Ainda estou a recuperar do estado de choque. Ao princípio da noite desta sexta-feira, a gasolina do meu carro acabou, numa cidade do Norte de Portugal, e tive de ir a um posto de combustíveis da Galp – uma das empresas lusitanas controladas pela angolana Isabel dos Santos. Ao pagar, reparei que a única funcionária a trabalhar ao balcão ostentava no peito um crachá apenas com a palavra “Experiência”. Como achei um nome demasiado original, para não dizer estranho, perguntei para ter a certeza: “O seu nome é Experiência?”
“Não, estou à expriência. Temos que usar isto...” Notei o incómodo da funcionária e fiquei escandalosamente esclarecido. Pelo menos naquele posto de combustíveis da Galp Energia os funcionários que estão à experiência não são pessoas com nome. São coisas que estão à experiência. São experiências. Provavelmente para usar e deitar fora. Ou não. Não sabemos.
Do ponto de vista da comunicação interna da empresa petrolífera, para além de ser feio etiquetar um funcionário como “Experiência”, considero estarmos perante uma forma de discriminação laboral inaceitável, mais a mais numa empresa que ainda é participada pelo Estado português. Deste modo, a Galp Energia demonstra ter funcionários de primeira e funcionários de segunda, contribuindo para um mau ambiente no trabalho, marginalizando todos aqueles que têm ali uma oportunidade profissional, ainda que precária, dificultando a sua integração laboral.
O que os consumidores querem é ser bem servidos por pessoas que tenham nome e não por “experiências” sem nome. No caso da Galp, essas pessoas são um dos grandes activos da empresa, uma vez que passa por elas a prestação de bons serviços aos clientes. Logo, todas devem estar motivadas para servir bem e cada vez melhor. Se o funcionário está na empresa há 2 anos ou há 2 dias é um problema que não é da conta do cliente. O serviço tem de ser prestado e bem prestado por pessoas devidamente identificadas e não por coisas que estejam à “experiência”.
4 comentários:
Inacreditável. Ao que chegámos.
Devíamos todos por a GALP À EXPERIÊNCIA, i.e. enquanto provar ser uma empresa não-civilizada e 3º mundista, não abastecemos lá. Tão simples quanto isto - carregar onde mais dói!
verdade tou agora a falar com um "experiencia" q ja esta neste posto ha 3meses..
Se fosse eu já tinha consultado um advogado e deviam ver como iam pagar...
Depois, isso nos USA dava uma boa compensa, pois já tinham feito a folha a Galp, sem apelo nem agravo///
Em Portugal os tugas ainda estão atrasados em muita coisa...
Pedro
Acontece no Brasil também, a diferença é que o crachá diz "Em treinamento".
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