Na
segunda metade da década de 1990, José Luís Arnaut era um jovem executivo conhecido
por segurar a pasta de Marcelo Rebelo de Sousa, quando este liderava o PSD, na
ressaca do cavaquismo. Em pouco tempo, Arnaut tornou-se homem público-privado,
entre a advocacia, os negócios e o Governo de Durão Barroso. No tempo de
Sócrates recolheu aos gabinetes da advocacia e dos negócios. Até que, quando cheirava a poder, apareceu
na campanha do PSD e na televisão como comentador político. A defender a causa
do partido, claro. Agora está na ribalta por ter entrado na administração da Rede
Eléctrica Nacional (REN). Diz que foi para lá por indicação da família
Oliveira, da Riopele, e não pelo Governo.
A
questão não está em quem formalmente fez o convite. A verdade é que, sabe-se
agora, a REN é uma antiga cliente do escritório de Arnaut. E o escritório de
Arnaut tem sido responsável por muita produção legislativa no âmbito do sector
energético. Daí a polémica (ver aqui).
Este
é só mais um daqueles casos que minam gravemente a confiança que os portugueses
possam ter num Governo que, no essencial, faz o que Bruxelas e o FMI dizem que
tem de ser feito, ocupando grande parte do tempo a controlar os danos
resultantes destas polémicas, fragilizando-se perante os eleitores.
Os
nomes saltam da memória sem esforço nenhum. Casos como os de José Luís Arnaut, Eduardo
Catroga, Dias Loureiro, Oliveira e Costa ou António Borges, no PSD, e os de Jorge
Coelho, Pina Moura ou Armando Vara, no PS, embora diferentes, confirmam que Portugal é uma
coutada dominada pelos espertalhões do grande bloco central dos interesses em
que se transformou a vida política portuguesa. É por isso que até o impoluto
Cavaco Silva, se não quiser ser agredido ou insultado, já não pode sair do Palácio de
Belém.
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