Acontece com muitos políticos e não deveria acontecer: depois de eleitos deixam de fazer o que faziam antes da eleição, começando, assim, a trair a confiança do eleitorado. Felizmente, não parece ser esse o caso do novo primeiro-ministro português. Por isso, Pedro Passos Coelho faz bem em continuar a comportar-se nestas curtas férias algarvias na Manta Rota – em tempos de austeridade até o nome do local é feliz – como fazia antes de ter sido eleito pelos portugueses para cumprir as metas impostas pelo FMI.
A “produção” realizada para o “Correio da Manhã”, sob o pretexto de um churrasco para amigos, que o próprio Passos Coelho preparou, mostra a faceta doméstica de um primeiro-ministro que aparece no espaço público como um homem comum a milhares ou milhões de homens e maridos portugueses. Um homem normal que, apesar do alto cargo político que ocupa, calça chinelos, veste calção e “t-shirt”, como os outros homens, vai às compras com a mulher e ainda carrega os sacos. Um homem que até foi atendido pelo dono do talho “como uma pessoa normal”.
Quando utilizada com sobriedade e sem excessos, a exposição pública destes pedaços da vida pessoal de um governante pode transformar-se num instrumento de marketing político poderoso, pois ajuda muito no sempre complicado processo de identificação do eleitorado, ou de potenciais novos eleitores, com o político.
Quem comparar esta informalidade de Pedro Passos Coelho com o aparato policial de Cavaco Silva, que, há uns 20 anos, quando era primeiro-ministro, entrava na praia algarvia protegido por seguranças, segundo relatava “O Independente”, o jornal então dirigido por Paulo Portas, dirá que os políticos portugueses mudaram e mudaram muito.
No caso de Passos Coelho, trata-se apenas de seguir à risca as instruções de Alessandra Augusta, a “marqueteira” brasileira contratada para a campanha eleitoral do PSD, a quem se deve justamente a “humanização” do líder em público. Algo que não é inédito, algo cuja eficácia não era desconhecida, mas que os políticos portugueses sempre desprezaram, cedendo na exibição da vida familiar apenas em situações muito pontuais.
Na “humanização” de Pedro Passos Coelho, a tarefa do marketing torna-se ainda muito mais simples e muito mais eficaz porque nada nele é forçado. Aquilo que Passos Coelho mostra que é no seu dia-a-dia pessoal é aquilo que ele é. FOTO: “Correio da Manhã”
2 comentários:
Isso nada me interessa, pois no que é mais importante é igual aos demais.
Não passa do chefe de uma comissão liquidatária do país!
Um gajo que malha nos pobres e classe média e poupa os mafiosos da nota.
Pois eu entendo que deve ser valorizada esta sua modéstia. Estou certo também de que não veste Armani como um outro que "deixou tantas saudades" a alguns...
Podem culpá-lo de muita coisa, mas certamente não será moral acusá-lo de ter colocado o País no estado em que ele se encontra...
Que continue assim...simples, mas eficiente...!!
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