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sábado, 2 de junho de 2012

Medina Carreira vende jornais

O melhor barómetro sobre a venda de jornais não é um estudo da Marktest, ou de outra empresa de sondagens e estudos de opinião. O melhor barómetro é a caixa registadora de um quiosque. Neste sábado, por exemplo, fiquei a saber, no meu quiosque, em Vila Nova de Famalicão, que o economista Medina Carreira, com mais de 80 anos de idade, ainda vende jornais.
Antigo ministro das Finanças de Mário Soares, tendo abandonado o Partido Socialista, em 1978, por divergências quanto à política económica então adoptada, Medina Carreira foi o primeiro analista português a falar da falência económica do Estado e do País, quando toda a gente andava atrás das obras públicas de betão de José Sócrates e ainda ninguém sonhava com a intervenção internacional liderada pelo FMI ou com cortes nos ordenados e nos subsídios de férias e de Natal. De Medina Carreira dizia-se, grosso modo, que estava a ficar maluco ou fora do prazo de validade.
Neste sábado, o mesmo Medina Carreira dá uma entrevista à edição de fim-de-semana do jornal “i” (ver aqui) e ocupa quase toda a primeira página do jornal, que agora é dirigido por Eduardo Oliveira e Silva. Pelas 13h00, os 8 jornais que tinham dado entrada no meu quiosque habitual já tinham sido vendidos. “Foi o Medina Carreira. Com o Medina Carreira na capa vendi o jornal rapidamente. E se mais tivesse mais vendia”, explicou-me o homem do quiosque, observando que tem notado nos últimos tempos, durante a semana, uma migração de leitores do “Público” para o “i”. Onde o “Público” continua forte é nas edições de fim-de-semana. Neste sábado, por exemplo, dos 26 exemplares que ali chegaram “nenhum será devolvido”.
O facto de Medina Carreira ter feito o jornal “i” vender mais jornais do que nos restantes dias da semana – habitualmente são vendidos no mesmo quiosque uma média de 4 exemplares – é só a confirmação de que os jornais dão passos em frente quando conseguem surpreender os leitores e quando conseguem ser diferentes de todos os outros.  
Por falar no jornal “i”, é anunciada uma renovação de colaboradores para as páginas de opinião. A jornalista Constança Cunha e Sá, o criminalista Rui Patrício, o deputado Adolfo Mesquita Nunes, o dirigente socialista João Ribeiro e a jornalista Fernanda Mestrinho estão na lista dos novos cronistas do “i”.

terça-feira, 6 de março de 2012

James Curran. “ A Internet está a pulverizar o jornalismo”


“Pensava-se que a Internet iria remodelar o mundo, mas o mundo acabou por fazer o contrário. Acho que foi o mundo a ter mais impacto na Internet que o contrário.”
“Talvez a palavra “flop” seja demasiado forte para caracterizar o impacto que a Internet acabou por ter no mundo. As expectativas não foram cumpridas, mas o activismo político, por exemplo, ficou muito mais forte com a Internet. Qualquer grupo que se reúna para combater algo que o preocupe tem na Internet o melhor difusor da mensagem. E muitos têm conseguido marcar a agenda mundial, há vários exemplos. Veja-se a denúncia das fábricas da Apple na China, onde são pagos ordenados miseráveis e os trabalhadores têm falta de condições de trabalho. À custa dos vários protestos na Internet, a Apple já tomou medidas para tentar reverter a situação. A influência da Internet é enorme, é uma das grandes consequências. Com a Internet os activistas conseguem trazer mais activistas para a rua. E a Internet teve grande impacto na movimentação dos capitais. Apesar de tudo, o mundo não ficou melhor com a Internet, não da forma que se imaginava há 15 ou 20 anos.”
“Os grandes excluídos são os que não têm acesso à Internet. Apenas 30% da população mundial tem acesso fácil e os 70% que não o têm são de países pobres. Isso quer dizer que as principais mudanças provocadas pela Internet ocorreram nos países ricos. E há outro aspecto: a Internet promove o activismo, mas o activismo acaba por ficar limitado aos mais ricos. Se formos um cidadão pobre a viver numa sociedade rica e ocidental, vivemos uma experiência dolorosa de exclusão, quase pior que viver num país totalmente pobre, devido à componente moral da pobreza, em que as pessoas são culpadas da sua pobreza, por falharem o êxito pessoal e material. Isso aumenta a exclusão do activismo político, por as pessoas estarem mais desmoralizadas e afastadas da acção. Há vários factores no mundo real que desencorajam as famílias mais pobres de serem mais activas em termos políticos. E tal facto projecta uma enorme sombra sobre o alcance da Internet. O ciberespaço não deu mais poder às pessoas, de forma global.”
“Outra das desilusões dos que, nos anos 90, tinham grandes expectativas quanto à Internet e à liberdade da circulação da informação, que estaria fora do alcance dos estados, é que os governos andam cada vez mais a vigiar a Internet. Organizações como a Wikileaks e a Anonymous tentam reverter essa tendência de supra-vigilância estatal sobre o cidadão comum. Estes movimentos tentam manter vivo o espírito inicial da Internet, de quando se acreditava que ela iria derrubar ditadores e seria uma ferramenta da liberdade de expressão.”

“A penetração da Internet na Arábia Saudita, em Marrocos ou nos Emirados Árabes Unidos (EAU), por exemplo, é bem maior que na Tunísia, na Líbia ou no Egipto. Mas os sauditas ou os marroquinos não fizeram a Primavera Árabe. Nem os habitantes dos Emirados àrabes Unidos. Isso mostra que a tecnologia não faz revoluções. Foram outras as razões que levaram à Primavera Árabe, como o desemprego, as falhas no sector da educação, as rivalidades tribais, o sistema económico, etc. E houve sinais que mostraram que a Primavera Árabe ia acontecer. Os jornalistas ocidentais caíram na tentação de olhar para esta revolução como fruto da Internet e do seu poder. Mas é claro que a Internet acabou por dar alguma força à questão, mostrando ao mundo rico o que se estava a passar por lá.”

“Muitos dos chamados ‘egovernos’ apenas disponibilizam informação para consulta, sem grande comunicação entre governantes e governados. É um mero pró-forma por parte das entidades estatais, para deixar os cidadãos satisfeitos. A maior parte das vezes são meras acções de relações públicas.”

“Acho que [o jornalismo] está a ficar pior. A Internet está a afastar o investimento publicitário dos chamados meios tradicionais, levando a que menos jornalistas tenham de produzir mais conteúdos e baixando a qualidade. E quanto ao mito do jornalista-cidadão, é uma forma de jornalismo que não tem um modelo de viabilidade muito definido. De resto, a Internet está a pulverizar o jornalismo.”
James Curran, director do Goldsmith Media Research Centre, jornal “i”, 06-03-2012 (ver aqui documento integral)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Jornalismo, poderes fácticos e novas censuras


O jornal “i”, o diário português que é considerado um dos jornais mais inovadores da actualidade, publica na sua edição de hoje um artigo meu sobre os desafios que se colocam ao jornalismo contemporâneo, nestes tempos críticos para as instituições representativas do Estado e dos poderes democráticos. Sob o título "Jornalismo, poderes fácticos e novas censuras", o texto pode ser lido clicando aqui ou nas linhas que se seguem. Boa leitura!

Uma das funções do jornalismo é fiscalizar poderes públicos e privados, assegurando transparência nas relações políticas, económicas e sociais. É por isso que os meios de comunicação social são apontados como “quarto poder”, pois têm a capacidade de manipular a opinião pública, de ditar regras de comportamento e de influenciar nas escolhas dos indivíduos e da própria sociedade.
Um texto noticioso implica uma selecção vocabular e um ordenamento dos factos por influência de múltiplos factores de ordem subjectiva. Os jornalistas, intencionalmente ou não, podem ser vítimas da propaganda ou da desinformação. Mesmo sem errar com dolo, podem dar uma visão parcial dos factos, focando determinados aspectos em detrimento de outros. Como diz Nélson Traquina, no manual “Jornalismo” (2002), a actividade jornalística é uma realidade muito selectiva, construída através dos óculos dos profissionais do jornalismo.
Mário Mesquita, no livro “O Quarto Equívoco – O Poder dos Media na Sociedade Contemporânea” (2003), aborda mitos e realidades do chamado “quarto poder”, começando por identificar uma crise de representação dos poderes do Estado, que se reflecte na diminuição da participação cívica, na prevalência do consumidor sobre o cidadão, e num distanciamento dos eleitores perante os eleitos. A questão é saber se estamos perante um “quarto poder”, orientado pelos órgãos de comunicação e ao serviço dos cidadãos, ou se estamos perante um “quarto equívoco”, telecomandado por poderes fácticos, que influenciam e decidem opções editoriais.
Segundo Mesquita, o poder mediático dissemina informação e institui-se em tribuna de debate, o que deveria incentivar a cidadania. No entanto, agrava a crise, porque facilita a “desintermediação” das instituições representativas, acentua a personalização no exercício dos cargos públicos e, por via da transformação da notícia num espectáculo, contribui para uma atitude de desconfiança social em relação aos poderes legitimados pelo voto, que passam a ser cada vez mais subalternizados por decisões adoptadas em “centros de poder invisíveis”. Assim, o exercício da governação nas democracias contemporâneas é cada vez mais prisioneiro de poderes fácticos de natureza financeira, económica e tecnológica. A globalização, os mercados, a banca e as bolsas são palavras-chave de uma reconfiguração do mundo que coloca em perigo o Estado-Nação, como se observa na actual crise portuguesa e europeia.
Ao mesmo tempo, os “media” tendem a questionar a legitimidade do representante eleito – ao confrontá-lo, em permanência, com factos ou opiniões desfavoráveis –, e a dar palco a figuras com “boa imagem mediática” ou cuja acção provoque o conflito ou o incidente, que pode resultar numa imagem de televisão espectacular. Deste modo, como observa Mário Mesquita, a acção mediático-jornalística pode influenciar, distorcer ou corroer a representatividade política – o que pode acontecer em função do dinheiro disponível, da qualidade da assessoria de comunicação ou do talento teatral dos candidatos.
O director da SIC Notícias, António José Teixeira, numa conferência sobre “A Política e o Poder do Jornalismo”, na Universidade Lusófona de Lisboa (2009), confessou o mesmo pessimismo. “Vivemos uma crise de representação em que o poder político vai ficando refém de teias de poderes não sufragados”, o que, aliado a “um poder mediático tão voluntarioso como impotente”, coloca a democracia em risco. Curiosamente, em 2011, mudou o Governo em dois países europeus (Grécia e Itália), sem que tenha havido eleições…
O jornalista Paul Moreira vai mais longe, no livro “As Novas Censuras – Nos Bastidores da Manipulação da Informação” (2008), onde aborda as múltiplas técnicas de manipulação da informação aplicadas na cadeia do processo noticioso: “Se a verdade for difundida pelos ‘media’, há que controlar o impacte sobre a opinião e tudo fazer para que não seja ouvida e, sobretudo, para que não crie uma emoção popular.”
No tempo da informação instantânea, em que jornalistas, organizações e cidadãos produzem informação, já não se faz censura cortando a frase ou a notícia que não convém à instituição ou ao Governo. Hoje, gere-se a percepção do público. Porque todos nós agimos ou decidimos em função das percepções. Essa gestão é feita pelos especialistas em relações públicas e comunicação política – os “spin doctors”, assim designados nos países anglo-saxónicos. O seu trabalho é justamente “massajar” a mensagem, para que chegue à opinião pública a verdade mais forte. Não interessa o que aconteceu na realidade, mas aquilo que os “media”, como intermediários, dizem que aconteceu. É neste colete-de-forças que vive o jornalismo contemporâneo.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Os estrangeiros na economia


Nesta terça-feira, o jornal “i” chama a EDP à primeira página para nos alertar para o aumento da presença estrangeira na estrutura accionista da empresa. “EDP. Estrangeiros já controlam mais de metade do capital”, revela uma notícia assinada pela jornalista Ana Suspiro. Aquela expressão “já controlam” diz tudo quanto à alegada perigosidade desse controlo…
Não sei qual é o problema de o capital da EDP se encontrar na mão de estrangeiros. O que sei é que não faltam bons exemplos de investimentos estrangeiros em Portugal, muitos deles estruturantes para a nossa economia. Até para a nossa agricultura. Lembro-me, por exemplo, dos ingleses, que descobriram o vinho do Porto como um negócio mundial. Ou dos espanhóis, que, mais recentemente, investiram na produção de azeite nas terras escandalosamente abandonadas do Alentejo. Ora, não consta que os ingleses tivessem levado o vinho do Porto para outro lado. Assim como os estrangeiros que agora controlam a EDP não levarão a empresa eléctrica. E se, por absurdo, a levassem, não faltariam outras empresas a distribuir energia, se calhar em melhores condições para os consumidores.
A preocupação de certa imprensa portuguesa com o investimento estrangeiro é uma autêntica estultícia jornalística, mais a mais agora que vivemos num mundo globalizado e que precisamos, nós portugueses, de equilibrar a nossa economia estando presentes nos mercados globais com as nossas exportações e os nossos investimentos.
Neste aspecto, faz todo o sentido ser liberal. Se as exportações portuguesas e os investimentos directos portugueses feitos no estrangeiro são uma coisa boa, o domínio estrangeiro em certas empresas com sede em Portugal não pode ser transformado numa coisa má.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

António Ribeiro Ferreira é o terceiro director do "i"


Em apenas dois anos, o diário "i" já soma a segunda empresa proprietária e o seu terceiro director. O jornalista António Ribeiro Ferreira é o novo timoneiro do "i", onde substitui Manuel Queiroz, que agora deverá regressar ao Porto, onde sempre viveu. Ribeiro Ferreira entra em funções nesta terça-feira, confirmou à agência Lusa Jaime Antunes, novo proprietário do título. Ainda de acordo com o empresário, a jornalista Ana Sá Lopes permanecerá como directora-adjunta.
António Ribeiro Ferreira era actualmente grande repórter do "Correio da Manhã". Há cerca de 20 anos esteve em funções de chefia nos melhores anos de “O Independente”, dirigido por Paulo Portas, agora líder do CDS e ministro dos Negócios Estrangeiros, quando o semanário da Rua do Actor Taborda, nas noites de quinta-feira, causava insónias aos ministros e secretários de Estado dos Governos  do PSD de Cavaco Silva.
Posteriormente, António Ribeiro Ferreira mudou-se para o “Diário de Notícias”, onde chegou a director-adjunto. Para já, será o único nome que Jaime Antunes traz para o diário adquirido na semana passada ao Grupo Lena, que está em retirada do negócio da comunicação social. "O objectivo é valorizar a equipa" do “i”, afiança o empresário.
Quanto a despedimentos, o antigo candidato à presidência do Benfica não afasta esse cenário – embora não tenha entrado em detalhes. Ouvido pelo “Público”, afirmou ser “provável que haja despedimentos", mas recusou ir mais longe.
Com uma venda diária de 8.626 exemplares, o jornal, lançado em 2009 e considerado possuidor do melhor design do mundo, recebeu mais um galardão. A jornalista Clara Silva venceu a edição de 2010 do Prémio Gazeta, versão revelação devido a uma reportagem publicada no matutino.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Grupo Lena vende o jornal com o melhor design do mundo

O Grupo Lena, focalizado nos negócios da construção civil e obras públicas, anunciou hoje que vendeu o jornal “i” ao empresário Jaime Antunes. Como é referido no sítio oficial na Internet, o Grupo Lena cumpre assim “mais uma etapa importante no seu plano de reestruturação”, marcado pela redução da sua presença no mercado da comunicação social. O Grupo Lena diz que foi assegurada “a continuidade do projecto”, que agora passa a ser detido por uma empresa liderada pelo empresário Jaime Antunes, fundador do “Diário Económico” e do “Semanário Económico” (este já extinto, por fusão com o "Diário Económico"). Antunes também esteve na fundação do diário "Manhã Popular", na segunda metade da década de 1990, projecto que se revelou um fiasco ao fim de poucos meses.
Jaime Antunes, que já foi candidato à presidência do Benfica, foi contactado pelo “Público”, mas não revelou os valores envolvidos no negócio da compra do  “i”, nem indicou se haverá despedimentos ou contratações na publicação. O empresário, que nesta quinta-feira vai à redacção comunicar oficialmente que será o proprietário do jornal a partir de 1 de Julho, apenas garante a continuidade do título. Também não esclareceu quem será o próximo director da publicação.
Antes de ter fundado o “Semanário Económico”, o “Jornal de Negócios” e o “Manhã Popular”, o novo patrão do “i” foi director de informação da agência de notícias ANOP, que, em 1987, por fusão com a agência Notícias de Portugal, viria a dar lugar à agência Lusa.
Um “i” minúsculo é o título do mais novo jornal diário generalista da imprensa portuguesa, cujo primeiro número foi lançado em 7 de Maio de 2009. Ocupa o quinto lugar em vendas, com uma média de 10 mil exemplares comercializados, segundo dados da Marktest relativos ao último trimestre de 2010.
 Mas de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira pela Associação Portuguesa de Controlo de Tiragens, vendeu 4482 exemplares, em média, por dia, entre Janeiro e Abril deste ano. Já o "Diário Económico" adianta que o “i” está agora a vender 8262 jornais por dia.
O “i” foi o primeiro jornal diário português de âmbito nacional nascido no século XXI e surgido numa época de crise económica. Tem uma periodicidade diária, de segunda-feira a sábado (não se publicando ao domingo, o que é uma inovação entre os diários nacionais). O “i” tem um formato mais pequeno do que os jornais convencionais, é totalmente a cores e é agrafado. Foi distinguido com os prémios "Melhor Jornal Europeu" de 2009, atribuído pela European Newspaper Award, e "Jornal mais bem desenhado da Península Ibérica" de 2009, atribuído pela Society for News Design, concurso onde ganhou um total de 31 prémios. O jornal britânico “The Guardian” considerou o jornal “i” um dos jornais mais inovadores do mundo. Em Fevereiro de 2011, o jornal “i” venceu o prémio máximo da Society for News Design (SND). O júri, formado por cinco profissionais da comunicação da Alemanha, dos Estados Unidos da América (EUA), da Rússia e do Canadá destacou o carácter inovador do projecto e considerou que o matutino lançado em 2009 pelo Grupo Lena tem o “melhor design do mundo”. O primeiro director foi Martim Avillez Figueiredo, que se manteve em funções até Abril de 2010, altura em que se demitiu, alegando que um plano de eliminação de despesas apresentado pela administração iria desvirtuar o projecto editorial inicial. Avillez foi substituído no cargo pelo jornalista Manuel Queiroz, que até então dirigia o semanário "Grande Porto", agora dirigido pelo jornalista Miguel Ângelo Pinto, que o Grupo Lena também alienou este ano. O "Diário As Beiras" e o semanário "O Algarve" foram outros jornais que o Grupo Lena alienou.

terça-feira, 17 de maio de 2011

A publicidade do "i". Trinta segundos de inovação



Sou um fã do jornal "i", um projecto jornalístico que veio provar que em Portugal também se fazem coisas diferentes e bem feitas. Não é um jornal completo, nem perfeito, mas tem o condão de conseguir surpreender-nos todas as manhãs, de segunda a sábado, dando aos leitores algo mais do que as respostas às perguntas básicas suscitadas na elaboração de uma notícia. Porque isso, hoje, é noticiado na hora, através da Internet, transformando-se em matéria desactualizada quando chega aos jornais no dia seguinte.
Ora, os mentores do "i", jornal que é o cartão-de-visita nacional do portefólio de comunicação do Grupo Lena, compreenderam que para fazer melhor teriam que fazer diferente. E o projecto está a fazer o seu caminho, apesar das dificuldades inerentes às limitações que condicionam o mercado português. Dificuldades que obrigaram à redução de custos, facto que levou à demissão do seu primeiro director, Martim Avillez Figueiredo, que saiu em ruptura com a administração, tendo o jornal passado a ser dirigido por Manuel Queiroz, vindo do semanário "Grande Porto", do mesmo grupo empresarial.
Em Fevereiro deste ano, o jornal “i” venceu o prémio máximo da Society for News Design (SND). O júri, formado por cinco profissionais da comunicação da Alemanha, dos Estados Unidos da América (EUA), da Rússia e do Canadá destacou o carácter inovador do projecto e considerou que o matutino lançado em 2009 pelo Grupo Lena tem o “melhor design do mundo”.
O prémio foi conhecido há três meses, mas a campanha promocional só agora chegou à televisão. São 30 segundos de um anúncio “fresco” e “consistente”. Como o jornal. Só é pena que índice de leitores que compram o jornal não corresponda (não chega a vender 10 mil exemplares em todo o País, o que é muito pouco), pois a marca “i” tem todas as condições para agarrar as novas gerações de leitores, mesmo os leitores que preferem o papel. Porque, por força do design, “cada página oferece coisas que só dão vontade de devorar”, como diz o júri da Society for News Design.