quarta-feira, 18 de maio de 2011

Jornalistas do desporto dirigem jornais portugueses


O ex-director do diário desportivo “O Jogo”, Manuel Tavares, foi escolhido por Joaquim Oliveira para director do “Jornal de Notícias”, o segundo jornal diário generalista mais lido do País, substituindo José Leite-Pereira, que se demitiu por divergências com a administração.
O “Jornal de Notícias”, que já foi o grande jornal do Porto e do Norte, está a atravessar uma crise de identidade, que parece ter origem na concentração dos meios e no desinvestimento na informação de cariz regional, que antigamente garantia ao JN um domínio total em toda a região nortenha. Ora, essa informação, que no passado dava aos leitores o pulsar do País e das suas regiões, foi substituída, nos últimos anos, pela publicação de edições diferenciadas (tornando as regiões do Interior mais distantes dos centros de decisão de Lisboa e Porto) e pelo reforço de uma informação de cariz sensacionalista, destacando-se a informação judiciária, policial e criminal.
Registe-se a curiosidade de Manuel Tavares – um amigo de Joaquim Oliveira, um homem que se fez empresário à boleia da publicidade estática nos estádios de futebol e que hoje lidera a Controlinveste – ser mais um jornalista da área do desporto a subir à direcção de um matutino generalista. E de trazer consigo Fernando Santos, como director-adjunto, que era director-adjunto de “O Jogo” e tinha sido subdirector e chefe da secção desportiva de “O Comércio do Porto”, na década de 1980.
João Marcelino, director do “Diário de Notícias”, igualmente escolhido por Joaquim Oliveira, também se fez jornalista no desporto, tendo sido director do “Record”. Mas não é só. Octávio Ribeiro, antigo futebolista do Barreirense, também foi jornalista desportivo, antes de assumir funções de coordenação na TVI e no “Correio da Manhã”, onde substituiu João Marcelino no cargo de director.
O neófito jornal “i” também é dirigido por um jornalista da área do desporto, Manuel Queiroz, que esteve em “O Jogo”, foi editor de desporto do “Público” e costuma comentar futebol na TVI.
Sou dos que pensam que a distinção entre jornalistas desportivos e de outros sectores não tem sentido. Há jornalistas e ponto final. Mas não deixa de ser curioso que os principais jornais diários generalistas portugueses sejam hoje dirigidos por jornalistas que fizeram carreira na área do desporto ou que dirigiram jornais desportivos. Estaremos perante uma pura coincidência ou uma curiosidade que deve ter algum significado, nomeadamente ao nível dos conteúdos da imprensa portuguesa?...
A verdade é que apenas o “Público”, o único jornal que é dirigido por uma mulher (Bárbara Reis), escapa a esta lógica.

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