfera pública que deva ser do conhecimento de todos? A questão é polémica.
Considero que a doença de um político só deve pertencer à esfera pública, isto é, só deve ser conhecida do público, quando é susceptível de influenciar as suas decisões políticas. Um político que sofra de cancro, por exemplo, se decidir continuar em funções após ter-lhe sido diagnosticada a doença, deve dar a conhecer publicamente o seu estado de saúde. Foi o que fez, e bem, Hugo Chávez, líder do Governo da Venezuela. Foi também o que fez Dilma Roussef (para mencionar um caso geográfica e culturalmente próximo), em 2009, a um ano da campanha eleitoral, quando era ministra da Casa Civil e candidata à sucessão de Lula da Silva na Presidência do Brasil e lutou, com transparência mas com discrição, contra um cancro linfático.
O bom senso é fundamental. A doença pode tornar-se pública mas não deve tornar-se do público. Há certos limites que não devem ser ultrapassados. Na Venezuela, de tanto falar na doença, sempre que aparece em público, Chávez já envolveu o povo na sua luta pessoal contra a doença, criando uma onda de solidariedade nunca vista. Chávez ficou sem cabelo na sequência das dolorosas sessões de quimioterapia e os venezuelanos começaram a rapar o cabelo em solidariedade com o presidente do Governo.
Podemos, por isso, imaginar todos os governantes e todos os funcionários públicos do país de cabeça rapada, solidários com o grande líder, mesmo que não gostem do corte e que, no fundo, no fundo, nem estejam solidários. É a força da imagem e da simbologia.
Como manobra de comunicação parece estar ao nível de uma telenovela realizada na própria Venezuela – país que, curiosamente, terá eleições para o Governo em 2012, pelo que a oposição veio a público acusar Chávez de utilizar a doença para colher dividendos políticos. Com o acto eleitoral no horizonte, Hugo Chávez conseguiu transformar o corte de cabelo num símbolo político capaz de dividir o país: de um lado estão cabeças rapadas, que serão prò-Chávez, enquanto do outro estão os do cabelo crescido, que serão anti-Chávez.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O encerramento das escolas e as notícias

As notícias sobre o encerramento das 297 escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico são um exemplo de mau jornalismo ou de um jornalismo preguiçoso que se pratica em Portugal. E são um exemplo evidente da facilidade com que a comunicação social difunde percepções negativas que não correspondem minimamente à realidade. O que, neste caso concreto, também acontece por evidente falha do Governo ao comunicar as mudanças em curso.
Face a um número gordo – o número das escolas que serão desactivadas, que foi divulgado pelo Ministério da Educação – a comunicação social fez uma "notícia" em função desse número. E, assim, criou na mente das pessoas uma realidade que não existe em lado nenhum. Quando estamos a falar de assuntos relativos à vida das empresas ou à economia do País, semelhantes faltas de rigor podem gerar consequências devastadoras.
Quem desconhece o que se passa no Ensino Básico em Portugal ficou com a percepção que o País está em adiantado estado de desertificação e que essa desertificação avança em direcção ao Norte e ao Litoral, de tal modo que encerram várias centenas de escolas. Na primeira página, o "Jornal de Notícias", que é o segundo título mais lido do País, destacou, inclusive, que os concelhos nortenhos de Penafiel e Santo Tirso são "os mais afectados" pelo encerramento de 11 e 10 escolas, respectivamente.
O que se passa é que a larga maioria das escolas que encerram são substituídas por modernos centros escolares, que concentram alunos, gerando um aproveitamento de sinergias, em termos de infra-estruturas e do pessoal docente e auxiliar. Em vez de uma escola em cada freguesia, em muitos municípios passam a existir “superescolas”, devidamente equipadas, que vão acolher crianças de várias freguesias.
Esta mudança significou um grande investimento na modernização do parque escolar, uma grande melhoria das condições de educação e de conforto das crianças portuguesas, o que resultará numa poupança de recursos significativa. Donde, em vez de municípios "afectados" teremos municípios beneficiados, o que é bem diferente. Faltou, evidentemente, trabalho de casa da assessoria mediática do Ministério da Educação, no sentido de informar os meios de comunicação sobre os investimentos realizados, as escolas novas que foram construídas para substituir as velhas, as estimativas quanto à poupança de recursos públicos, etc.
À falta disso, só tivemos a notícia do encerramento de 297 escolas do primeiro ciclo do ensino básico, como se isso fosse uma grande notícia para uma grande primeira página. Ora, se o encerramento de 297 escolas fosse verdadeiro, não faltaria gente a protestar. As famílias e os sindicatos não protestam porque sabem o que está a acontecer. Daí a paz social. A verdade é que os portugueses sabem que os seus filhos terão melhores escolas a partir de Setembro. Mas isso não dá um bom título de primeira página.  
O que daria um bom título de primeira página, mas daria muito trabalho, seria fazer uma investigação sobre o destino a dar às velhas escolas, que agora ficam vazias. Seria importante saber o que é que a administração central ou as autarquias vão fazer a essas escolas, para sabermos como estão a ser gerimos os recursos públicos que são de todos. Aliás, se forem dar uma volta pelo País para ver o que aconteceu a escolas que fecharam as portas nos últimos anos talvez encontrem casos surpreendentes.

O poder da imagem


“Hoje, o poder da imagem é estrondoso, é uma coisa obsessiva. Já não é preciso eliminar o inimigo no terreno, basta alterar as percepções dele a nosso favor.”

Loureiro dos Santos, general do Exército português na reserva, antigo ministro da Defesa, jornal “i”, 13-08-2011

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Portugal na final. São jovens sem futuro


A selecção de Portugal venceu a França (e logo a França,...) por 2-0 e está apurada para a final do Mundial de Sub-20, em futebol, que se realiza na Colômbia. Há 22 anos, a selecção portuguesa tinha sido vitoriosa na Arábia Saudita, na altura, um feito equiparado a algo de sobrenatural, que lançou Carlos Queirós como treinador de futebol e criou a chamada "geração de ouro" que nas últimas duas décadas brilhou no futebol internacional. Há 20 anos foi em Lisboa. Na altura, o sucesso de Portugal no futebol internacional inspirou a comunicação dos governos de Cavaco Silva, que apontava  futebolistas emergentes como Luís Figo, Rui Costa e João Vieira Pinto como exemplos dos novos portugueses de sucesso preparados para pedalar no pelotão da frente da Europa. Era o sonho europeu, entretanto desfeito, como é sabido. 
Agora, o futebol jovem de Portugal volta a dar cartas no mundo. É uma boa notícia para levantar o astral de um País demasiado mergulhado na crise. Mas não estou a ver Pedro Passos Coelho a apontar estes jovens futebolistas portugueses como modelos a seguir por todos. Tanto mais que os jovens actualmente na selecção de Sub-20 não têm lugar nos grandes clubes portugueses, ao contrário do que acontecia há 20 anos. O País, talvez por ser demasiado rico, não lhes dá oportunidades e prefere comprar no estrangeiro para iludir bancadas ávidas de sucesso rápido. Basta olhar para a constituição dos grupos profissionais do Sporting Clube de Portugal, do FC Porto e do Benfica. Ainda com a honrosa excepção leonina, é preciso uma lupa para encontrar um português. Donde, os jovens portugueses que agora brilham na Colômbia talvez tenham futuro na ilha de Chipre... [FOTO: Raul Arboleda/AFP/Getty Images]

Um elefante numa loja de porcelanas


Se a ideia é privatizar a RTP, os últimos dados indiciam o contrário. O ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, que tutela o pelouro da Comunicação Social, convidou o jornalista da SIC Mário Crespo para correspondente da RTP em Washington. Segundo revela a edição “online” do "Expresso", jornal da Impresa, grupo que detém a SIC Notícias, onde Crespo trabalha, a abordagem feita pelo ministro ao experiente jornalista apanhou de surpresa não só a administração da RTP, mas também a direcção de informação. Primeiro porque a nomeação de correspondentes da RTP é uma incumbência da direcção de informação, com posterior aval da administração. Depois, porque estas nomeações têm um regulamento interno com critérios bem definidos: é dada primazia aos jornalistas da RTP interessados em colocações no estrangeiro – o que não é o caso de Mário Crespo, jornalista da SIC – e os candidatos só são escolhidos após avaliação feita por um júri interno. Crespo não desmente o convite do Governo, mas Miguel Relvas ainda não explicou mais esta trapalhada – depois do caso que envolveu o afastamento do jornalista e escritor Pedro Rosa Mendes da delegação da agência Lusa em Paris.
O poder político sempre teve dificuldades para lidar com jornalistas e meios de comunicação social. Os atribulados processos de legalização das rádios locais e de privatização dos jornais, em finais da década de 1980, e de licenciamento dos canais privados de televisão, no início da década de 1990, assim como, agora, mais um processo de reestruturação da RTP, sob a batuta de Miguel Relvas, confirmam outra percepção histórica: quando se trata de “mexer” na comunicação social, os governos liderados pelo PSD também se comportam como um elefante numa loja de porcelanas.  [FOTO: Gerardo Santos, “Dinheiro Vivo”]

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A foto do dia. Passos Coelho na praia


Eis Pedro Passos Coelho, o homem normal que governa o País, no meio do povo, mais pairando sobre esse povo, fustigado pelas medidas de austeridade, numa praia sobrelotada do Algarve, onde praticamente só o sol e a água do mar não pagam imposto. Com uma representação gráfica muito discreta na primeira página e enquadrada apenas por uma legenda, na página de mexericos políticos, a imagem está hoje no jornal "Sol". É a foto do dia, que poderá transformar-se num ícone da nova liderança governativa. A liderança dos homens normais.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

As férias dos políticos


No editorial desta semana, a revista “Sábado” aborda a sensível questão das férias dos políticos portugueses neste Verão de 2011, enquadrando-a por uma frase atribuída a Pedro Passos Coelho, em Junho, à margem de uma cimeira europeia, segundo a qual “o Parlamento português, durante este período, nâo gozará férias e o Governo não gozará férias”.
Como frisa a revista do grupo Cofina, no mesmo editorial, mas a propósito da contradição governamental entre o discurso da poupança de recursos e a política dos ordenados de luxo em vigor do Ministério da Economia, “o Governo deveria perceber que um discurso moralista como aquele que tem adoptado em relação às finanças públicas só se aguenta se estiver protegido por um colete à prova de bala”. Para não trair a confiança dos eleitores.
Para além da citação no editorial, a “Sábado” relembra a frase de Passos Coelho sobre o alegado “corte” das férias numa outra página. Ora, nos últimos dias, talvez como efeito da propalação dessa privação, que afinal não é verdadeira, alguns jornais deram relevo à situação, destacando a frugalidade do descanso da nossa classe política neste Verão. “Passos e políticos só terão fins-de-semana prolongados”, chegou a titular o “Diário de Notícias”, no último domingo, na sua primeira página. O tom da matéria “jornalística” fazia passar a ideia de que o trabalho político era tanto que nem era possível gozar férias, levando os leitores a ficar com muita pena de uma classe política sacrificada pela crise. No fundo, um embuste destinado a impressionar incautos, que os jornalistas promovem com uma facilidade tremenda, sendo de questionar se pensam naquilo que escrevem.
A questão das férias dos agentes políticos, em particular aqueles que agora passaram a exercer funções governativas, pode ser vista de vários ângulos. Por exemplo, se um trabalhador comum fosse contratado para um novo emprego no mês de Junho não teria direito a férias no mês de Agosto, mesmo que fosse só durante uma semana. Só ao fim de seis meses de trabalho é que um profissional pode gozar férias, ainda assim, tendo direito apenas a dois dias por cada mês de trabalho prestado.
Os deputados à Assembleia da República que já estavam no Parlamento na legislatura anterior e foram reeleitos nas eleições de 5 Junho têm direito a não ser prejudicados na calendarização anual das suas férias. Já os novos ministros e todos os novos agentes políticos dos gabinetes governamentais estão numa situação bem diferente: só começaram a trabalhar em Junho e Julho, altura em que começou uma nova legislatura, e têm muito que fazer para colocar em prática as medidas impostas pelo FMI.
Um português comum que fosse para um novo emprego em Junho ou Julho não pensaria em ter férias em Agosto, desde logo porque sabia que não teria direito a elas. Com a classe política não é assim. E a imprensa, em vez de questionar o facto de os governantes gozarem férias algumas semanas após entrarem em funções (isso, sim, seria jornalismo de interesse público), dá conta do grande contratempo que constitui para os políticos a redução desse período de férias (ou seja, dá conta dos interesses particulares dos políticos). Como se eles não tivessem meios para gozar outros períodos de férias em destinos de sonho ao longo do ano.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O churrasco de Pedro Passos Coelho


Acontece com muitos políticos e não deveria acontecer: depois de eleitos deixam de fazer o que faziam antes da eleição, começando, assim, a trair a confiança do eleitorado. Felizmente, não parece ser esse o caso do novo primeiro-ministro português. Por isso, Pedro Passos Coelho faz bem em continuar a comportar-se nestas curtas férias algarvias na Manta Rota – em tempos de austeridade até o nome do local é feliz – como fazia antes de ter sido eleito pelos portugueses para cumprir as metas impostas pelo FMI.
A “produção” realizada para o “Correio da Manhã”, sob o pretexto de um churrasco para amigos, que o próprio Passos Coelho preparou, mostra a faceta doméstica de um primeiro-ministro que aparece no espaço público como um homem comum a milhares ou milhões de homens e maridos portugueses. Um homem normal que, apesar do alto cargo político que ocupa, calça chinelos, veste calção e “t-shirt”, como os outros homens, vai às compras com a mulher e ainda carrega os sacos. Um homem que até foi atendido pelo dono do talho “como uma pessoa normal”.
Quando utilizada com sobriedade e sem excessos, a exposição pública destes pedaços da vida pessoal de um governante pode transformar-se num instrumento de marketing político poderoso, pois ajuda muito no sempre complicado processo de identificação do eleitorado, ou de potenciais novos eleitores, com o político.
Quem comparar esta informalidade de Pedro Passos Coelho com o aparato policial de Cavaco Silva, que, há uns 20 anos, quando era primeiro-ministro, entrava na praia algarvia protegido por seguranças, segundo relatava “O Independente”, o jornal então dirigido por Paulo Portas, dirá que os políticos portugueses mudaram e mudaram muito.
No caso de Passos Coelho, trata-se apenas de seguir à risca as instruções de Alessandra Augusta, a “marqueteira” brasileira contratada para a campanha eleitoral do PSD, a quem se deve justamente a “humanização” do líder em público. Algo que não é inédito, algo cuja eficácia não era desconhecida, mas que os políticos portugueses sempre desprezaram, cedendo na exibição da vida familiar apenas em situações muito pontuais.
Na “humanização” de Pedro Passos Coelho, a tarefa do marketing torna-se ainda muito mais simples e muito mais eficaz porque nada nele é forçado. Aquilo que Passos Coelho mostra que é no seu dia-a-dia pessoal é aquilo que ele é. FOTO: “Correio da Manhã”

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Joaquim Vieira e a privatização da RTP


"Em toda a União Europeia, exceto no Luxemburgo (511 mil habitantes) e Malta (413 mil), o serviço público de televisão é assegurado através de pelo menos dois canais, e muitas vezes três (ou até mais). A lógica é que, devendo o serviço público dirigir-se naturalmente a toda a população, esta possui gostos e interesses distintos a que é impossível corresponder apenas com um canal. Não existe um público de televisão, mas diversos públicos – para simplificar, haverá, “grosso modo”, dois grandes grupos: a elite e a massa. Daí a necessidade da existência de um mínimo de dois canais, por norma o primeiro, de conteúdos mais populares (dirigido à massa), e o segundo, com programação mais sofisticada (para a elite). Apesar do debate que tem havido a nível europeu acerca desta matéria, nunca foi admitida a possibilidade de reunir tudo num único canal, que seria um canal esquizofrénico, querendo agradar a todas as camadas e acabando por não agradar a nenhuma. Fazer um só canal de televisão pública tenderia a afastar sobretudo as camadas populares, dado que esse canal teria necessariamente o nível de programação mais exigente que por hábito, numa perspetiva fundamentalista, se associa ao conceito de serviço público (patente, aliás, na ideia do PSD de privatizar a RTP1, mas deixar a RTP2 na área pública). Ou seja, todos os contribuintes passariam a pagar um canal que apenas um grupo restrito sintonizaria. Seria a mesma lógica das SCUT: todos as pagam, mas só as utilizam os poucos que nelas circulam. A médio prazo, sobrelevaria a pressão para fechar também esse canal, por inadequação aos consumos públicos de TV, e assim extinguir de vez a televisão pública (que tem uma função supletiva em relação às estações privadas). Sou, por isso, contra a privatização da RTP1. Acho, porém, útil que se discuta se o tipo de programação da RTP1 (e da RTP2) é o mais adequado, se se justifica o seu orçamento anual e também quais as melhores formas de financiamento do serviço público de TV em Portugal. E vale ainda a pena perguntar se se justificam os canais da RTP no cabo, onde o acesso dos telespetadores não é universal, ou se a sua programação não poderia ser 'diluída' na RTP1, na RTP2 e na Internet."

Joaquim Vieira, jornalista, na sua página no Facebook, 08-08-2011

Relvas quer dar RTP à Ongoing, acusa Sousa Tavares


“Quando saí da TVI, disse que não sabia quem era a Ongoing, de onde vinha o dinheiro, de onde é que vinham, para onde é que queriam ir e que isso me fazia muita confusão. Prefiro patrões de imprensa que são transparentes e que sabem o que querem.”

“Agora, o que é que se joga? Penso que é, descaradamente, a privatização da RTP a favor da Ongoing. É uma jogada claríssima. Ouvi Miguel Relvas a dizer que era das privatizações mais urgentes. E ficamos a pensar: porquê, por que é que é assim tão urgente? Há uma manobra destinada a oferecer a RTP à Ongoing. Só espero que não seja oferecida nos termos em que o BPN foi e que ainda tenhamos de pagar para a RTP ir para a Ongoing.”

“[A RTP não está em fim de carreira], o modelo RTP de serviço público é que está em fim de carreira – uma televisão pública continua a fazer todo o sentido.”

Miguel Sousa Tavares, “Diário de Notícias”, 07-08-2011

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Bonnie Tyler e Eriksson. Ideia para promover Portugal

 

Numa entrevista à revista “Tabu”, que integra o semanário “Sol”, a cantora britânica Bonnie Tyler confessa a sua paixão pelo sol português e pelas coisas simples do Algarve, que já dura há 36 anos. "Adoro o Algarve antigo", revela a artista. E adianta que quer passar a sua reforma no Sul de Portugal. Ela que, aos 60 anos, continua a dar concertos e a preparar-se para lançar mais um álbum.
Nascida no País de Gales, Bonnie Tyler é uma estrela do Norte da Europa, conhecida em todo o mundo. Outro europeu do Norte que gosta do sol de Portugal, onde já trabalhou e tem casa, é o treinador de futebol Sven-Göran Eriksson – o sueco que já foi campeão pelo Benfica.
Bonnie Tyler e Eriksson têm várias coisas em comum: são sexagenários, são muito conhecidos internacionalmente, conhecem Portugal há três décadas, têm casa em Portugal, gostam do País e do sol.
Deixo, por isso, uma ideia para ajudar o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira: a campanha de marketing para promover o anunciado programa para atrair turistas séniores dos países do Norte da Europa deveria contar com figuras como Bonnie Tyler e Sven-Göran Eriksson. Numa altura em que todos dizem mal de Portugal, a começar pelas agências de "rating" ou Barack Obama, o recurso a estas duas figuras internacionais seria um poderoso trunfo de marketing público do nosso País.
Melhor do que a opinião de qualquer português sobre aquilo que Portugal tem de bom, seria o testemunho de dois europeus do Norte conhecidos em todo o mundo, cujo estilo de vida que projectam encaixa perfeitamente no perfil dos turistas abastados do Norte da Europa que o Governo português quer captar através do anunciado programa “Reforma ao Sol”.

Christine Lagarde. Já não há decência


O francês Dominique Strauss-Kahn parece que tinha dificuldade em conter os seus ímpetos sexuais. Foi apanhado pela justiça e obrigado a demitir-se do cargo de director-geral do FMI. A sua sucessora,  a compatriota Christine Lagarde, mal começou a trabalhar e foi logo apanhada pelo rasto deixado no tempo em que foi ministra da Economia. Vai ser investigada em França por desvio de fundos públicos e abuso de poder. É caso para dizer que já não há gente decente para ocupar lugares públicos. Aguarda-se, agora, que Lagarde se demita do FMI. Um organismo destes não pode ser dirigido por alguém que carrega a suspeita de ter desviado fundos. Ou pode?...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O ministro Álvaro e a superchefe de gabinete


O ordenado da chefe de gabinete do ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, tem sido motivo de grande polémica. Justificada, diga-se. Num País falido e num Governo que, sendo dado a decisões simbólicas, foi eleito para cortar nas despesas e aplicar medidas de austeridade que estão a afectar a vida dos portugueses, era óbvio que os 5.821 euros brutos mensais, que serão pagos a Marta Neves, teriam forçosamente que dar nas vistas. Não só por estarmos em Agosto, mas, sobretudo, por estarmos perante um valor superior a 50 por cento do vencimento de quem ocupava o lugar na governação socialista.
Álvaro Santos Pereira argumenta que Marta Neves – que tinha um alto cargo na Portugal Telecom – ganha o que ganha porque é “uma superchefe de gabinete”. Ora, não se sabe o que é isso de ser “uma superchefe de gabinete”. Será que trabalha mais do que os outros? Entra mais cedo e sai mais tarde? Os dias de Marta Neves têm 48 horas? E os outros chefes de gabinete do Governo, o que pensarão da colega superchefe?...
Não estão em causa as qualidades profissionais da nomeada. Mas não se pode justificar um ordenado bem acima da média dos colegas do Governo dizendo que estamos perante “uma superchefe de gabinete”. Os superhomens e as supermulheres já não impressionam ninguém. Muito menos podem servir para justificar ordenados chorudos pagos por um povo em dificuldades.
O ministro Álvaro comprou uma polémica escusada e deu mais um murro no estômago da credibilidade e da simplicidade que Pedro Passos Coelho propôs quando assumiu a liderança do Governo. Não se pode entrar no ministério e dizer que há por lá uma cultura de ostentação – o que fica sempre bem para um “sound byte” televisivo – e depois ostentar uma chefe de gabinete com um ordenado que é superior ao vencimento dos chefes de gabinete do primeiro-ministro (4.592 €) e do ministro das Finanças (3.892 €). Como sinal para o País, é muito mau.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O “annus horribilis” de José Sócrates


O ano de 2011 ficará na história da vida de José Sócrates como o seu “annus horribilis”. Em apenas dois meses, Sócrates perdeu o País, o pai e um irmão. Por esta ordem. A queda começou em 2009, quando perdeu a maioria absoluta nas eleições legislativas.
Agora que parece ter sido abandonado pelos seus ex-camaradas de luta, que já procuram um novo aconchego sob o manto de António José Seguro, o líder do "novo ciclo" do PS, o ex-primeiro-ministro – que se demitiu na noite eleitoral de 5 de Junho de 2011 com a honra dos políticos sábios – merece uma palavra de solidariedade, neste momento é difícil da sua vida pessoal. Ainda que o próprio, de tão habituado a vender a ideia de um País positivo – que, afinal, só existia na sua cabeça –, possa insistir em não vislumbrar a realidade.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O marketing público da Póvoa de Varzim


No século XX, a praia da Póvoa de Varzim era a praia do povo e não precisava de comunicação. Nos meses de Verão, mas principalmente em Agosto, o povo vinha de todos os lados, oriundo de municípios vizinhos do Norte litoral como Vila Nova de Famalicão, Barcelos, Trofa, Santo Tirso, Guimarães ou Fafe. Toda a população do Vale do Ave que podia sair de casa para ir até à praia passava pela Póvoa de Varzim, mesmo aqueles que não tinham automóvel. Não havia auto-estradas, mas havia uma estrada nacional saturada e uma linha de caminho-de-ferro com comboios especiais que circulavam cheios no mês de Agosto.
Há duas décadas, a linha ferroviária entre Vila Nova de Famalicão e Póvoa de Varzim foi desactivada, estando em vias de ser transformada numa pista para bicicletas. Acompanhando as transformações do País, que deram lucros aos lóbis do betão e das gasolineiras, a via ferroviária foi substituída pela auto-estrada. Ora, as auto-estradas vieram facilitar a mobilidade. As pessoas que antigamente, por comboio, só chegavam à Póvoa de Varzim, podem agora chegar rapidamente não só à Póvoa de Varzim, mas também a Vila do Conde, a Esposende, a Viana do Castelo ou até a Vila Nova de Gaia, a sul do Porto, ou a Caminha, no Alto Minho. Neste caso, a mobilidade da população desafiou a capacidade de sedução das cidades balneares. É neste quadro de competitividade entre cidades que aparece um anúncio de imprensa da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, publicitando a sua praia, como a imagem documenta. Um anúncio que vi publicado recentemente no “Jornal de Notícias”.
Não sei se esta comunicação faz parte de um plano mais vasto e sustentado. Sei que, para além do anúncio de imprensa, o gabinete de comunicação do município da Póvoa de Varzim tem feito publicidade da sua praia nas rádios locais de municípios vizinhos. Algo que há uns anos seria impensável. A ideia é chamar atenção das pessoas para as qualidades dos 12 quilómetros de praia para toda a família do município da Póvoa de Varzim, cidade que Ramalho Ortigão, no século XIX, descrevia como estando “coalhada de moscas e de gente” no Verão. Hoje, para haver gente é preciso investir no marketing territorial porque a concorrência é muito maior, sendo cada vez mais aqueles que fazem o mesmo e em melhores condições. Marketing Territorial ou Marketing Público, que são áreas ainda pouco desenvolvidas em Portugal, que deveriam merecer um investimento cada vez maior por parte dos municípios. Porque o desenvolvimento económico e social também passa por aí. Está de parabéns, portanto, o departamento de comunicação da autarquia da Póvoa de Varzim, onde a matriz popular da marginal da cidade é o retrato da democratização da cultura de praia.

A doença infantil das “Public Relations”


“Um consultor de Comunicação, experimentado, racional e profissionalmente humilde, sabe que há situações em que à Comunicação desfavorável não se deve responder com mais Comunicação. Sabe que há actividades que, em matéria de Comunicação, merecem prudência acrescida, sendo a dos serviços de Informação uma das primeiras que nos ocorrem. Sabe que, quando o "nosso lado" tem objectivos de conquista e os "nossos adversários" pretendem evitar a sua concretização, mantendo o “status quo”, alimentar Comunicação adversa com Comunicação nossa – mesmo que ela fosse sólida (…) – é um erro de palmatória, daqueles que se aprendem nos cursos básicos de Public Relations [PR]. Muitas vezes, os consultores de Comunicação tendem a arrastar os seus aconselhados para aventuras mediáticas apenas porque eles próprios, os consultores, têm ambições de protagonismo. Trata-se de um erro fatal a que podemos chamar da doença infantil das PR.”

[FONTE: Luís Paixão Martins, “Briefing”, 01-08-2011]