Na
comunicação política do líder de um Governo há três componentes estratégicos
que são essenciais: a liderança, o discurso e o agendamento. Estes componentes
constituem um conjunto integrado e interdependente da comunicação de um líder
governamental. A liderança define um estilo de governação; o discurso dá-lhe
uma narrativa; e o agendamento confere-lhe proactividade. Da conjugação destes
elementos resulta a solidez, a estrutura e um programa orientado para o reforço
da imagem e da liderança do Governo e do seu líder. Ou não. Como acontece com
Pedro Passos Coelho (PPC) na liderança do Governo português.
Essa
foi uma das principais conclusões a que cheguei num trabalho de análise que
teve como objecto empírico determinar a configuração mediática de PPC, a partir
da observação do jornal diário “Público” ao longo das 30 edições impressas
entre 1 e 30 de Abril de 2012. Uma análise feita exclusivamente na perspectiva
de quem recebe a informação através da leitura do jornal impresso. Daí resultou
a percepção de PPC como um primeiro-ministro condicionado pela crise económica
e financeira de Portugal e da Europa, que não concentra em si a comunicação do
Governo e que se revela mais reactivo do que proactivo.
A
presença de PPC na primeira página do “Público”, por exemplo, além de reduzida,
aconteceu basicamente por motivos que lhe foram alheios ou que não decorreram
da sua agenda mediática própria. E as notícias negativas para a imagem e
reputação políticas de PPC superaram as notícias positivas em termos
quantitativos (61,90% % contra 16,66%).
Analisei
a presença de PPC na primeira página, a representação fotográfica e as
referências em artigos e secções de opinião, em entrevistas e reportagens (trabalho completo disponível aqui para "download").
Normalmente,
PPC aparece como portador de más notícias ou como alguém incapaz de evitá-las
ou combatê-las. Alguém que é percepcionado como não tendo um rumo claro e
definido, que anda a reboque dos acontecimentos.
O
que é preocupante para Pedro Passos Coelho e o seu Governo é que estamos no mês
de Julho, passaram três meses, e o registo permanece, com tendência para
piorar. De Abril para cá já se registaram dois “casos” envolvendo o ministro
Miguel Relvas e já verificamos o descontrolo das contas das Finanças. O
Tribunal Constitucional, por seu lado, ao declarar inconstitucional a
eliminação dos subsídios de férias e de Natal em exclusivo para os
funciconários públicos, obrigou ao anúncio de mais austeridade para todos os
portugueses em 2013. Por tudo isto, PPC é o rosto mediático de um País em
dívida. FOTO: Sean Gallup/Getty Images
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