Com a retórica que já lhe conhecemos, José Sócrates esteve igual a si próprio no debate com Pedro Passos Coelho, na noite desta sexta-feira, na RTP1. Profissional da imagem e da comunicação, apesar de ter sido licenciado em engenharia civil num domingo, Sócrates teve uma entrada de leão e uma saída de sendeiro.
Neste debate “decisivo”, Pedro Passos Coelho foi o “homem normal” que conhecemos. Tal como aquelas equipas de futebol que chegam à final da Taça de Portugal de modo surpreendente, Coelho entrou nervoso, sofreu um golo nos minutos iniciais, mas foi recuperando a confiança e conseguiu empatar o jogo na segunda parte. Dadas as expectativas iniciais, foi uma grande vitória de Pedro Passos Coelho.
José Sócrates, qual animal feroz, teve o seu melhor momento quando sacou do relatório da gestão da empresa de que Pedro Pessos Coelho era administrador antes de assumir a liderança do partido, com data de 2010, no qual o líder do PSD, então empresário, atribuia todos os males do ano à crise internacional, ressalvando, porém, o bom comportamento da economia portuguesa. Com isto, Sócrates quis explorar a contradição entre Pedro Passos Coelho-administrador de empresas e Pedro Passos Coelho-líder do PSD.
Para Coelho, foi duro ter sido surpreendido desta forma. A verdade é que o líder do PSD ressentiu-se, parecendo perdido durante vários minutos. No entanto, foi ganhando confiança, porque, do outro lado, Sócrates não tinha mais nada de novo para dizer ao País a não ser aquilo que tem repetido até à exaustão. Ou então, fugia às perguntas, transformando uma pergunta que era para ele num pedido de esclarecimento a Passos Coelho, como se o líder do PSD fosse o responsável pela governação do País nos últimos seis anos. Daqui resultou um debate crispado e pouco esclarecedor.
Até que Pedro Passos Coelho marcou o golo do empate: foi quando Sócrates não esclareceu nada sobre a sua proposta de redução da Taxa Social Única, caso seja reeleito Primeiro-Ministro. Aí, o líder do PSD soube, finalmente, dizer que era ele a dizer o que pretende fazer, dado que Sócrates não tinha nada estudado sobre o assunto. E deixou Sócrates com os dois dedos indicadores num "v" invertido sob o nariz... A retórica socrática era, finalmente, apanhada em falso. O seu discurso, muito eficaz, porque feito para ser entendido pelo povo, demonstrava que não chegava para colmatar todas as falhas de um projecto esgotado.
Antes do debate, havia a percepção de que José Sócrates é muito melhor a comunicar a mensagem do que Pedro Passos Coelho. Mas o debate não confirmou essa percepção. Porque Pedro Passos Coelho aguentou-se. E foi assim que ganhou.
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