O semanário “Expresso”, que rejuvenesceu desde que o
jornalista Ricardo Costa, na imagem, assumiu a sua direção, voltou a ser, talvez, o jornal
mais influente na política portuguesa, agora que o diário "Público" dá sinais de se encontrar numa situação interna difícil. Fundado em 1973, na fase decadente da
ditadura, o “Expresso”, que continua a ser o jornal português fisicamente mais
volumoso, contendo o caderno principal, uma revista e vários suplementos, está
a celebrar 40 anos de existência com várias iniciativas editoriais.
Numa dessas iniciativas, o jornal fundado pelo antigo
primeiro-ministro social-democrata Pinto Balsemão – “social-democrata” no
sentido doutrinário da expressão – pretende reunir o maior número de fotografias
dos últimos 40 anos. O objetivo é construir “a maior ‘timeline’ da História de
Portugal e do Mundo das últimas quatro décadas”.
Para isso, o “Expresso” envolveu os leitores, desafiando-os a enviar para o jornal as fotografias que possuam e que se
enquadrem no objetivo indicado. Porque “há fotografias que contam muito mais do
que a imagem mostra à primeira vista”, que “são autênticos documentos
históricos e, por isso, fazem História”. O acervo fotográfico está disponível
no “site” do jornal e espero que continue (ver aqui).
Desconheço qual tem sido a adesão dos leitores a esta
ideia, mas estamos perante um caso exemplar do designado marketing 3.0 – em
voga nos mercados contemporâneos –, em que os consumidores participam na construção
do produto, concriando valor para as duas partes. A marca jornalística “Expresso” sai fortalecida, pois os consumidores ficam a reconhecer o “Expresso” como um jornal de
confiança, que está ao serviço dos leitores, que conta com eles, fornecendo-lhes informações e opiniões. E um jornal que também dá a cada leitor a oportunidade de ter a experiência de acrescentar ao “seu jornal”
um ou mais documentos informativos que, de outro modo, o jornal jamais teria
acesso.
A concriação de valor, de que fala Philip Kotler, é isso mesmo. Os
consumidores assumem o papel de parceiros das marcas e das empresas, gerando um
processo de concriação de valor para que os produtos sejam cada vez melhores na
satisfação dos desejos e expectativas de quem vai comprar. Ora, nos jornais, a interação com a comunidade de leitores passa muito por iniciativas deste género.
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