"Entrarei no Bernabéu sozinho. Se
quiserem assobiar-me, lá estarei.” Prometeu e cumpriu. Muito criticado durante
a semana, o técnico do Real Madrid, o português José Mourinho, decidiu
enfrentar a torcida do seu clube, anunciando previamente que iria subir sozinho
no relvado do Estádio Santiago Barnabéu, para que pudessem assobiá-lo no
seu local de trabalho. Aconteceu nesta sábado, antes do dérbi Real
Madrid-Atlético de Madrid e resultou na imagem mais forte da noite: a maioria
dos cerca de 3 mil adeptos do REal que estavam no estádio apoiou o treinador
português. Uns tímidos assobios iniciais deram rapidamente lugar aos
aplausos, e durante os 2 minutos que Mourinho permaneceu imóvel, à frente das
centenas jornalistas, até teve direito a cânticos de apoio. Depois disso, o
treinador virou costas e regressou aos balneários (ver vídeo aqui).
Considerado um dos melhores treinadores do
mundo e da história do futebol, José Mourinho recorreu a uma ação de comunicação
não verbal para demonstrar o seu poder e capacidade de liderança. E demonstrou que, muitas vezes, um líder não precisa de falar para revelar a sua liderança. No final,
após a vitória do Real Madrid sobre o Atlético de Madrid, por 2-0, outro grande momento
de comunicação, desta vez invisível: Mourinho não compareceu na sala de
imprensa, tendo delegado no seu adjunto Aitor Karanka o atendimento dos
jornalistas.
Nos dois momentos, Mourinho, mesmo sem
abrir a boca, defendeu a sua equipa, defendeu as suas opções tácticas, calou os
críticos e projetou a sua imagem de líder, de vencedor e de homem corajoso, que
não se esconde atrás de ninguém. E a sua organização, o Real da Madrid, ganhou
com isso.
Embora mal classificado na atual Liga de
Espanha, em terceiro lugar, a 11 pontos do Barcelona, que lidera a tabela, José
Mourinho terminou o jogo com o Atlético de Madrid sob aplausos e com mais um
feito para a história do Real Madrid, pois tornou-se no técnico do Real com
mais triunfos consecutivos em dérbis frente ao rival Atlético (7) – tendo
destronado José Ángel Berraondo, treinador do Real entre 1927 e 1929 que o
tinha conseguido por seis ocasiões.
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