“Para ter
sucesso como gostaria o Facebook, é preciso se tornar essencial. Há que se
tornar parte da infraestrutura, a estrada, a linha de telefone. O Google fez
isso bem, é quase impossível passar um dia sem usar o Google. Mas pode-se
passar uma ou duas semanas sem acessar sua conta no Facebook. Voltemos aos
tempos primordiais: quando se examina o rádio, a televisão, o telefone, eram
todos parte necessária da vida. Durante boa parte do século 20, muita gente
passou muito tempo diante da televisão. O Facebook não atingiu aquele ponto de
virada, de se tornar essencial. O Facebook tem um conteúdo, seus amigos.
Pensaram que era o conteúdo mais valioso. Há uma diferença entre necessidade e
novidade. A novidade é divertida durante algum tempo. E não está claro se o
Facebook passou de novidade a necessidade.”
“Eu falo da emergência dos monopólios da Internet: Google, Apple, Facebook, Amazon. (…) E a diferença, desta vez, é que há 50 anos havia poucas redes de televisão, mas, ao menos, cada país tinha suas redes dominantes diferentes. Agora, companhias como Google e Facebook dominam de maneira global. O Brasil não inventou seu Google bem-sucedido. A mídia é toda americana, a esta altura. O que estou tentando dizer é que a história está se repetindo bem mais rápido do que esperava. E a grande diferença é: em vez de cada país ter suas rádios e TVs, agora a mídia é predominantemente americana.”
“Acho que a sociedade precisa agora tomar cuidado com as companhias que se tornam tão grandes e enraizadas que passam a ter o controle que eu chamo de supermonopólio – controlam todos os mercados, têm apoio do Governo e não podem ser enfrentadas. Isso, historicamente, tende a acontecer com o mercado de mídia. E é algo que temos de evitar, pois leva a algum tipo de censura à expressão. As maiores ameaças à liberdade de expressão vêm de grandes conglomerados, que ocupam vários territórios. No Governo, não separamos os poderes? O mesmo deve ocorrer na comunicação de massa, não se deve ter a mesma empresa transmitindo, produzindo, comercializando a informação, pois leva ao conflito de interesse.”
“Eu falo da emergência dos monopólios da Internet: Google, Apple, Facebook, Amazon. (…) E a diferença, desta vez, é que há 50 anos havia poucas redes de televisão, mas, ao menos, cada país tinha suas redes dominantes diferentes. Agora, companhias como Google e Facebook dominam de maneira global. O Brasil não inventou seu Google bem-sucedido. A mídia é toda americana, a esta altura. O que estou tentando dizer é que a história está se repetindo bem mais rápido do que esperava. E a grande diferença é: em vez de cada país ter suas rádios e TVs, agora a mídia é predominantemente americana.”
“Acho que a sociedade precisa agora tomar cuidado com as companhias que se tornam tão grandes e enraizadas que passam a ter o controle que eu chamo de supermonopólio – controlam todos os mercados, têm apoio do Governo e não podem ser enfrentadas. Isso, historicamente, tende a acontecer com o mercado de mídia. E é algo que temos de evitar, pois leva a algum tipo de censura à expressão. As maiores ameaças à liberdade de expressão vêm de grandes conglomerados, que ocupam vários territórios. No Governo, não separamos os poderes? O mesmo deve ocorrer na comunicação de massa, não se deve ter a mesma empresa transmitindo, produzindo, comercializando a informação, pois leva ao conflito de interesse.”
“Quando há
corporações-monopólio, é mais fácil para o Governo obter informação privada, só
precisa recorrer a uma fonte. Grandes corporações têm mais intimidade com
governos. Se o Governo americano quiser saber algo sobre você, pode ir logo
falar com o Facebook, é simples. E se grandes corporações atuam em diferentes
áreas, elas podem reunir muita informação sobre você, é o segundo risco à
privacidade.”
“Dependendo
do país, é necessário se preocupar com as companhias que transportam
informação, os ISP’s [Internet Service Providers]. Elas são os maiores agentes
de censura, especialmente quando controladas pelo Governo, como na China. O
outro tipo de companhia a observar são as grandes como Google, Facebook e Apple.
Não estou dizendo que são malignas, mas precisam ser monitoradas. O poder
absoluto corrompe.”
“Estou
preocupado com a perda do sentido de que o PC é propriedade de seu usuário. Se
se considera o iPad e os tablets, eles são como TVs que você carrega consigo.
Acho que sacrificamos algo quando aceitamos aparelhos que não têm função
criativa. Os PCs podem ter seus problemas, mas servem a vários campos de
criação. O problema com o modelo da Apple, a longo prazo, é que ele preserva a
velha estrutura de poder de Hollywood. Em vez de assistir aos programas na
televisão, agora se assiste pelo iPad. Acho que o iPad é a recriação do modelo
da televisão. O truque é que nós, consumidores, gostamos disso. A Internet
permitiu isto: uma nova era de ouro da televisão, nos Estados Unidos. Nos anos
60 e 70, as redes podiam exibir qualquer porcaria. A pressão da competição
sobre as redes de TV produziu qualidade. Mas me preocupo, acho que podemos
perder isso, porque a televisão agora precisa competir com o tempo que gastamos
‘on-line’, com o amadorismo do conteúdo do YouTube. Se a Apple tiver sucesso e
todo mundo só assistir ao conteúdo exibido por ela, voltamos a Hollywood, com o
conteúdo mais restrito.”
“[Os
responsáveis do Google] não respeitam o princípio da separação, querem
controlar tudo. Antes, eu imaginava que queriam facilitar o acesso, mas
começaram a operar o próprio provedor de Internet de fibra ótica, em Kansas
City. Entraram na telefonia e isso é mau sinal.”
Tim Wu,
professor da Escola de Direito da Universidade de Columbia, analista de leis de
copyright e autor do livro “Impérios da Comunicação”, em entrevista ao Estado
de S. Paulo, 30-11-2012 (Ler aqui versão integral)
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