Com a democratização do telemóvel e do acesso à Internet, grande parte da população passou a viver em rede, num grande sistema mediático, que continua a ser baseado nos meios de comunicação tradicionais – o jornal, a rádio e a televisão –, mas que agora conta com a comunicação própria e cada vez mais profissionalizada de governos, de empresas e organizações, públicas e privadas, cujas mensagens chegam até nós sem pedir licença, em regime contínuo, desde que acordamos até ao momento em que nos deitamos.
Hoje, vivemos num sistema mediático sem fronteiras, onde todos comunicam com todos. Partilhamos textos, sons e imagens. Conversamos, trabalhamos, namoramos, ouvimos música e trocamos correspondência. Damos a nossa opinião no “site” do jornal, da rádio ou da televisão – que antes não abriam espaço à interacção. Recebemos notícias, imagens, opiniões e motivos de entretenimento, mas também podemos difundir as nossas notícias, as nossas opiniões, as nossas imagens, os nossos sons. Somos, ao mesmo tempo, consumidores e produtores de informação.
Viver nesta gigantesca aldeia global não é fácil e exige muito de todos nós, quer sejamos profissionais de informação e de comunicação ou meros consumidores.
Para nós, enquanto consumidores de informação e entretenimento, o sistema mediático é como uma faca de dois gumes, que tem lâmina cortante dos dois lados. Se não soubermos utilizar a faca correctamente, um dos lados da lâmina pode ferir-nos. A utilização que fazemos do sistema mediático também requer a nossa melhor atenção.
Lendo jornais, ouvindo rádio e vendo televisão, nós ficamos a saber mais coisas sobre a nossa terra, sobre o País e sobre o mundo. Teoricamente, ficamos a compreender o que acontece sobre aquilo que nos interessa, mas nem sempre é assim. Muito poucas vezes é assim.
A hierarquização da informação é de ordem subjectiva. É essa subjectividade que contribui para estabelecer algumas diferenças entre meios de comunicação. Também é essa subjectividade que molda o nosso pensamento e a opinião que temos das decisões de um Governo ou de um tribunal.
Um texto noticioso implica uma selecção vocabular e um ordenamento dos factos que são influenciados por múltiplos factores de ordem subjectiva. Com a hierarquização das notícias num jornal ou num telejornal acontece precisamente o mesmo. É um processo subjectivo, que depende de múltiplos e variados factores, a começar pela formação e pela sensibilidade de quem está a decidir. É com essa subjectividade que os “media” ditam as prioridades de debate no espaço público, moldando a nossa vida e a nossa opinião sobre a realidade. Numa sociedade de massa, o poder dos “media” assenta na sua capacidade de manipular a opinião pública, de ditar regras de comportamento e de influenciar nas escolhas dos indivíduos e da própria sociedade. É um grande poder. É um poder muito apetecível.
Obs. – Este é o primeiro de uma série de textos curtos criados a partir da minha comunicação sobre o poder dos “media” nas nossas vidas, proferida na Universidade Lusófona do Porto, nesta segunda-feira, 30 de Abril, no âmbito da iniciativa nacional “Um Dia com os Media”.
Um comentário:
Obrigada pela sua partilha.
É uma reflexão muito pertinente, parabéns.
Fátima sendim
Postar um comentário