quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O churrasco de Pedro Passos Coelho


Acontece com muitos políticos e não deveria acontecer: depois de eleitos deixam de fazer o que faziam antes da eleição, começando, assim, a trair a confiança do eleitorado. Felizmente, não parece ser esse o caso do novo primeiro-ministro português. Por isso, Pedro Passos Coelho faz bem em continuar a comportar-se nestas curtas férias algarvias na Manta Rota – em tempos de austeridade até o nome do local é feliz – como fazia antes de ter sido eleito pelos portugueses para cumprir as metas impostas pelo FMI.
A “produção” realizada para o “Correio da Manhã”, sob o pretexto de um churrasco para amigos, que o próprio Passos Coelho preparou, mostra a faceta doméstica de um primeiro-ministro que aparece no espaço público como um homem comum a milhares ou milhões de homens e maridos portugueses. Um homem normal que, apesar do alto cargo político que ocupa, calça chinelos, veste calção e “t-shirt”, como os outros homens, vai às compras com a mulher e ainda carrega os sacos. Um homem que até foi atendido pelo dono do talho “como uma pessoa normal”.
Quando utilizada com sobriedade e sem excessos, a exposição pública destes pedaços da vida pessoal de um governante pode transformar-se num instrumento de marketing político poderoso, pois ajuda muito no sempre complicado processo de identificação do eleitorado, ou de potenciais novos eleitores, com o político.
Quem comparar esta informalidade de Pedro Passos Coelho com o aparato policial de Cavaco Silva, que, há uns 20 anos, quando era primeiro-ministro, entrava na praia algarvia protegido por seguranças, segundo relatava “O Independente”, o jornal então dirigido por Paulo Portas, dirá que os políticos portugueses mudaram e mudaram muito.
No caso de Passos Coelho, trata-se apenas de seguir à risca as instruções de Alessandra Augusta, a “marqueteira” brasileira contratada para a campanha eleitoral do PSD, a quem se deve justamente a “humanização” do líder em público. Algo que não é inédito, algo cuja eficácia não era desconhecida, mas que os políticos portugueses sempre desprezaram, cedendo na exibição da vida familiar apenas em situações muito pontuais.
Na “humanização” de Pedro Passos Coelho, a tarefa do marketing torna-se ainda muito mais simples e muito mais eficaz porque nada nele é forçado. Aquilo que Passos Coelho mostra que é no seu dia-a-dia pessoal é aquilo que ele é. FOTO: “Correio da Manhã”

2 comentários:

Albano disse...

Isso nada me interessa, pois no que é mais importante é igual aos demais.
Não passa do chefe de uma comissão liquidatária do país!
Um gajo que malha nos pobres e classe média e poupa os mafiosos da nota.

Anônimo disse...

Pois eu entendo que deve ser valorizada esta sua modéstia. Estou certo também de que não veste Armani como um outro que "deixou tantas saudades" a alguns...
Podem culpá-lo de muita coisa, mas certamente não será moral acusá-lo de ter colocado o País no estado em que ele se encontra...
Que continue assim...simples, mas eficiente...!!