O
jornal "O Povo", fundado há 85 anos pelo
jornalista Demócrito Rocha (1888-1943), na cidade de Fortaleza, está no grupo dos órgãos de imprensa mais prestigiados do Brasil, embora seja um meio regional, atuando no Nordeste, em especial no mercado do Ceará. Além do "Folha de S. Paulo", que é uma das grandes referências do
jornalismo impresso, “O Povo” é o único jornal do Brasil que tem provedor dos
leitores, ou "ombudsman", como se diz em terras brasileiras, numa das
várias importações linguísticas dos EUA. Mas, se tivermos como termo de
comparação os jornais diários portugueses, "O Povo" tem mais: tem o Conselho
dos Leitores, um órgão devidamente empossado à vista da comunidade, no dia de
aniversário do jornal, e tem Correspondentes. Não são correspondentes de
guerra. São estudantes, que nunca escreveram num jornal e que anualmente são nomeados responsáveis pelo envio de notícias da
escola para serem editadas no jornal. É assim que começa a ligação dos jovens
de Fortaleza ao jornalismo. Fazendo notícias.
Sabendo
da importância de “O Povo” na região do Nordeste, que é a zona do Brasil que mais cresce economicamente, a Presidente Dilma Roussef não deixou de enviar uma mensagem à administração do jornal de Fortaleza, a quinta maior capital do País: “Uma imprensa
regional forte é aquela que documenta os acontecimentos, retrata os anseios e
esperanças da população, cria vínculos com as comunidades e colabora, com
críticas e sugestões, para o desenvolvimento da região que representa. ‘O Povo’
carrega na sua história essas marcas”, frisou Dilma.
Na
festa dos 85 anos de "O Povo", em que estiveram centenas de pessoas
da sociedade cearense, e onde foi apresentado o “Anuário do Ceará 2013” – um
excelente documento histórico com mais de 700 páginas de informação, que está à
venda por 97 reais – os novos jovens correspondentes foram os primeiros a ser
chamados ao palco. Há grandes carreiras jornalísticas que começam assim. E há
jornais que sabem adaptar-se aos tempos de mudança em que vivemos: vão buscar
os jovens às escolas e convocam os leitores à participação organizada na vida
do jornal. E todos crescem em conjunto, agregando valor à marca do jornal. Os leitores, inclusive, também produzem conteúdos para um suplemento intitulado "Jornal do Leitor".
Tendo
como presidente da empresa a jornalista Luciana Dummar, que está no jornal desde os 16 anos de idade, “O Povo” soube crescer e renovar-se ao longo dos anos. Hoje, continua sendo um
jornal deste tempo e com prestígio junto da sua comunidade de leitores, não obstante
os 85 anos de existência. Ao contrário do que acontece em outros continentes (ver aqui), o jornal brasileiro abraçou as novas edições digitais, mas a sua versão impressa em papel não é
questionada. “Hoje, um jornal é um produto para ser editado e distribuído em múltiplas
plataformas”, explicou-me o jornalista Jocélio Leal, editor executivo e
especialista em assuntos econômicos.
Por
outras palavras, as edições digitais foram incorporadas e são hoje uma realidade
em ascensão no portfólio de produtos informativos do grupo de comunicação “O
Povo”, que se alargam à rádio e à televisão. As edições em papel são apenas mais
um meio, entre outros, de difusão da informação. Por isso, o papel não vai ser
abandonado. No fundo, o jornal é um só, que se complementa somando a edição
impressa às múltiplas edições digitais, seja no “site” oficial, nos blogs, nas redes sociais
e nas plataformas móveis. A televisão e as quatro rádios do grupo, por seu lado,
ajudam a reforçar a marca “O Povo” com outro tipo de produtos informativos e de
entretenimento. Em resumo, um bom exemplo de gestão.
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