quarta-feira, 16 de novembro de 2011

João Duque, Carlos Magno e os jornalistas vendidos


O líder do "grupo de trabalho" escolhido pelo Governo para definir o serviço público de comunicação social, o economista João Duque, pensa genuinamente que os portugueses devem ter o mínimo de informação possível sobre o que se passa no País e no mundo e que o mundo só deve saber sobre Portugal aquilo que o Governo acha que deve ser notícia. Duque também acha, convictamente, que os jornalistas, editores e directores dos meios de comunicação do Estado são todos uns vendidos, partindo do princípio que todos os poderes, em particular o político, fazem deles o que querem. Até Paulo Portas, que não está para ser queimado nesta fogueira de incompetentes, fugindo das más notícias como quem foge dos pingos da chuva, já disse que não quer nada com a RTP Internacional.
Por ter falado em jornalistas, que João Duque considera que são vendidos ao poder político, um dos que serviram o Estado foi precisamente Carlos Magno (na foto), novo presidente da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) e eminência do nosso espaço mediático, tanto que terá sido escolhido directamente pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, num triste e lamentável processo de "eleição".
Ora, em função das conclusões do tal "grupo de trabalho", que defende a extinção da ERC, Carlos Magno tem fortes razões para se sentir enganado, caso Miguel Relvas resolva seguir as indicações. Porém, Magno ainda não disse nada sobre o assunto, ao contrário do seu antecessor, Azeredo Lopes, embora, premonitoriamente, tenha dito que, enquanto presidente da ERC, iria privilegiar a língua portuguesa e evitar a conflitualidade com jornalistas e meios de comunicação. Isto é, a nova liderança da ERC não está para se chatear muito.
Resumindo e concluindo, se um "grupo de trabalho", que deveria ser formado por gente considerada especialmente preparada sobre um assunto em questão, pensa o que pensa sobre o serviço público de comunicação social, não custa admitir o que pensarão outros grupos de trabalho de outros sectores de actividade no País. Juntando tudo, temos Portugal no seu melhor, ou seja, o País que todos conhecemos.

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