terça-feira, 30 de agosto de 2011

Os estrangeiros na economia


Nesta terça-feira, o jornal “i” chama a EDP à primeira página para nos alertar para o aumento da presença estrangeira na estrutura accionista da empresa. “EDP. Estrangeiros já controlam mais de metade do capital”, revela uma notícia assinada pela jornalista Ana Suspiro. Aquela expressão “já controlam” diz tudo quanto à alegada perigosidade desse controlo…
Não sei qual é o problema de o capital da EDP se encontrar na mão de estrangeiros. O que sei é que não faltam bons exemplos de investimentos estrangeiros em Portugal, muitos deles estruturantes para a nossa economia. Até para a nossa agricultura. Lembro-me, por exemplo, dos ingleses, que descobriram o vinho do Porto como um negócio mundial. Ou dos espanhóis, que, mais recentemente, investiram na produção de azeite nas terras escandalosamente abandonadas do Alentejo. Ora, não consta que os ingleses tivessem levado o vinho do Porto para outro lado. Assim como os estrangeiros que agora controlam a EDP não levarão a empresa eléctrica. E se, por absurdo, a levassem, não faltariam outras empresas a distribuir energia, se calhar em melhores condições para os consumidores.
A preocupação de certa imprensa portuguesa com o investimento estrangeiro é uma autêntica estultícia jornalística, mais a mais agora que vivemos num mundo globalizado e que precisamos, nós portugueses, de equilibrar a nossa economia estando presentes nos mercados globais com as nossas exportações e os nossos investimentos.
Neste aspecto, faz todo o sentido ser liberal. Se as exportações portuguesas e os investimentos directos portugueses feitos no estrangeiro são uma coisa boa, o domínio estrangeiro em certas empresas com sede em Portugal não pode ser transformado numa coisa má.

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