terça-feira, 3 de maio de 2011

A comunicação de Sócrates


Em comunicação política, a antecipação é um trunfo poderoso. Aproveitando o intervalo do Barcelona-Real Madrid, um grande jogo de futebol da Liga dfos Campeões, o primeiro-ministro José Sócrates chamou a televisão para falar ao País sobre o programa negociado entre o Governo e o trio formado pela União Europeia (EU), pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Falou a um País que tinha sido preparado para o pior, negando as más notícias das últimas semanas, que tinham dando conta de que o pacote de austeridade poderia mexer com os subsídios de férias e de Natal.
Bastou-lhe falar daquilo que não vai acontecer para que aquilo que disse acabasse por ter um grande significado para muita gente. Mais: Sócrates, que tinha a seu lado a cara de contrariado do ministro de Estado e das Finanças, Teixeira dos Santos, garantiu que não serão precisas mais medidas de austeridade para 2011. E informou que as medidas de austeridade negociadas com a “troika” internacional serão tomadas tendo por base o PEC IV, o tal que foi chumbado na Assembleia da República, dando origem às eleições antecipadas de 5 de Junho.
Donde, digam o que disserem, o português comum que decide eleições ouviu a intervenção do Primeiro-Ministro com atenção e, depois de ficar saber, entre outras coisas, que não lhe serão tirados os subsídios de férias e de Natal, concluiu, aliviado: “Se tudo isto é verdade, por que é que Passos Coelho deitou o Governo abaixo?" Este será um dos pontos centrais do argumentário socialista.
Na sua comunicação, que, tal como a de Sócrates, também não teve direito a perguntas dos jornalistas, não fosse a boca fugir para o inconveniente, Eduardo Catroga, que falou logo a seguir, em jeito de reacção do PSD ao acordo alcançado com a "troika", não conseguiu desvendar aquele mistério.

Nenhum comentário: