“Acho que sou um bom entrevistado porque sei o que o entrevistador quer. Gosto de fazer perguntas, mas também gosto que me façam perguntas. (…) O entrevistador é que está a controlar. Você é que sabe o que vai perguntar. Mas eu gosto de tudo, é tudo comunicação. Gosto de me conectar, gosto de pessoas, gosto de falar, embora goste mais de ouvir as outras pessoas falar. Nunca aprendo nada quando sou eu a falar.”
“Os produtores não me dão perguntas, dão-me informação de ‘background’ e alguns pontos-chave. Mas quanto menos preparar [as entrevistas], melhor. Tive o luxo de poder entrevistar com tempo, entrevistas de uma ou de duas horas com um convidado. É verdade que quando se tem apenas dez minutos é preciso preparar a entrevista melhor do que quando se tem uma hora.”
“Vi muitas entrevistas ao longo da vida. De cada vez que há confrontação percebo que é interessante durante algum tempo, mas não aprendo muito com isso. Aprende-se quando se faz boas perguntas e se obtém boas respostas. Não há pior para isso do que criar um ambiente hostil. Um entrevistado, uma vez, fez-me a pergunta derradeira: “Suponha que chega a casa e encontra a sua mulher com outro homem, o que faria?” O mais fácil era ficar zangado e atirar coisas. Mas qual é a única coisa que se quer quando se está numa situação dessas? Informação. Quem é este, como é que isto aconteceu? E qual é a melhor forma de a obter? É dizer: “Vou fazer um chá. Porque é que não nos sentamos os três e falamos sobre o que se passou?” Nesse momento, o marido passa a dominar a situação. Não sei como é que se pode fazer isso, mas se se puder, fica-se a saber muito mais. É melhor ser hostil ou ser amável e fazer perguntas? Para mim, a opção é lógica.”
“As entrevistas mais difíceis são aquelas em que as pessoas não respondem. Robert Mitchum, que eu adorava como actor, dava-me respostas de uma só palavra, que é o pior que pode acontecer: sim, não, talvez. Mas eu gostei de 99,9 por cento das entrevistas que fiz. Aprendi muito. (…) Acho que foram 55 mil [entrevistas]. Tinha de ser algo dessa dimensão. Foram 54 anos de rádio e de televisão, a trabalhar cinco ou seis noites por semana.”
Larry King, apresentador do programa “Larry King Live”, na CNN, entre 1985 e 2010, actualmente com 78 anos, entrevistado pelo jornalista Micael Pereira, para a revista “Única”, do semanário “Expresso”, 14-05-2011
Um comentário:
Muito bom...obrigado por repartir
jornalistadeinvestigacao@hotmail.com
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