Uma manifestação popular é um meio de comunicação muito poderoso. Todos têm medo da manifestação do povo: Governos, marcas de produtos ou serviços, clubes de futebol, enfim, todas as organizações públicas ou privadas. Têm medo porque o povo só se manifesta em grande escala quando tem motivos fortes, ou seja, de forma genuína. É por isso que a manifestação popular tem um grande poder comunicacional.
Em Portugal, este sábado foi de manifestações de rua em todo o País contra contra políticas de austeridade impostas pelo FMI, Banco Central Europeu e União Europeia, que o Governo tem aceitado sem pestanejar ou sem demonstrar a mínima tentativa de defesa da população. Ora, Portugal é um País milenar, fundador da Europa. A Europa precisa de Portugal e Portugal precisa da Europa. A falência de Portugal seria um péssimo sinal para o mundo e para os mercados e seria imprevisível para o futuro do Euro.
Portugal tem especificidades muito próprias, pois é um País pobre que assenta numa estrutura social muito débil, com grande parte da população auferindo baixos rendimentos e sendo altamente dependente do Estado. Mas é um País com algumas potencialidades por explorar. Tem um mar que é estratégico para a Europa no contexto global. Produz do melhor vinho e do melhor azeite do mundo. Tem alguns projetos empresariais de base tecnológica que são um exemplo em todo o mundo. Tem condições fantásticas para desenvolver a economia através do turismo de praia, do turismo rural e do turismo cultural.
Para mudar os desequilíbrios existentes com eficácia e paz social o País precisava de um plano a longo prazo, que a ganância dos mercados não parece disposta a aceitar. O Governo, por seu lado, quer ser o bom aluno, que aguenta com todos os disparates dos professores. Só que o povo está farto. O protesto nacional deste sábado mostrou um País divorciado do Governo, que está no poder há pouco mais de um ano. O povo disse com civismo que não quer ser governado pelo voluntarismo internacional de Pedro Passos Coelho, Vítor Gaspar, Miguel Relvas e companhia. E os efeitos estão à vista, provando a força comunicacional da manifestação como meio de expressão genuína do povo (ver aqui a posição do ministro de Estado Paulo Portas). A imagem mostra a multidão que encheu a Avenida dos Aliados, no Porto – cuja última enchente tinha ocorrido quando a cidade recebeu o Papa Josef Ratzinger. Foi considerada a maior manifestação popular desde o 25 de Abril de 1974. FOTO: Pedro Granadeiro (Lusa)
Nenhum comentário:
Postar um comentário