Se a ideia é privatizar a RTP, os últimos dados indiciam o contrário. O ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, que tutela o pelouro da Comunicação Social, convidou o jornalista da SIC Mário Crespo para correspondente da RTP em Washington. Segundo revela a edição “online” do "Expresso", jornal da Impresa, grupo que detém a SIC Notícias, onde Crespo trabalha, a abordagem feita pelo ministro ao experiente jornalista apanhou de surpresa não só a administração da RTP, mas também a direcção de informação. Primeiro porque a nomeação de correspondentes da RTP é uma incumbência da direcção de informação, com posterior aval da administração. Depois, porque estas nomeações têm um regulamento interno com critérios bem definidos: é dada primazia aos jornalistas da RTP interessados em colocações no estrangeiro – o que não é o caso de Mário Crespo, jornalista da SIC – e os candidatos só são escolhidos após avaliação feita por um júri interno. Crespo não desmente o convite do Governo, mas Miguel Relvas ainda não explicou mais esta trapalhada – depois do caso que envolveu o afastamento do jornalista e escritor Pedro Rosa Mendes da delegação da agência Lusa em Paris.
O poder político sempre teve dificuldades para lidar com jornalistas e meios de comunicação social. Os atribulados processos de legalização das rádios locais e de privatização dos jornais, em finais da década de 1980, e de licenciamento dos canais privados de televisão, no início da década de 1990, assim como, agora, mais um processo de reestruturação da RTP, sob a batuta de Miguel Relvas, confirmam outra percepção histórica: quando se trata de “mexer” na comunicação social, os governos liderados pelo PSD também se comportam como um elefante numa loja de porcelanas. [FOTO: Gerardo Santos, “Dinheiro Vivo”]
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