O
jornalismo digital é sinónimo de informação instantânea. O pior é que isso,
muitas vezes, significa falta de confirmação dos dados junto das fontes e ausência de cruzamento de informações, por
alegada falta de tempo. Na Internet a concorrência é ditada ao segundo e
ninguém quer perder a corrida desenfreada pela notícia dada antes dos outros. Noutros
tempos, antes da rapidez da Internet, quando a concorrência dos jornais
impressos tinha, pelo menos, a cadência das 24 horas do dia, a publicação de
notícias com base em dados não confirmados era identificada como um exemplo de incompetência
profissional de jornalistas, editores e diretores.
Agora,
as edições digitais cometem erros grosseiros que, por sua vez, são reproduzidos
por outras edições digitais e pelas edições impressas do dia seguinte e,
inclusive, nas revistas da semana seguinte. É o descrédito total do jornalismo
impresso – que não tem culpa nenhuma dos erros grosseiros cometidos por maus
profissionais digitais sem tempo para nada.
É
neste contexto que muitas notícias falsas se propagam como vírus tanto nas
edições digitais como nas edições impressas, provocando o descrédito do
jornalismo e alimentando discussões sobre o fim do jornal impresso e sobre um
futuro digital e em rede capaz de resolver os problemas do jornalismo.
Curiosamente,
ninguém confessa, mas um jornalismo sem crédito deve interessar muito aos interesses
privados que invadiram governos e outras instituições públicas, e invadiram
também o espaço público mediático. Quanto menos credível é o jornalismo, mais
esses interesses podem medrar.
Mais
do que discutir se o jornalismo deve ser impresso ou deve ser digital, importa
discutir em que condições é que o jornalismo deve ser feito. A crise de
credibilidade no jornalismo contemporâneo é uma questão fundamental. Se a distribuição
do jornalismo aos cidadãos é feita em modo digital ou em modo impresso será, a
meu ver, uma questão igualmente importante, mas não elementar. A propósito
desta reflexão sobre a crise do jornalismo contemporâneo, aconselho a leitura
de um texto de Jessica Behrens e João José Forni, no blog “Comunicação & Crise”,
sobre o que tem a ver a poluição chinesa com a crise do jornalismo (ver aqui: http://bit.ly/PcHIe3).
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