domingo, 29 de maio de 2011

O Wikileaks, a ética e a deontologia jornalísticas


“As sociedades democráticas precisam de meios de comunicação fortes e o Wikileaks faz parte desses meios. Os meios de comunicação ajudam a manter o governo honesto. O Wikileaks revelou algumas verdades duras acerca das guerras do Iraque e Afeganistão, e desvendou notícias acerca da corrupção corporativa. (…) Por vezes os países precisam ir à guerra e há guerras justas. Mas não há nada mais errado do que um governo mentir ao seu povo acerca daquelas guerras, pedindo então a estes mesmos cidadãos para porem as suas vidas e os seus impostos ao serviço daquelas mentiras. Se uma guerra é justificada, então digam a verdade e o povo decidirá se a apoia.”
Julian Assange, fundador e editor-chefe do Wikileaks

O Wikileaks é uma organização internacional sem fins lucrativos, com sede na Suécia, fundada e liderada por Julian Assange, um activista digital, de nacionalidade autraliana, que usa a sua página na Internet para publicar mensagens de fontes anónimas, designadamente documentos, fotos, vídeos e informações confidenciais, retirados dos sistemas informáticos de governos, empresas e outras organizações, sobre assuntos sensíveis, tornando públicos factos, sentimentos e opiniões que, embora de interesse público, antes só existiam na esfera privada das instituições.
A principal missão do Wikileaks é estimular pessoas que tenham acesso a documentos secretos a torná-los públicos, destruindo segredos de estados e empresas, revelando práticas organizacionais e empresariais. Julian Assange diz que publica “destemidamente factos que precisam ser tornados públicos”. Apesar de a divulgação de segredos, historicamente, sempre ter sido exercida pela imprensa, a verdade é que, nos últimos tempos, o Wikileaks conseguiu ter acesso a uma quantidade impressionante de documentos importantes, entre os quais informações privilegiadas dos bastidores das guerras do Iraque e do Afeganistão e ainda, uma vasta troca de correspondência entre as diversas embaixadas dos Estados Unidos.

O WIKILEAKS NÃO FAZ JORNALISMO
A página do Wikileaks na Internet foi lançada em Dezembro de 2006. Um ano depois, já disponibilizava 1,2 milhões de documentos secretos em bruto, ou seja, sem qualquer tratamento informativo. Aliás, o Wikileaks não se destaca pelo tratamento dado ao conteúdo, que é divulgado sem critério nem edição, embora a organização fundada por Assange tenha a pretensão de abrir uma nova fronteira no jornalismo, ao oferecer a descontentes a possibilidade de fazer denúncias anónimas de uma forma que coloca em causa as fronteiras da ética e da deontologia jornalísticas. Por outro lado, fez mudar a noção de como lidar com assuntos considerados como confidenciais dentro dos governos. Aliás, já há especialistas em comunicação que acreditam não tardar muito para que a história da diplomacia no século XXI venha a ser ensinada em dois períodos de tempo distintos: antes e depois do Wikileaks.
Ao contrário dos editores dos meios de comunicação da imprensa, da rádio e da televisão, os editores do Wikileaks não fazem a mediação entre o acontecimento e o público – que é a principal tarefa dos jornalistas, seleccionando e interpretando os factos de interesse público. Aliás, perante o manancial de documentos despejados na Internet, quem tem feito o trabalho de procurar nesses documentos factos noticiáveis, traduzindo o seu significado para os cidadãos, sob a forma de notícias jornalísticas, têm sido precisamente os meios de comunicação tradicionais. Sem eles, o Wikileaks seria, talvez, um mero depósito de informação em bruto, não muito diferente de um arquivo nacional ou de uma biblioteca.
Uma segunda razão que afasta o Wikileaks do jornalismo é sua motivação. Jornalistas e activistas do ciberespaço parecem ter actividades de natureza semelhante: ambos procuram informação, em particular informação com dados inéditos. Mas os jornalistas também são movidos por outras forças: a ética, a sensibilidade e a responsabilidade social. Ao fazer uma reportagem, por exemplo, o verdadeiro jornalista tem a ética, a sensibilidade e responsabilidade social necessárias para não divulgar informações que possam pôr em risco a vida de crianças inocentes, ainda que essa atitude responsável possa prejudicar o seu trabalho, nomeadamente, diminuindo o impacto junto do seu público. Pelo contrário, o Wikileaks não se preocupa com as consequências da difusão dos documentos que coloca à disposição de todos na Internet. “O Wikileaks constrangeu várias das fontes das informações sensíveis que publicou”, lembra Helio Gurovitz, director de redacção da revista “Época”.

VIRAGEM HISTÓRICA NA DIPLOMACIA INTERNACIONAL
Com a divulgação de telegramas diplomáticos dos Estados Unidos da América, o dia 28 de Novembro de 2010 ficou marcado como um ponto de viragem na história da comunicação de massas e também na história da diplomacia e da política internacional. Para anunciar ao mundo um novo lote de documentos secretos, o Wikileaks associou-se a cinco grandes títulos da imprensa mundial, com quem acertou a divulgação programada dos documentos, causando a maior das perturbações nas representações diplomáticas de muitos países, pois foi possível saber, sem filtros, por exemplo, como é que o Governo de Washington faz diplomacia ou vê os líderes de outros países. O resultado foi um grande constrangimento para os EUA e a sua política externa. A grande façanha de Julian Assange foi escancarar as desavenças nas relações entre o Governo norte-americano e os demais países, inclusive alguns considerados “amigos”, para os quais era conhecido até então um discurso público de cooperação.
Os cinco grandes jornais e revistas – “Le Monde” (França), “The New Yorque Times” (EUA), “The Guardian” (Inglaterra), “Der Spiegel” (Alemanha) e “El País” (Espanha) – associaram-se à divulgação dos documentos do Wikileaks, tratando a informação. Essa divulgação pública, feita pelo Wikileaks e pelos meios de comunicação tradicionais, contraria, porém, as regras deontológicas do jornalismo, uma vez que os documentos em causa – e todos aqueles que são divulgados no “site” do Wikileaks – registam a particularidade de terem sido obtidos sem o consentimento das organizações a que esses documentos pertenciam.

QUESTÕES ÉTICAS E DEONTOLÓGICAS
Deste modo, podemos dizer que fica em causa a ética jornalística, ou seja, o conjunto de procedimentos éticos que regem a actividade do jornalista profissional, que têm a ver com a conduta desejável que as pessoas ou organizações que são objecto de notícia esperam de um profissional do jornalismo. Não são normas. São procedimentos da ordem do pudor, do bom senso e do senso moral, que dizem respeito aos valores morais.
Tal como o jornalista Mário Bettencourt Resendes(1952-2010), provedor dos leitores do “Diário de Notícias”, entre 2007 e 2010, podemos afirmar que as questões da ética jornalística estão a montante da deontologia jornalística, sendo que esta se refere a uma série de deveres, obrigações e interdições que regem a profissão de jornalista, as quais variam de País para País.
Em Portugal, as balizas que definem um exercício correcto da profissão estão definidas em dez pontos do Código Deontológico do Jornalista, em vigor desde 4 de Maio de 1993, os quais criam condições necessárias à existência de um jornalismo de qualidade. Porém, como adverte Mário Bettencourt Resendes, essas “condições necessárias” não são “forçosamente suficientes, sobretudo se os profissionais de informação encararem o Código Deontológico como é corrente interpretar-se a lei”, ou seja, entendendo que “tudo o que não é expressamente proibido é permitido ou, no mínimo, não é ilegal”. Ora, como considera Mário Bettencourt Resendes, “na actividade jornalística há inúmeras situações que estão a montante da deontologia e que remetem para uma ética da profissão, quando não para um simples julgamento que revele bom senso”.
O ponto número 4 do Código Deontológico que regula a actividade dos jornalistas em Portugal é muito claro quanto aos meios a que os profissionais podem ou não podem recorrer tendo em vista a obtenção de informação, afirmando que “o jornalista deve utilizar meios leais para obter informações, imagens ou documentos e proibir-se de abusar da boa-fé de quem quer que seja”. E o código acrescenta: “A identificação como jornalista é a regra e outros processos só podem justificar-se por razões de incontestável interesse público.”

O DILEMA ÉTICO
No “caso” Wikileaks levanta-se a questão de se saber se o interesse público da informação contida nos documentos seria susceptível de legitimar a acção publicitadora da organização e posterior tratamento e difusão por parte dos meios de comunicação tradicionais.
Por outras palavras, qual o papel dos meios de comunicação em relação ao Wikileaks? Será legítimo ou constituirá um serviço de responsabilidade social servir como braço mecânico e prolongado de quem surrupiou documentos secretos de gabinetes governamentais para colocá-los ao alcance de todos? Onde é que começa o acto criminoso e onde termina? O braço mecânico – ou seja, os meios de comunicação social que divulgam a informação secreta – tem vida própria ou segue a lógica inicial de quem tem acesso aos documentos de forma ilegítima?
Como acontece em relação a qualquer situação polémica, a divulgação pela imprensa dos documentos secretos tornados públicos pelo Wikileaks suscita as opiniões mais diversas. Há os que recriminam a imprensa pela divulgação e há também os que aplaudem a imprensa pela divulgação. A questão central é que um jornalismo com ética e com responsabilidade social jamais poderá acreditar que os fins (divulgar publicamente documentos confidenciais e não autorizados) justificam os meios (quebrar protocolos de segurança, infringir a privacidade alheia, roubar dados e informações).

O TERRENO DA TRANSPARÊNCIA
Ignacio Ramonet , antigo director do “Le Monde Diplomatique” e um dos estudiosos mais profundos, refinados e críticos do jornalismo convencional, considera que o Wikileaks “é o terreno da transparência” e que, nas sociedades contemporâneas, democráticas e abertas, “será cada vez mais difícil para o poder” manter uma dupla face, ou seja, “uma para fora e outra, mais opaca e secreta, para uso interno”. E embora recorrendo a meios de divulgação de informação secreta que não respeitam a ética, a verdade é que o Wikileaks, como sublinha Ramonet, foi capaz de revelar “que a maior parte dos Estados tinham um lado obscuro, oculto”, ou seja, desprovido de uma conduta ética.
Será que a revelação de informação secreta pelo Wikileaks pode, então, configurar uma situação de dilema ético, uma vez que, ainda que essa informação seja conhecida com base em meios ilegítimos, ela, afinal, acaba por revelar erros igualmente grosseiros por parte de governos e organizações que de outra forma não seriam conhecidos publicamente?
Vejamos uma situação extrema para exemplificar um dilema ético: uma mãe dividida entre salvar o seu filho ou várias crianças. A ética dos princípios poderia apontar que a vida, mesmo a de um filho, não pode valer mais do que a de algumas crianças. Já a ética da responsabilidade poderia evocar que a mãe tem a responsabilidade ética de proteger a vida do seu filho. Estamos perante um dilema ético quando estamos perante duas escolhas e as duas podem ser justificadas.
Para muitos especialistas, a saúde de uma democracia assenta, em grande parte, no papel de consciência crítica que o jornalismo representa. Numa sociedade democrática, a defesa da transparência, da verdade e da liberdade de expressão são inquestionáveis. A questão é saber se são inquestionáveis em todas as circunstâncias, nomeadamente quando ameaçam provocar consequências desastrosas, inclusive conflitos de âmbito mundial, colocando vidas em risco.

JULIAN ASSANGE: AMADO E ODIADO
O Wikileaks é uma ferramenta jornalística, no sentido em que promove a divulgação de informação de interesse público. Nesse sentido favorece o direito público de saber. Porém, a organização de Julian Assange não segue os princípios éticos do jornalismo tradicional, nem tampouco se preocupa com a qualidade do jornalismo, vertendo a informação na rede sem qualquer tipo de critério.
Entre a ética e a deontologia jornalísticas e o direito dos cidadãos à informação, parece evidente que o Wikileaks baralhou as fronteiras. Aliás, Julian Assange, que foi uma das figuras do ano de 2010, é, para uns, “o cavaleiro da transparência”, enquanto outros o consideram “um terrorista de alta tecnologia”. Amado e odiado, o fundador do Wikileaks defende-se: “O Wikileaks tem um histórico de quatro anos de publicação. Durante esse tempo mudámos governos, mas nem uma única pessoa, que se saiba, foi prejudicada. Mas os EUA, com a conivência do governo australiano, mataram milhares de pessoas.”

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A PGR e os crimes nas redes sociais


A propósito da violenta agressão de que foi vítima uma jovem de 14 anos, em Lisboa, num ataque chocante perpetrado por duas adolescentes e filmado na presença de um grupo de rapazes, cujas imagens foram exibidas na Internet e chegaram à televisão, a Procuradoria-Geral da República (PGR), em comunicado, afirma que "não tem peritos informáticos ao seu serviço capazes de detectar, em tempo útil, crimes divulgados nas redes sociais". É caso para perguntar: importam-se de repetir?!...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A vitória de Pedro Passos Coelho


Com a retórica que já lhe conhecemos, José Sócrates esteve igual a si próprio no debate com Pedro Passos Coelho, na noite desta sexta-feira, na RTP1. Profissional da imagem e da comunicação, apesar de ter sido licenciado em engenharia civil num domingo, Sócrates teve uma entrada de leão e uma saída de sendeiro.
Neste debate “decisivo”, Pedro Passos Coelho foi o “homem normal” que conhecemos. Tal como aquelas equipas de futebol que chegam à final da Taça de Portugal de modo surpreendente, Coelho entrou nervoso, sofreu um golo nos minutos iniciais, mas foi recuperando a confiança e conseguiu empatar o jogo na segunda parte. Dadas as expectativas iniciais, foi uma grande vitória de Pedro Passos Coelho.
José Sócrates, qual animal feroz, teve o seu melhor momento quando sacou do relatório da gestão da empresa de que Pedro Pessos Coelho era administrador antes de assumir a liderança do partido, com data de 2010, no qual o líder do PSD, então empresário, atribuia todos os males do ano à crise internacional, ressalvando, porém, o bom comportamento da economia portuguesa. Com isto, Sócrates quis explorar a contradição entre Pedro Passos Coelho-administrador de empresas e Pedro Passos Coelho-líder do PSD.
Para Coelho, foi duro ter sido surpreendido desta forma. A verdade é que o líder do PSD ressentiu-se, parecendo perdido durante vários minutos. No entanto, foi ganhando confiança, porque, do outro lado, Sócrates não tinha mais nada de novo para dizer ao País a não ser aquilo que tem repetido até à exaustão. Ou então, fugia às perguntas, transformando uma pergunta que era para ele num pedido de esclarecimento a Passos Coelho, como se o líder do PSD fosse o responsável pela governação do País nos últimos seis anos. Daqui resultou um debate crispado e pouco esclarecedor.
Até que Pedro Passos Coelho marcou o golo do empate: foi quando Sócrates não esclareceu nada sobre a sua proposta de redução da Taxa Social Única, caso seja reeleito Primeiro-Ministro. Aí, o líder do PSD soube, finalmente, dizer que era ele a dizer o que pretende fazer, dado que Sócrates não tinha nada estudado sobre o assunto. E deixou Sócrates com os dois dedos indicadores num "v" invertido sob o nariz... A retórica socrática era, finalmente, apanhada em falso. O seu discurso, muito eficaz, porque feito para ser entendido pelo povo, demonstrava que não chegava para colmatar todas as falhas de um projecto esgotado.  
Antes do debate, havia a percepção de que José Sócrates é muito melhor a comunicar a mensagem do que Pedro Passos Coelho. Mas o debate não confirmou essa percepção. Porque Pedro Passos Coelho aguentou-se. E foi assim que ganhou.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Jornalistas do desporto dirigem jornais portugueses


O ex-director do diário desportivo “O Jogo”, Manuel Tavares, foi escolhido por Joaquim Oliveira para director do “Jornal de Notícias”, o segundo jornal diário generalista mais lido do País, substituindo José Leite-Pereira, que se demitiu por divergências com a administração.
O “Jornal de Notícias”, que já foi o grande jornal do Porto e do Norte, está a atravessar uma crise de identidade, que parece ter origem na concentração dos meios e no desinvestimento na informação de cariz regional, que antigamente garantia ao JN um domínio total em toda a região nortenha. Ora, essa informação, que no passado dava aos leitores o pulsar do País e das suas regiões, foi substituída, nos últimos anos, pela publicação de edições diferenciadas (tornando as regiões do Interior mais distantes dos centros de decisão de Lisboa e Porto) e pelo reforço de uma informação de cariz sensacionalista, destacando-se a informação judiciária, policial e criminal.
Registe-se a curiosidade de Manuel Tavares – um amigo de Joaquim Oliveira, um homem que se fez empresário à boleia da publicidade estática nos estádios de futebol e que hoje lidera a Controlinveste – ser mais um jornalista da área do desporto a subir à direcção de um matutino generalista. E de trazer consigo Fernando Santos, como director-adjunto, que era director-adjunto de “O Jogo” e tinha sido subdirector e chefe da secção desportiva de “O Comércio do Porto”, na década de 1980.
João Marcelino, director do “Diário de Notícias”, igualmente escolhido por Joaquim Oliveira, também se fez jornalista no desporto, tendo sido director do “Record”. Mas não é só. Octávio Ribeiro, antigo futebolista do Barreirense, também foi jornalista desportivo, antes de assumir funções de coordenação na TVI e no “Correio da Manhã”, onde substituiu João Marcelino no cargo de director.
O neófito jornal “i” também é dirigido por um jornalista da área do desporto, Manuel Queiroz, que esteve em “O Jogo”, foi editor de desporto do “Público” e costuma comentar futebol na TVI.
Sou dos que pensam que a distinção entre jornalistas desportivos e de outros sectores não tem sentido. Há jornalistas e ponto final. Mas não deixa de ser curioso que os principais jornais diários generalistas portugueses sejam hoje dirigidos por jornalistas que fizeram carreira na área do desporto ou que dirigiram jornais desportivos. Estaremos perante uma pura coincidência ou uma curiosidade que deve ter algum significado, nomeadamente ao nível dos conteúdos da imprensa portuguesa?...
A verdade é que apenas o “Público”, o único jornal que é dirigido por uma mulher (Bárbara Reis), escapa a esta lógica.

terça-feira, 17 de maio de 2011

A publicidade do "i". Trinta segundos de inovação



Sou um fã do jornal "i", um projecto jornalístico que veio provar que em Portugal também se fazem coisas diferentes e bem feitas. Não é um jornal completo, nem perfeito, mas tem o condão de conseguir surpreender-nos todas as manhãs, de segunda a sábado, dando aos leitores algo mais do que as respostas às perguntas básicas suscitadas na elaboração de uma notícia. Porque isso, hoje, é noticiado na hora, através da Internet, transformando-se em matéria desactualizada quando chega aos jornais no dia seguinte.
Ora, os mentores do "i", jornal que é o cartão-de-visita nacional do portefólio de comunicação do Grupo Lena, compreenderam que para fazer melhor teriam que fazer diferente. E o projecto está a fazer o seu caminho, apesar das dificuldades inerentes às limitações que condicionam o mercado português. Dificuldades que obrigaram à redução de custos, facto que levou à demissão do seu primeiro director, Martim Avillez Figueiredo, que saiu em ruptura com a administração, tendo o jornal passado a ser dirigido por Manuel Queiroz, vindo do semanário "Grande Porto", do mesmo grupo empresarial.
Em Fevereiro deste ano, o jornal “i” venceu o prémio máximo da Society for News Design (SND). O júri, formado por cinco profissionais da comunicação da Alemanha, dos Estados Unidos da América (EUA), da Rússia e do Canadá destacou o carácter inovador do projecto e considerou que o matutino lançado em 2009 pelo Grupo Lena tem o “melhor design do mundo”.
O prémio foi conhecido há três meses, mas a campanha promocional só agora chegou à televisão. São 30 segundos de um anúncio “fresco” e “consistente”. Como o jornal. Só é pena que índice de leitores que compram o jornal não corresponda (não chega a vender 10 mil exemplares em todo o País, o que é muito pouco), pois a marca “i” tem todas as condições para agarrar as novas gerações de leitores, mesmo os leitores que preferem o papel. Porque, por força do design, “cada página oferece coisas que só dão vontade de devorar”, como diz o júri da Society for News Design.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O jornal oficial de um partido não é um "pentelho"...


Agora que estamos em campanha eleitoral, talvez seja o momento certo para debater o papel dos jornais partidários numa sociedade tecnológica, de informação, por natureza aberta, plural e ligada em rede, onde um fluxo de informação e de conhecimento está em movimento contínuo, à disposição de todos. Neste contexto hiperinformativo, os jornais partidários ainda serão úteis, como eram há 30 anos, ou já não têm utilidade nenhuma? Sendo úteis, serão bem elaborados ou mal elaborados? Acompanharam a evolução dos tempos ou foram ficando pelo caminho? Será que os partidos fazem estudos de opinião para saber de que forma é que devem comunicar com os militantes e com a sociedade ou entregam-se ao primeiro “marketeiro” que aparecer?
Um dos jornais partidários mais conhecidos, o “Povo Livre”, apresentado como “a histórica publicação da social-democracia portuguesa”, revela ser o caso de um jornal partidário mal aproveitado, sem grande utilidade na sua função de agente de divulgação das mensagens do PSD e, muito menos, de agente de sedução de novos militantes. É notoriamente um jornal feito por quem não sabe fazer jornais e que só mostra perceber do funcionamento das lógicas aparelhísticas que tomaram conta dos partidos políticos. Lógicas que, aliás, produzem um efeito contrário ao dos jornais, pois contribuem para fechar ainda mais um partido sobre aqueles que lá estão, em vez de abri-lo à sociedade e a novos seguidores.
Consultando a colecção digital recente do “Povo Livre”, no sítio oficial do PSD na Internet, verificamos que o líder Pedro Passos Coelho já é capa do jornal oficial do partido há 21 semanas consecutivas. A última capa que não teve uma foto enorme de Passos Coelho foi a da longínqua edição de 8 de Dezembro de 2010, em que a direcção do ”Povo Livre” escolheu a imagem de Francisco Sá Carneiro, para evocar o 30º aniversário da sua morte.
A escolha de Passos Coelho para capa do “Povo Livre” é legítima, mas o seu efeito é muito duvidoso, dado tratar-se de uma escolha constante. Será que ninguém da direcção nacional do PSD reparou neste grave erro de comunicação política, digno de um grupo amador, como classificaria Pedro Santana Lopes, ou a escolha é intencional?
Nem sequer discuto o conteúdo maçudo e previsível das páginas interiores, onde, por vezes, os textos são distribuídos numa única coluna tão larga como a página, talvez para não serem lidos. Voltemos à primeira página que, há várias semanas, tem ainda lugar para mais duas fotografias. Uma, a do canto superior esquerdo, também parece ter um dono, que é o secretário-geral Miguel Relvas, o chefe do aparelho. Já o ocupante da imagem do canto superior direito varia. Mas, na maior parte das edições, o lugar é ocupado por Marco António Costa, da poderosa Distrital do Porto, de onde, aliás, é oriundo Miguel Santos, o director da publicação.
Não conheço Pedro Passos Coelho só de agora. Há mais de 20 anos, participei em “worshops” de formação política, quando ele era vice-presidente do JSD e já demonstrava qualidades para ser um bom político. Hoje, Passos Coelho é bem melhor do que aquilo que tem conseguido comunicar. É esse valor natural que lhe pode valer a vitória das eleições de 5 de Junho.
No portefólio comunicacional de um partido político com vocação de poder governamental, um jornal oficial não pode ser encarado como um mero “pentelho” a que não se dá importância (para usar um vocábulo muito em voga na órbita laranja…). Ora, é também por desperdiçar meios de comunicação, como parece ser o caso do jornal oficial do PSD, que a liderança de Pedro Passos Coelho, ao contrário do que seria de esperar, revela dificuldades em afirmar-se como alternativa forte de Governo, não descolando de uma disputa renhida com José Sócrates, não obstante os índices de rejeição popular que afectam um primeiro-ministro socialista, que, curiosamente, já tem um lugar na história de Portugal por ter conduzido o País à bancarrota.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A RTP, os debates eleitorais e os protestos


Os pequenos partidos têm toda a razão quando dizem que são discriminados e, por isso, protestam contra as televisões pelo facto de terem ficado de fora dos debates eleitorais, para as eleições legislativas de 5 de Junho. A legislação até está do lado deles, mas ninguém a cumpre. Um dos protestantes, o madeirense José Manuel Coelho, valeu 190 mil votos nas últimas eleições Presidenciais (4,5 por cento dos votos). E valeu 190 mil votos porque, na campanha presidencial, as televisões não conseguiram eliminá-lo completamente do espaço mediático, tendo de aguentar, desde logo, com a sua presença nos debates...
Nos debates para as legislativas, que já estão a ser realizados, é diferente, pois segundo as regras definidas por livre arbítrio das televisões, só cabem os partidos com assento parlamentar. É um escândalo, pois significa que o sistema político se fecha, não abrindo espaço à afirmação pública de novos partidos e de novos rostos políticos através da televisão. O sistema democrático é, portanto, muito relativo.
Neste caso, acho que as televisões privadas são livres de estabelecer o seu critério. É por isso que são privadas. Já a RTP, que vive à custa do dinheiro de todos os portugueses que pagam impostos, tem responsabilidades diferentes. Pelo menos, deveria ter. Defender a democracia, promovendo a pluralismo político, como define a Constituição da República Portuguesa, deveria ser uma das bandeiras da televisão pública. Mas não é.
Infelizmente, a RTP comporta-se como se fosse uma televisão privada, concorrendo com as privadas. É por isso que se justifica uma televisão pública que defenda e promova um serviço público de qualidade, que respeite os sectores minoritários da sociedade.
Acontece, porém, que este debate não interessa. Quem poderia beneficiar dele, ou seja, aqueles que agora não têm espaço na televisão, ganhariam um novo protagonismo. Ora, isso poderia reformar o sistema. Por isso, é um debate que não interessa a quem já tem o seu lugar bem visível nos vários ecrãs, sejam públicos ou privados... FOTOGRAFIA: "Diário de Notícias"

Pensamentos marcantes. Eça de Queirós


"Nas nossas democracias, a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal. Para se conquistarem essas sete linhas benditas, os homens praticam todas as acções – mesmo as boas."
Eça de Queirós, escritor português, 1845-1900

domingo, 8 de maio de 2011

Pensamentos marcantes. Peter Ustinov


"A comunicação é a arte de ser entendido."
Peter Ustinov, actor e escritor inglês, 1921-2004

O público é quem mais ordena



Os telemóveis não têm sexo. Logo, não podemos ficar apaixonados por eles. Mas, como acontece com este anúncio da "What Mobile" uma revista inglesa sobre telemóveis e outros dispositivos ("gadgets") móveis de transmissão de dados , o marketing faz tudo por nós e consegue compensar a assexualidade da máquina com a sensualidade da modelo Lucy Becker. A expectativa da "What Mobile" é que o público-alvo se apaixone ao olhar para a imagem, reagindo mais ou menos assim: "Olha que gaja boa, quero saber tudo sobre esse telemóvel!...". Naturalmente, nem toda a gente reage assim. É por isso que há públicos diferentes. E para públicos diferentes, produtos diferentes. No limite, um produto à medida de cada cliente. No marketing de hoje o público é quem mais ordena.

Pensamentos marcantes. Adlai Stevenson


"Um editor de jornal é alguém que separa o joio do trigo – e publica o joio."
Adlai Stevenson, político norte-americano, do Partido Democrata, 1900-1965

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Passos, Sócrates e os "media"


Sim, o PSD dá tiros no pé. Sim, há um grave problema de comunicação política no PSD, particularmente irritante no actual momento. Ou seja, esta liderança do PSD, que nunca me convenceu, está a ser estranhamente amadora. São 8h37 da manhã, mas convém relembrar o pêndulo kantiano: sim senhora, o PS está na tirania, mas, caramba, o PSD está na anarquia. Dr. Passos não dá para calar o dr. Relvas, o dr. de Gaia e aquele-senhor-mais-velhinho-que-não-pára-calado-o-dos-aldrabões? Não dá para entregar a voz do partido ao dr. Catroga e ao dr. Carlos Moedas?
Porém, tudo isto não desculpa o atual momento que se vive nos “media”. É inaceitável a equivalência moral que está a ser feita entre a ingenuidade de Passos Coelho e os actos governativos de José Sócrates. Essa equivalência – que está em vigor nos “media” – não é aceitável. José Sócrates está lá há 15 anos. Passos Coelho nunca lá esteve. José Sócrates levou o país à bancarrota. Passos Coelho é líder da oposição há um ano. Aproveitar o ruído do PSD para esconder o fracasso absoluto da governação PS é uma coisa inaceitável. Moral e intelectualmente. Um exemplo: na segunda-feira, o hino novo (?) do PSD teve mais “buzz” do que a notícia das 600 mil crianças que perderam o subsídio de família. Isto não é justo. Uma vírgula mal colocada numa declaração de Passos Coelho causa mais eco na imprensa do que um acto de má governação de José Sócrates (ex.: a factura de eletricidade das escolas triplicou com a Parque Escolar). Isto não é normal. Se Passos Coelho dá um espirro, todos os jornais caem em cima; há um motim de Teixeira dos Santos contra José Sócrates, mas isso não causa polémica nem discussão. Isto não está certo. Não é honesto.
Em suma, o amadorismo do PSD não desculpa o cinismo dos “media” e do “mainstream” opinadeiro, que está sempre disposto a fazer o jogo do “spin” socrático. Lemos e ouvimos coisas que dizem aos portugueses que a crise começou na semana passada. Isto não é honesto. Isto é entregar a honestidade do espaço público a noções de marketing político. Esqueçam Kant, Aron, Keynes, esqueçam a História, a Economia, a Teoria Política, esqueçam o pensamento e os neurónios. O que interessa é o marketing, a comunicação e o “timing” (essa doença infantil do espírito opinadeiro nacional). O que interessa é "ó Luís, já os enganei, ou não?". Obrigado, mas não obrigado.
[FONTE: Henrique Raposo, “Expresso”, 05-05-2011]

Preguiça e falta de respeito pelos leitores


Estamos em Portugal, somos portugueses e falamos português, mas, por vezes, parece que não. Ora, a soberania e a força da cultura de um País também têm a ver com uso que os nativos fazem da sua língua. O "Diário Económico" anunciou as 34 medidas da ‘troika’ internacional, formada pela União Europeia, pelo Banco Central Europeu e pelo Fundo Monetário Internacional, que vão mudar a vida dos portugueses, mas remeteu os seus leitores para um documento em inglês. Enquanto insistirem em fazer jornais para jornalistas, não será possível conquistar novos leitores e aumentar tiragens. Além disso, publicar um documento em inglês, mesmo numa edição digital, constitui um exemplo de preguiça e falta de respeito pelos leitores. Mais a mais pelo facto de estarmos perante um documento com uma linguagem técnica. Teria custado muito traduzir o documento e publicá-lo poucas horas mais tarde?...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O director de marketing público


O município brasileiro de Nova Petrópolis, no Estado do Rio Grande do Sul, que se apresenta como sendo o "jardim da serra gaúcha", acaba de ser considerado um dos melhores destinos turísticos do País. Mas a razão deste apontamento é outra: o prémio foi recebido pelo prefeito, Luiz Irineu Schenkel, e pelo director de Marketing Público, Marco Dieder, na última sexta-feira, dia 29, em São Paulo. "A partir do momento que há foco e há trabalho colectivo os resultados aparecem”, referiu Marco Dieder. A pergunta é: quantos municípios portugueses têm um director de marketing público, que seja especialista em marketing público, a trabalhar com base num bom plano estratégico?

A demissão do jornalismo


Durante a sua comunicação ao País, sem direito a perguntas dos jornalistas, José Sócrates chegou a designar o encontro perante as câmaras de televisão e os microfones como uma “conferência de imprensa”. O jornalista António Granado, no blogue Ponto Media, revela que, para além da impossibilidade de perguntas dos jornalistas, nenhum jornal foi autorizado a fazer fotografias da importante comunicação ao País. Sócrates só permitiu ser fotografado pelo seu fotógrafo oficial, Ricardo Oliveira, que, no último congresso do PS, também fora o único autorizado a fotografar o líder partidário nas poses mais positivas.
O que é assustador é que nenhum dos jornais proibidos de fotografar o Primeiro-Ministro – e foram todos – faz hoje qualquer comentário sobre o assunto. O que é assustador é que os editores e directores de fotografia não se revoltem contra estes actos dignos de uma ditadura. É a completa demissão do jornalismo português. A demissão de informar os cidadãos, mediando os acontecimentos públicos. Além do silêncio perturbador, a falta de rigor.
O “Jornal de Notícias”, o “Diário de Notícias” e o “Jornal de Negócios” atribuem as fotos correctamente a Ricardo Oliveira, do GPM, ou seja, do “Gabinete do Primeiro-Ministro”. O “Público” atribui a mesma imagem à agência France Press. E, na sua edição digital, o “Jornal de Notícias” indica Ricardo Oliveira como sendo fotógrafo da Global Imagens, a agência de fotografia do grupo Controlinveste. Já para o “Correio da Manhã”, Ricardo Oliveira é dado como sendo fotógrafo da agência Lusa.
Curiosamente, o único jornal que fez o que deveria ser feito foi o diário i: fez uma imagem da televisão (que ilustra este "post"), muito mais informativa, pois até nos diz que, no momento em que Sócrates falava, estava a ser disputado o jogo de futebol entre o Barcelona e o Real Madrid.

terça-feira, 3 de maio de 2011

A comunicação de Sócrates


Em comunicação política, a antecipação é um trunfo poderoso. Aproveitando o intervalo do Barcelona-Real Madrid, um grande jogo de futebol da Liga dfos Campeões, o primeiro-ministro José Sócrates chamou a televisão para falar ao País sobre o programa negociado entre o Governo e o trio formado pela União Europeia (EU), pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Falou a um País que tinha sido preparado para o pior, negando as más notícias das últimas semanas, que tinham dando conta de que o pacote de austeridade poderia mexer com os subsídios de férias e de Natal.
Bastou-lhe falar daquilo que não vai acontecer para que aquilo que disse acabasse por ter um grande significado para muita gente. Mais: Sócrates, que tinha a seu lado a cara de contrariado do ministro de Estado e das Finanças, Teixeira dos Santos, garantiu que não serão precisas mais medidas de austeridade para 2011. E informou que as medidas de austeridade negociadas com a “troika” internacional serão tomadas tendo por base o PEC IV, o tal que foi chumbado na Assembleia da República, dando origem às eleições antecipadas de 5 de Junho.
Donde, digam o que disserem, o português comum que decide eleições ouviu a intervenção do Primeiro-Ministro com atenção e, depois de ficar saber, entre outras coisas, que não lhe serão tirados os subsídios de férias e de Natal, concluiu, aliviado: “Se tudo isto é verdade, por que é que Passos Coelho deitou o Governo abaixo?" Este será um dos pontos centrais do argumentário socialista.
Na sua comunicação, que, tal como a de Sócrates, também não teve direito a perguntas dos jornalistas, não fosse a boca fugir para o inconveniente, Eduardo Catroga, que falou logo a seguir, em jeito de reacção do PSD ao acordo alcançado com a "troika", não conseguiu desvendar aquele mistério.

domingo, 1 de maio de 2011

Facebook lança "Studio" para campanhas de marketing


Chama-se Facebook Studio. É a resposta da equipa de Mark Zuckerberg aos agentes do marketing e da comunicação, que há muito procuravam o Facebook para dizer que gostariam de mais exemplos, ideias e ferramentas para as suas campanhas na rede social. Para as agências e marcas estão em causa os formatos "quadrados" para publicidade disponíveis no Facebook, com tamanhos imutáveis e que não permitem vídeos e som.
Por isso, a rede social mais popular em Portugal acaba de lançar o Facebook Studio, onde a comunidade de marketing poderá celebrar a inovação e a criatividade. O principal objectivo é que agências e marcas possam mostrar o seu trabalho e ser reconhecidas pelas campanhas que publicam na rede social.
O espaço foi baptizado como “Studio” para representar o local onde as ideias nascem e são compartilhadas. O Facebook Studio, que ainda não está disponível em português, foi especialmente desenvolvido para que agências e marcas possam exibir seu trabalho e ser reconhecidas pelas campanhas que lançam no Facebook.
O sítio é aberto ao público, ou seja, aproveita a capacidade de partilhar do Facebook entre as pessoas pelas quais os consultores de marketing e comunicação estão realmente interessados – clientes actuais e futuros. Por outro lado, o “Studio” é também uma excelente fonte para agências de comunicação e empresas que estão à procura de inspiração criativa e material didáctico sobre como aproveitar ao máximo as potencialidades do Facebook.
O Facebook Studio reúne trabalhos feitos para a rede social, na intenção de inspirar os criativos que pretendam investir na plataforma. Funciona como uma espécie de galeria, na qual é possível consultar campanhas por marca, região, idioma, índice de preferência e de partilha, entre mais.