A comunicação e a inovação permanentes são ingredientes basilares da receita indicada para o sucesso das empresas e das organizações. E são também elementos característicos de uma “organização em aprendizagem”. Na década de 1990, foi o norte-americano Peter Senge, especialista em comportamento organizacional, quem popularizou o conceito de “learning organization” – o qual define uma organização que tem capacidade de aprender, de se renovar e de inovar continuamente, e cujos membros estão permanentemente a reforçar a sua capacidade criativa e produtiva, num modelo de comunicação aberta, com significado comum e partilhado por todos.
Neste contexto, uma organização desenvolve-se e melhora a qualidade de bens, serviços e produtos à medida que os seus colaboradores vão ganhando novos conhecimentos. Os erros são corrigidos através da alteração das normas empresariais que os causaram.
A globalização, a tecnologia da informação e a abertura económica impulsionaram as empresas e as instituições a prosseguirem uma postura de aprendizagem, baseada numa liderança e numa cultura voltadas para a inovação e para a busca de desafios, criando diversos mecanismos de disseminação e partilha do conhecimento entre os seus colaboradores de forma transparente.
A ideia de Peter Senge é que os programas de aprendizagem podem ser a única fonte sustentável de vantagem competitiva, num quadro de volatilidade dos mercados, desde que na empresa se verifique a convergência de cinco características:
– Raciocínio sistémico. A ideia de que numa organização tudo tem a ver com tudo.
– Desenvolvimento e o domínio pessoal. A vida de uma organização deve ser encarada de um ponto de vista criativo e não reactivo, para fomentar a aprendizagem, pois empregados motivados podem aprender mais e mais rápido.
– Compreensão dos modelos mentais da organização. Um ambiente de aprendizagem promove a confiança e a disseminação do conhecimento, potenciando um crescimento positivo, com base na construção de novas ideias e na modificação dos modelos mentais vigentes.
– Visão partilhada. Está presente quando o resultado dessa visão deixa de ser encarado pelos membros da equipa como uma responsabilidade de cada pessoa individualmente, para passar a ser da equipa como um todo.
– Aprendizagem em equipa. A unidade fundamental é o grupo e não o indivíduo, o que implica diálogo e discussão.
Uma organização em aprendizagem é horizontal, com estruturas descentralizadas. As experiências e informações individuais são compartilhadas e tornam-se colectivas. Para isso, as pessoas têm de saber o motivo da existência da organização e qual seu propósito e objectivos. A organização deve investir em pessoas inteligentes e motivadas, que não devem ficar submissas, obedecendo somente às ordens dos líderes. Devem ser proactivas e estar preparadas para resolverem situações inesperadas baseando-se nos conhecimentos adquiridos. A busca do conhecimento não resulta de copiar as melhores práticas, mas sim da inovação constante. As organizações que aprendem possuem características que desenvolvem um ambiente adequado à criação e à gestão do conhecimento.
Mas nem todas as organizações funcionam assim. Peter Senge identificou as cinco principais barreiras ao processo de aprendizagem nas organizações:
1) A ideia de que cada elemento é o seu cargo, o que indica limitação à função e falta de objectivos.
2) A ideia segundo a qual o inimigo está lá fora ou a culpa é sempre dos outros.
3) O ênfase no curto prazo, esquecendo o planeamento estratégico.
4) A falta de consciência das mudanças, por desatenção às subtilezas e aos indicadores de longo prazo.
5) O mito da equipa administrativa, que funciona bem nas rotinas, mas não funciona nas situações difíceis.
A criação de uma visão compartilhada também pode ser dificultada por estruturas tradicionais onde a visão da empresa é imposta de cima, por falta de uma cultura de aprendizagem ou pelo tamanho da própria organização. Quando aumenta o tamanho de uma unidade organizacional, diminui a eficácia dos fluxos de conhecimento interno e o grau de partilha de conhecimentos. Por isso, a globalização, a inovação tecnológica, as privatizações e a internacionalização das empresas tornaram mais complexa a gestão da comunicação por parte das organizações. O papel da comunicação é agora multifacetado, devendo ser estudado e reconhecido pelas empresas como um importante ferramenta de gestão.
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