quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O ministro Álvaro e a superchefe de gabinete


O ordenado da chefe de gabinete do ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, tem sido motivo de grande polémica. Justificada, diga-se. Num País falido e num Governo que, sendo dado a decisões simbólicas, foi eleito para cortar nas despesas e aplicar medidas de austeridade que estão a afectar a vida dos portugueses, era óbvio que os 5.821 euros brutos mensais, que serão pagos a Marta Neves, teriam forçosamente que dar nas vistas. Não só por estarmos em Agosto, mas, sobretudo, por estarmos perante um valor superior a 50 por cento do vencimento de quem ocupava o lugar na governação socialista.
Álvaro Santos Pereira argumenta que Marta Neves – que tinha um alto cargo na Portugal Telecom – ganha o que ganha porque é “uma superchefe de gabinete”. Ora, não se sabe o que é isso de ser “uma superchefe de gabinete”. Será que trabalha mais do que os outros? Entra mais cedo e sai mais tarde? Os dias de Marta Neves têm 48 horas? E os outros chefes de gabinete do Governo, o que pensarão da colega superchefe?...
Não estão em causa as qualidades profissionais da nomeada. Mas não se pode justificar um ordenado bem acima da média dos colegas do Governo dizendo que estamos perante “uma superchefe de gabinete”. Os superhomens e as supermulheres já não impressionam ninguém. Muito menos podem servir para justificar ordenados chorudos pagos por um povo em dificuldades.
O ministro Álvaro comprou uma polémica escusada e deu mais um murro no estômago da credibilidade e da simplicidade que Pedro Passos Coelho propôs quando assumiu a liderança do Governo. Não se pode entrar no ministério e dizer que há por lá uma cultura de ostentação – o que fica sempre bem para um “sound byte” televisivo – e depois ostentar uma chefe de gabinete com um ordenado que é superior ao vencimento dos chefes de gabinete do primeiro-ministro (4.592 €) e do ministro das Finanças (3.892 €). Como sinal para o País, é muito mau.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ministro da Economia diz que encontrou ambiente de ostentação no seu ministério

O Ministro Álvaro Santos Pereira afirma que encontrou, quando chegou ao Ministério da Economia, um ambiente de ostentação e alguns contratos blindados prejudiciais às contas públicas. Santos Pereira usou, por isso, o exemplo do ministério que agora lidera, para explicar no Parlamento o "muito" que havia para contar do lado da despesa.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?t=Ministro-da-Economia-diz-que-encontrou-ambiente-de-ostentacao-no-seu-ministerio.rtp&headline=20&visual=9&article=466778&tm=6