quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Balsemão, a crise de valores e o jornalismo


“A actual crise não se resume às finanças, ao défice, à dívida ao sistema bancário, à economia, ao não crescimento, à baixa do consumo e às desigualdades das empresas. A crise é também social – as desigualdades, o desemprego, a fome – e de valores – o desânimo, a indignação, a legitimação da violência, e, por outro lado, as dúvidas quanto à democracia, o populismo, e o anti-europeismo.”

“Sem ‘media’ profissionais – e, portanto, independentes e capazes – a crise económico-financeira poderá ser ultrapassada, a crise social poderá ser disfarçada, mas a crise de valores, essa, prosseguirá e tenderá a agravar-se."

"Como no tempo do salazarismo, continuam a existir [em Portugal] políticos e empresários ou candidatos a empresários que julgam que os ‘media’ podem e devem ser meros instrumentos a utilizar para a prossecução dos seus interesses económicos ou de influência."

"Criam-se alianças estranhas: os políticos tentam usar os falsos empresários de comunicação social, para que saiam ou não saiam as notícias, as entrevistas, os artigos de opinião, as aberturas do telejornal; os falsos empresários de comunicação social vendem, por acção ou omissão, o apoio dos media que controlam a quem está no poder, em troca de favores noutras áreas. Tudo isto passando ou tentando passar por cima dos jornalistas, embora, como no tempo do salazarismo, com a colaboração activa de alguns. Tudo isto metendo o jornalismo na gaveta. (…) Quem pensa e actua assim está a mais na área dos ‘media’."

"Hoje, mais do que nunca, em plena crise, o jornalismo autêntico, não conspurcado, livre, profissional, é fundamental."

Pinto Balsemão, fundador do “Expresso”, antigo Primeiro-Ministro e presidente da Impresa, discursando no XXI Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimentodas Comunicações, 23-11-2011

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