domingo, 11 de dezembro de 2011

RTP. Mudar tudo para que tudo fique na mesma



“A RTP custou este ano 350 milhões de euros, sem nos dar em troca os correspondentes conteúdos de interesse público e de valorização pessoal. Para o ano vai-nos custar mais de 600 milhões! Sim, mais de 600 milhões, pois será incluída no orçamento a dívida que foi colocando a RTP numa falência técnica crónica sempre tolerada pelos governos em troca dos serviços prestados à propaganda e à desinformação.”

“O ministro Miguel Relvas pretende contas controladas por um genuíno sentido de defesa do dinheiro público num momento de crise, para ter a empresa financeiramente pronta para a privatização de um canal e para passar por salvador da RTP, tal como Morais Sarmento, que a "salvou" em 2002 para se servir dela de 2003 em diante.”

“Em 2011, pretende-se de novo emagrecer a RTP para salvar o modelo de sempre na relação com o poder político, permitindo à RTP, a qualquer momento, servir o governo e o sistema partidário (os outros partidos toleram e apoiam este modelo, porque comem as migalhas queo governo e a RTP lhes atiram ao chão).”

“Este Governo, como os anteriores, pretende algum controlo sobre aspectos da informação, como a "sugestão" de chefias e de comentadores políticos, a agenda do ‘Prós e Contras’ — que tem sido, desde há quase dez anos, o verdadeiro programa do Governo —, e as habituais "sugestões" para a agenda noticiosa normal. É isto que está em causa.”

“O ministro Relvas reconduzirá o presidente da RTP, um PS que se aprestou ao frete da recuperação financeira imposta pela ‘troika’ e a despedir umas centenas de funcionários. Uma ressalva na lei que baixou os salários das outras empresas públicas salvaguarda os altos salários desta administração. O administrador Luís Marinho, a quem não se conhece nenhum trabalho de mérito, que disse ser José Sócrates um primeiro-ministro "óptimo", que já foi director de informação em tempos de governos PSD ou PS, está "sugerido" por Relvas para director-geral da RTP, o que será, na minha opinião, um desastre para os conteúdos e para a informação. Alguém duvida dos motivos que levam Relvas a querer Marinho como director-geral?”

Eduardo CintaTorres, membro do Grupo de Trabalho nomeado pelo Governo para definir o Serviço Público de Comunicação Social, “Corrreio da Manhã”, 11-12-2011

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