segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Lula da Silva na cama do hospital


O ex-Presidente do Brasil Lula da Silva continua a ser um fenómeno mediático. A forma natural e transparente como deu a conhecer o seu cancro na laringe e o início dos tratamentos, que a fotografia, divulgada pelo próprio Instituto Lula, documenta, coloca o antigo serralheiro do Pernambuco no grupo dos grandes líderes políticos mundiais que melhor comunicam. 
Ainda assim, o ex-Presidente brasileiro não se livrou de críticas nas redes sociais e nas caixas de comentários de notícias de jornais digitais. Lula deixou o Governo brasileiro ao fim de dois mandatos de quatro anos com uma popularidade na ordem dos 80 por cento. Com ele, o Brasil cresceu economicamente, mas não deixou de ser um paraíso para os corruptos. Em contrapartida, a sua sucessora, Dilma Rousseff, em menos de um ano, já demitiu seis ministros, justamente por causa de alegados actos de corrupção.
Como se pode ler aqui, muitos brasileiros chamam ainda a atenção para a histórica degradação do serviço público de saúde e lembram que Lula deveria ter ido tratar o seu cancro no serviço público e não no privado e bem equipado Hospital Sírio-Libanês, em S. Paulo. Recorde-se que no Brasil, só é possível ter acesso a um bom serviço de saúde na medicina privada, através de um seguro de saúde.

Obs. - Mais notícias sobre Lula da Silva: www.icidadania.org

EDP abandona o Facebook


O dinheiro não é tudo. A distribuidora portuguesa de energia EDP é uma prova viva dessa máxima. É uma empresa que dá lucros de milhões, por força da sua posição dominante e agressiva – no pior sentido, na medida em que o cliente paga o que consome e o que não consome, por força de artimanhas legislativas difíceis de aceitar – num mercado onde a concorrência praticamente não existe.
Apesar de ter muito dinheiro para investir, a EDP tem estado em crise de comunicação nos últimos tempos. Primeiro, por causa do seu logótipo, que era igual ao de uma serralharia de Braga. A EDP perdeu o sorriso e foi obrigada a mudar a identidade visual por decisão dos tribunais. Agora, por não saber comunicar e interagir com os clientes nas redes sociais, como já escrevi aqui, a empresa de António Mexia decidiu abandonar o Facebook. É só mais uma empresa a dar-se mal com a democracia vigente no espaço público digital. As redes sociais não são para quem pode, são para quem sabe e para quem está disponível para interagir com o cidadão comum – sendo útil para os clientes, dialogando com eles e acolhendo críticas e sugestões, criando um vínculo duradouro.
Como se pode ler aqui, para conquistar pessoas é preciso que as empresas estejam nas redes sociais como se fossem pessoas. Por isso, a falta de jeito da EDP para estar no Facebook é surpreendente. Mais a mais por estarmos perante uma grande empresa, na qual, curiosamente, o Estado ainda é accionista.

domingo, 30 de outubro de 2011

A condenação de Duarte Lima


Até prova em contrário, o antigo líder parlamentar do PSD Domingos Duarte Lima, acusado de homicídio pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, tem direito à presunção da inocência. Porém, não se entregando à justiça brasileira transformou-se num foragido. Tenha sido ele ou não o autor material da morte de Rosalina Ribeiro (herdeira milionária do empresário Tomé Feteira), a verdade é que Duarte Lima passou a transportar na testa a placa que o identifica como um homicida, com um apetite perigoso pelo dinheiro. O "caso" BPN, onde também é arguido, é só outra história na vida do rapaz pobre do interior  de Bragança, que subiu degraus a mais até cair com estrondo nos meandros da política, do poder e dos negócios da capital.
Em termos de comunicação, Duarte Lima tem estado bem numa coisa: não aparece em lado nenhum a falar do caso da morte de Rosalina Ribeiro para reagir às notícias que têm origem no Brasil. Mas não dispondo de outros trunfos, não terá grandes hipóteses de conquistar a opinião pública. Na verdade, só teria uma saída para evitar a condenação mediática de que está a ser alvo: seria entregar-se à justiça brasileira. Seria a única forma de “dizer” que está de consciência tranquila.

Dizem que o bebé sete mil milhões nasce na Índia

O diário "Público" afiança na sua primeira página que o bebé sete mil milhões vai nascer na Índia, nesta segunda-feira. Como é que é possível saber antecipadamente que a criança vai nascer na Índia? As notícias resultam de factos ou de estimativas duvidosas? O jornalismo do século XXI tem mesmo muito que se lhe diga.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Passos Coelho poupado e Cavaco gastador


Em poucos meses, já houve um tempo em que o “spinning” do PSD colou Pedro Passos Coelho à figura austera, meticulosa, reservada e frugal de Cavaco Silva. Porém, na sociedade da comunicação quase instantânea em que vivemos, as coisas mudam muito depressa. Como se sabe, recentemente, o Presidente da República começou a demarcar-se da política de austeridade do Governo PSD-CDS/PP, provocando grande ruído nas relações entre Belém e S. Bento. A resposta do “spinning” de Passos Coelho aparece hoje nas páginas do jornal “i”. E também no "Diário de Notícias".
Pedro Passos Coelho é apresentado como o poupadinho. Referenciado pelo "i" como mais caro do que alguns reis europeus, custando o dobro do rei de Espanha, por exemplo, Cavaco é, assim, transformado num político gastador, que nem dispensa médico e mordomo no seu "numeroso séquito". Passos Coelho “leva consigo” e Cavaco Silva “arrasta atrás dele”. Até nos verbos escolhidos se nota que a guerra entre Belém e S. Bento está ao rubro.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Casas de ministros e subsídios imorais


Os ministros José Pedro Aguiar Branco (Justiça) e Miguel Macedo (Administração Interna) e o secretário de Estado José Cesário (Comunidades) renunciaram esta semana ao subsídio de alojamento que auferiam por não terem residência fixa em Lisboa. O subsídio em causa, no valor líquido mensal de 1400 euros (que no caso dos ministros arredonda um salário bruto de 4240 euros), constitui um direito legal, consagrado há muitos anos, que tem sido recebido por sucessivos membros do Governo. Mas em tempos de austeridade e de cortes nos vencimentos e outros rendimentos, Miguel Macedo, que declarou possuir uma residência em Braga e outra em Algés, onde reside durante os dias de semana, começou a ser alvo de críticas, na comunicação social e nas redes sociais. Recorde-se que o ministro da Administração Interna já não faz vida em Braga há mais de 20 anos. Donde, o legal transformou-se em imoral. E tremendamente simbólico, provocando imenso ruído na comunicação política do Governo.
Este caso é bem o exemplo das tontices legislativas, que, em vez de promoverem a equidade, patrocinam o chico-espertismo, o livre arbítrio e a desigualdade. Miguel Macedo e os colegas do Governo acabaram por ser apanhados neste turbilhão, só possível porque o Estado não funciona como deveria funcionar, sendo o primeiro a promover a imoralidade por decreto.
Parece evidente que todos os políticos e altos servidores estatais, seja no Governo, na Assembleia da República ou em organismos públicos, deveriam ter direito a uma residência disponibilizada pelo Estado na cidade onde são colocados. Uma residência e não dinheiro para escolher uma residência. Para isso, o Estado deveria possuir uma bolsa de casas. Os políticos e altos servidores públicos poderiam optar entre viver na casa disponibilizada pelo Estado ou em casa própria, neste caso, a custas próprias. Quem diz casas, diz creches e escolas para os filhos, caso a família do político decida morar em Lisboa. O mesmo valeria para alguém que, sendo de Lisboa, ou de outra zona do Sul, fosse nomeado para trabalhar no Norte. Seria tudo mais justo e mais transparente. Além de mais, não faltam casas vazias.
Dessa forma estaria garantida a equidade: ninguém receberia mais dinheiro por morar mais longe ou menos dinheiro por morar em Lisboa. E ninguém correria o risco de receber subsídios que, embora legais, são imorais. Como as coisas estão é que não está certo: uns recebem o subsídio “x”, outros o subsídio “y”, de acordo com a quilometragem ou se acordo com os papéis que metem ou deixam de meter. Não admira que, frequentemente, surjam mais trapalhadas como aquelas que envolveram os actuais membros do Governo. Corando de vergonha toda a classe política. FOTO: "Jornal de Notícias"

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Político "independente". A definição de Pulido Valente


Não resisto ao génio de Vasco Pulido Valente (VPV). As suas crónicas sobre a política contemporânea portuguesa, devidamente enquadradas pelos seus conhecimentos de historiador, tornam obrigatória a leitura do “Público” à sexta-feira, ao sábado e ao domingo. Com uma capacidade de síntese extraordinária, VPV escreveu há dias mais uma peça de ourivesaria, desta vez sobre os políticos “independentes”, tomando como ponto de partida “um número anormal de ‘independentes’” que integram o Governo PSD-CDS/PP – os mais notórios dos quais serão o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, e o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira. Mas o que fica da citada crónica de VPV é a sua definição de “independente”. E se ocupei alguns minutos a digitar o pedaço de crónica que define na perfeição o que é um político independente, é porque os alegados independentes costumam ser utilizados pelas máquinas partidárias como trunfos eleitorais e instrumentos poderosos de comunicação política. Pela crónica de VPV, os “independentes” são, afinal, tanto ou mais políticos e dependentes da política que os políticos profissionais. Vejamos:

“O ‘independente’ costuma esvoaçar à volta dos grandes grupos de interesses, dos lóbis universitários, do PSD e do PS. Verdade que não frequenta sessões de militantes, nem se candidata a cargos que o possam pôr em evidência pública. Prefere o género ‘encontro’, ‘simpósio’, ‘seminário’ ou conferência, onde se roça com assiduidade pela gente importante e, principalmente, pela gente séria e onde com o tempo (com pouco tempo) começa ele próprio a adquirir sem excessivo esforço a sua reputação de importante e sério. Não incomoda ninguém, não provoca ninguém, quase não se nota e é útil para encher uma cadeira ou fazer uma pergunta.
Mas não se imagina que o ‘independente’ escolhe ao acaso, como um pássaro tonto, os meios por onde circula e as relações que laboriosamente angaria. Sabe perfeitamente para onda sopra o vento: onde poisa o PS e onde poisa o PSD. Quem tende a ‘subir’ e quem tende a ‘descer’ e, portanto, para usar o termo pornográfico corrente, em quem deve ‘apostar’. Depois de uma eleição ou de uma remodelação, muitas vezes até ganha. Serve para tapar um ‘buraco’, para afastar um apoiante incómodo, para resolver com mansidão e ‘neutralidade’ uma querela entre dois ‘caciques’. A televisão e os jornais declaram o ‘independente’ uma ‘cara fresca’ e ele entra esfusiante pelo Estado dentro na completa ignorância do que sejam a administração e a sociedade portuguesa. Para, naturalmente, fugir dali a uns meses como um sendeiro triste, à procura de um novo dono.”

Vasco Pulido Valente, “Público”, 16-10-2011

sábado, 22 de outubro de 2011

Twitter. Dez perfis de marketing e comunicação para seguir


Para quem quiser saber mais sobre Marketing e Comunicação através do Twitter, o “site” Ponto Marketing elaborou um grupo de 10 perfis que devem ser seguidos. E lidos, obviamente. Porque numa sociedade de comunicação em rede a informação deve ser partilhada, o link está aqui. Assim, será mais fácil seguir o que é importante nestas matérias, no meio da grande torrente de informação que recebemos todos os dias.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Atender o telefone também é marketing


Por mais antigo que seja, entre a panóplia de meios de comunicação que hoje temos à nossa disposição, o telefone ainda é uma grande ferramenta de trabalho, ao serviço do marketing e das relações públicas de uma organização. Porém, é deixado de lado, sendo relacionado estritamente às acções de telemarketing, onde as vozes que representam as empresas e as instituições também pecam por serem desumanizadas, pois falam como se fossem máquinas e revelam dificuldade em interagir ou sair do guião que normaliza a conversa.
Não utilizar devidamente o velhinho telefone, entregando a função de telefonista a pessoas sem formação e enquadramento adequados, é um erro de comunicação com o exterior, como se constata neste texto, publicado no portal Administradores. Porque o telefone continua a ser um excelente instrumento de marketing e relações públicas que muitas empresas e organizaçoes parecem ignorar.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Livros sobre Internet 2.0 e redes sociais para download

Numa altura em que só há notícias de cortes nos vencimentos e de aumento de impostos, o blogue COMUNICAÇÃO INTEGRADA deixa aos seus leitores uma sugestão que vai certamente para ajudar a combater a crise. No link que se segue estão disponíveis um total de 242 livros sobre Web 2.0 e redes sociais, em português, espanhol e inglês, que podem copiar gratuitamente. Isto é o que se chama partilhar o conhecimento. Não acontece todos os dias. Boa leitura!...

sábado, 15 de outubro de 2011

Nicolau Santos sobre Passos Coelho. Texto magnífico

O jornalista Nicolau Santos assina hoje no "Expresso" um artigo magnífico sobre as medidas de austeridade anunciadas pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. Nicolau Santos diz tudo aquilo que deveria ser dito sobre as decisões políticas de Passos Coelho e coloca a “troika” e os mercados no devido lugar. É um documento de leitura obrigatória. Porque há mais vida para além da "troika" e dos mercados.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Reformas de luxo lançam guerra entre cavaquistas


Com grande parte do País em estado de choque por causa das brutais medidas de austeridade anunciadas pelo Governo PSD-CDS/PP, parece estar a começar a guerra dos reformados de luxo. A grande curiosidade é que estamos perante uma guerra que envolve membros dos governos do PSD nos tempos de Cavaco Silva, entre 1985 e 1995: Mira Amaral, Bagão Félix, Paulo Teixeira Pinto e Vítor Martins. Como sintoma do estado a que Portugal chegou é muito mau. 
O rastilho foi lançado pelo jornalista António Sérgio Azenha, num livro intitulado "Como os Políticos enriquecem em Portugal". O jornalista investigou e analisou os rendimentos de 15 políticos antes e depois de passarem pelo Governo português. Um dos visados no livro da editora Lua de Papel é Mira Amaral, antigo ministro de Cavaco Silva, que resolveu escrever uma carta aberta a António Azenha. Não para desmentir o conteúdo do livro, mas para confirmar que o que lá é dito sobre o ex-ministro cavaquista “é factualmente correcto” com excepção da explicação da sua reforma de 11 mil euros mensais, alegadamente “obtida pela legislação aplicável a qualquer cidadão” nas suas condições, embora enfermando de um “grande erro metodológico”, segundo Mira Amaral. Que erro? “Não ter começado a análise antes da minha ida para o Governo, e não fazer uma comparação com as dinâmicas profissionais de colegas meus que não tiveram o azar de ir para o Governo.”
O mais curioso é que a “carta aberta” ao autor do livro “Como os Políticos enriquecem em Portugal” foi mais uma carta aberta de Mira Amaral contra três ex-colegas de Governo nos tempos de Cavaco Silva. Escreve Mira Amaral: “Ao contrário do que o inqualificável pulha Bagão Félix diz, a minha reforma, pelos factos que lhe expliquei, não é pornográfica mas serão pornográficas duas situações de dois amigos dele: a do jovem Paulo Teixeira Pinto que se reformou do BCP aos 49 anos com cerca de 35 000 euros mês (!) tendo recebido de indemnização, ao que dizem, 10 milhões de euros. Só conheceu a banca depois do Governo… A de Vitor Martins, amigo do Bagão Félix que este colocou como Presidente da CGD, sem nunca antes ter trabalhado num banco, e que saiu de lá ao fim de um ano com 900 mil euros de indemnização, como o DN noticiou na altura!”
Não há dúvidas: começou a guerra dos reformados de luxo. Para já só entre cavaquistas. Um caso a seguir...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Johnnie Walker no Brasil. Um anúncio tremendo



Com a Europa a caminho da barbárie e os Estados Unidos sem a força com que tutelaram o Ocidente após a II Guerra Mundial, o poder e a criatividade estão a deslocar-se para Sul. Nomeadamente para o Brasil, que emerge como nova potência mundial no crescimento económico e no consumo. Sintomaticamente, é de lá que vem um anúncio tremendo da marca de whisky Johnnie Walker.
Para lançar a sua primeira campanha publicitária no Brasil, que está absolutamente soberba, a Johnnie Walker inspira-se no facto desta potência da América do Sul estar a acordar economicamente. Para isso, criou um filme em que o monte Pão de Açúcar se transforma num gigante que acorda e caminha sobre o Rio de Janeiro.
A marca de whisky que popularizou o slogan “Keep walking”, ou seja, “Continua a caminhar”, quis desta forma homenagear os brasileiros, que muito contribuíram para o facto de a sua economia estar a florescer como um gigante adormecido que subitamente acordou. Simultaneamente, é o reconhecimento de um mercado que protagonizou um crescimento de 30% em 2010.
Segundo relata o jornal digital “Dinheiro Vivo”, a gravação do filme, que durou seis dias, teve a participação de 420 profissionais de 11 nacionalidades, duas toneladas de equipamento e 216 figurantes. A pós-produção levou mais de 12 mil horas de trabalho. 
Criada pela agência Neograma/BBH, Brasil, com criatividade de Alexandre Gama, a campanha foi produzida pela Zohar International, a Gorgeous e a The Mill, empresa responsável pelos efeitos especiais do filme “O Gladiador”, de Ridley Scott, com Russell, com Óscar de Melhor Filme, em 2000.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Passos Coelho e Paulo Portas. Dois fantasmas no Facebook


É das regras elementares da vida digital ter uma presença activa na rede. Assim como na vida real vamos todos os dias trabalhar, também na vida digital é preciso comunicar regularmente com o público. Como já escrevi neste blogue, as redes sociais como meios de comunicação de grande alcance vieram para ficar, revolucionando a forma como as pessoas e as organizações comunicam entre si, com o mercado e com os seus públicos.
Ter uma conta no Facebook, no Twitter, no LinkedIn, no Flickr ou no YouTube, para referir algumas das redes sociais mais frequentadas, deixou de ser apenas um devaneio de jovens atraídos pelo fascínio da natureza ilimitada da Internet como espaço de diversão. Porque a Internet também é um meio de partilha de serviços, de informação e de conhecimento. É no ciberespaço que circula a informação e muitos dos serviços de que precisamos para a nossa vida funcionar.
Vem isto a propósito da página no Facebook de dois dos principais governantes portugueses: o primeiro-ministro e líder do PSD, Pedro Passos Coelho, e o ministro dos Negócios Estrangeiros e líder do CDS/PP, Paulo Portas. Os dois tinham uma presença activa na rede até assumirem funções governativas. Naturalmente, ficaram sem tempo e disponibilidade para comunicar regularmente pela Internet. Porém, não deixaram de ocupar o espaço digital no Facebook. O problema é que se transformaram em fantasmas digitais...
Entretanto, o ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, deu nota, nesta terça-feira, da sua falta de comparência na rede. Talvez muito atarefado na tentativa de salvar o que resta do Estado social, precisando, por isso, de comunicar muito, Mota Soares está com dificuldades inesperadas para comunicar com os cerca de 3.900 fãs no Facebook. “Infelizmente não me tem sido possível consultar esta página tantas vezes quantas eu gostaria. No entanto, tenho lido as vossas mensagens e sugestões. Tentarei responder assim que possível. Obrigado a todos pela compreensão”, escreveu o ministro na tarde desta terça-feira – ele que já não escrevia nada desde 27 de Setembro último.
Em Julho, escrevi sobre a inactividade de Pedro Passsos Coelho no Facebook, em contraponto com a actividade do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. No mesmo dia, Passos Coelho voltou ao Facebook para publicar “Uma pequena reflexão de Verão”. Até hoje não escreveu mais nada, tendo deixado de comunicar com mais de 65 mil fãs e seguidores. Paulo Portas também não interage com os seus quase 38 mil seguidores desde 7 de Julho último. Pelo contrário, a ministra Assunção Cristas lá vai comunicando pela rede social mais popular do mundo.
Ninguém obriga os políticos a comunicar pela Internet. Mas comunicar apenas em tempo de campanha eleitoral, abandonando depois os eleitores, não é aceitável. Se não há tempo, por força das obrigações compreensíveis decorrentes das funções públicas assumidas, os eleitores não querem saber. Nem têm que saber. O que os eleitores sabem é que houve alguém que comunicou com eles durante um certo tempo, mas deixou de comunicar logo que assumiu o poder. Essa é a percepção que passa para os eleitores. Ora, essa mudança de atitude descredibiliza qualquer mensagem futura que os políticos em causa venham a divulgar quando retornarem à rede.
Evidentemente, não se pede a um primeiro-ministro ou a um ministro que esteja disponível para actualizar o seu estado no Facebook. Mas é insustentável deixar de comunicar ou deixar os cidadãos sem respostas por falta de tempo. A interacção com os públicos é fundamental para uma presença eficaz nas redes sociais. E nós sabemos que seria muito fácil a um político fazer das redes sociais canais de eleição na comunicação com os cidadãos. Dá trabalho? Dá. Exige competência profissional? Exige. Seria um avanço civilizacional na comunicação entre os governantes e os eleitores? Seria, sem dúvida.

Obs. Clicar nas imagens para ampliar

As patifarias do Euro 2004


Estádio de Alvalade, cheio de gente, pouco tempo antes de ser demolido

Sete anos depois, o impulso do campeonato europeu de futebol de 2004 na economia portuguesa continua a ser público e notório. A Câmara de Leiria, por exemplo, pede ao Governo que perdoe a devolução de 4,8 milhões de euros, verba que a autarquia leiriense terá de devolver ao Estado se conseguir vender parte do estádio em hasta pública. Isto para não falar nos estádios do Bessa, de Aveiro e do Algarve, onde, todas as semanas, como se sabe, inúmeros espectáculos de ar e vento atraem grandes multidões de consumidores. E que dizer de Braga, uma cidade com dois estádios, um dos quais, líndíssimo, criminosamente abandonado?... E de Lisboa, a sede de todas estas patifarias, onde foram destruídos dois estádios emblemáticos (Alvalade e Luz), trocados por outros dois, sem identidade, não tendo sido possível edificar um estádio comum para utilização do Sporting e do Benfica, porque cada um quer ter o seu quintal, ou modernizar os que existiam?... Pelas notícias que saem sobre o Orçamento de Estado para 2012, os cobradores do fraque estão aí. E sem contemplações.

domingo, 9 de outubro de 2011

A maioria absoluta mais pequena de Jardim


Em comunicação política (e não só política), a percepção faz toda a diferença. Na psicologia, o estudo da percepção é de extrema importância porque o comportamento das pessoas é baseado na interpretação que fazem da realidade e não na realidade em si. Na política acontece a mesma coisa. A questão é que a percepção dos acontecimentos é diferente para cada um de nós. Na verdade, cada pessoa percebe um objecto ou uma situação de acordo com os aspectos que têm especial importância para si própria, de acordo com o conhecimento, a história e a cultura.
Os resultados das eleições regionais na ilha da Madeira deram a vitória ao “PSD de Alberto João Jardim”, que conquistou 48,6 por cento dos votos, o que foi suficiente para garantir mais uma maioria absoluta. Se fossem eleições legislativas nacionais seria uma das maiores vitórias do PSD em toda a história da democracia portuguesa. Mas, como estamos a falar da Madeira, este foi o pior resultado de sempre, porque o PSD, desde 1976, nunca tinha ganho com menos de 50 por cento dos votos. O pior resultado do PSD de sempre na Madeira. É esta a percepção que fica sobre as eleições regionais de 2011. Mesmo tendo sido uma grande vitória de Alberto João Jardim, atendendo às circunstâncias políticas, decorrentes do tema dominante da campanha.
Já Paulo Portas pode falar em resultado histórico para o CDS/PP, pois o seu partido ultrapassou o PS e passou a liderar a oposição no parlamento madeirense. Entretanto, o Bloco de Esquerda foi varrido do mapa político da ilha. Tal como no País, a moda também passou na Madeira. FOTO: Gustavo Bom (Global Notícias)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Seguro já começou a perder as eleições nos Açores


A campanha eleitoral ainda vem longe, mas o líder do PS, António José Seguro, já começou a perder as próximas eleições regionais dos Açores, a realizar em 2012. Ao ter confessado que não estava à espera da retirada de Carlos César, pois contava “que a sua decisão tivesse sido outra”, o novo líder socialista produziu um “sound byte” negativo, próprio de um perdedor, no fim de um ciclo político. Com essa declaração, Seguro revelou que está perdido e sem estratégia para os Açores, não tendo alternativa a um governante que já está no poder desde 1996, ou seja, há 15 anos. Donde, tudo indica que vem aí uma mulher para tomar conta do arquipélago.
O PSD, que nas legislativas de 2009 foi o primeiro partido político do pós-25 de Abril a apresentar uma mulher (Manuela Ferreira Leite) como candidata à liderança do Governo de Portugal, inova também agora nos Açores, sendo o primeiro partido a apostar numa mulher (Berta Cabral) nas próximas eleições regionais. Ao contrário do que acontece na Madeira, a alternância democrática parece funcionar nos Açores.

A certificação dos bons pagadores


A certificação de qualidade é uma poderosa ferramenta de relações públicas. Por isso, é altura de o Ministério da Economia pensar também em certificar as empresas portuguesas que pagam a tempo e horas. Mudam-se os tempos e as circunstâncias, mudam-se as prioridades. Pagar a tempo e horas transformou-se num factor de competitividade nacional e internacional.
A certificação de qualidade de bens e serviços é um instrumento de relações públicas que as empresas gostam de exibir, para obter ganhos de imagem e consequente agregação de valor. O mesmo acontece com as iniciativas de responsabilidade social. O objectivo é sempre criar percepções positivas sobre a empresa promotora.
A certificação de qualidade é vista como uma questão de sobrevivência de qualquer empresa, independentemente da sua dimensão ou do sector de actividade. E, para esse efeito, existem normas internacionais. O objectivo é responder às expectativas do cliente, que estão em permanente evolução, tornando assim o mercado altamente competitivo. Por isso, a certificação é indispensável porque é um factor de credibilidade e poderá ser também um factor de diferenciação em relação a empresas concorrentes.
A norma ISO 9001, por exemplo, refere as exigências de um sistema de gestão da qualidade com vista à eficácia na satisfação do cliente. Ela não inclui, porém, sistemas de gestão ambiental, saúde, higiene e segurança no trabalho, responsabilidade social, ou outros sistemas de gestão.
Mudam-se os tempos e as circunstâncias, mudam-se as prioridades. Como estamos num mundo em permanente mudança, talvez seja altura de as autoridades pensarem seriamente em certificar as empresas que pagam a tempo e horas. Numa altura em que há falta de liquidez e em que as empresas portuguesas são vistas como más pagadoras, talvez o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, pudesse fazer alguma coisa para distinguir as empresas que cumprem os seus compromissos a tempo e horas. Deixo a ideia. Em Lisboa ou em Bruxelas, haja alguém que tome a iniciativa política. Porque, enquanto uma empresa alemã pagar a 30 dias e uma portuguesa pagar a 60 ou a 90, ou mais, a economia europeia não tem futuro.
Sabemos que o Estado português também não é exemplo para ninguém, mas é preciso começar por fazer alguma coisa pela economia portuguesa. Nos tempos que correm, uma empresa certificada como “boa pagadora” teria uma grande vantagem competitiva sobre muitas outras que pagam tarde e a más horas e que geram problemas de tesouraria em cadeia.
Essa certificação seria também um factor de competitividade internacional, uma vez que uma empresa que paga a tempo e horas pode negociar preços mais baixos e passa a ser vista com outros olhos pelos seus fornecedores. Seria bom para todos. E os técnicos e consultores de relações públicas iriam agradecer mais um motivo para acrescentar valor aos bons pagadores certificados…

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Steve Jobs (1955-2011). O homem que amava o que fazia

Redes sociais e desafios para marcas e organizações

Muitas empresas e organizações pensam que podem eliminar o “buzz” negativo na rede censurando blogues, postagens ou comentários. A censura até funciona ao contrário. Em Portugal, a cadeia de telecomunicações Ensitel foi protagonista de um caso desses, por causa de uma cliente que se queixou do mau atendimento. Para as organizações que querem estar nas redes sociais, a perda do controlo sobre o que é dito sobre si é, de facto, um dos grandes desafios. Como explica a especialista brasileira Carolina Terra, no livro “Para Entender as Mídias Sociais”:

“(…) Embora as organizações estejam presentes no ambiente das mídias sociais, ainda deslizam com práticas de censura ou antiparticipativas como solicitar ao provedor de hospedagem que remova um blog, vídeo ou alguma postagem; usar softwares automatizados para se “relacionar” com as pessoas (isso pode depor contra a organização); deixar de responder às questões dos internautas (o que, em pouco tempo, pode deixar a empresa no topo dos resultados de busca de forma negativa). A perda do controlo sobre o que é dito sobre si é um dos grandes desafios para as organizações que querem estar nas mídias sociais.
É importante pensar que a organização contemporânea precisa dialogar com seus públicos de interesse e se abrir para vozes externas. O consumidor é visto como uma espécie de coprodutor. No entanto, essa multiplicidade de vozes acarreta em uma infinidade de conteúdos e pontos de encontro que a organização pode ter com um consumidor ou público, sendo necessário mapear tais ambiências e fazer com que a gestão dos relacionamentos com o cliente vá além dos canais oficiais oferecidos. É preciso entender a percepção das pessoas em relação às suas marcas, produtos, serviços e experiências. E nas redes sociais online, isso se evidencia muito, uma vez que ao reclamar ou comentar sobre uma organização nesses ambientes, a pessoa o faz publicamente, diferente de reclamar numa esfera privativa que é o serviço de atendimento ao cliente.”

Carolina Terra, no e-book “Para Entender as Mídias Sociais”, 2011

domingo, 2 de outubro de 2011

O Governo e os agitadores sociais


É inacreditável, é próprio da rapaziada que gosta de brincar com o fogo, mas está a acontecer: as forças de segurança portuguesas ocupam o tempo a escrever relatórios, em que fazem previsões catastróficas de contestação social, em consequênca das medidas de austeridade, e divulgam publicamente esses relatórios através da comunicação social. No fundo, os polícias portugueses estão fartos de ver pela televisão a guerra social que está a matar a Grécia e estão ansiosos por entrar em acção em Portugal. Não encontro outra explicação.
De acordo com notícias vindas a público, a direcção nacional da PSP elaborou um documento designado "Avaliação Prospectiva da Contestação Social". Isto é, estão mesmo a pedi-las. Tanto mais que uma informação destas, que deveria ser classificada como confidencial, jamais deveria ter vindo a público. Desde logo, porque a sua divulgação é incendiária. Logo, totalmente irresponsável.
Se o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, quiser começar bem a semana, deverá mandar para a rua essa rapaziada da direcção nacional da PSP, ou quem, no Ministério da Administração Interna (MAI), decidiu divulgar publicamente o teor deste relatório. Porque essa gente não está ao serviço da segurança pública. São autênticos agitadores sociais ao serviço do Governo.