O arcebispo-primaz de Braga, D. Jorge Ortiga, diz que a Igreja não deve “ter medo do novo mundo” da comunicação digital na Internet. Dito assim, o mais certo é que padres, freiras, leigos e crentes ainda tenham muito medo de se cruzarem com o demónio entre milhões e milhões de bytes da rede que nos liga ao mundo.
A propósito do Dia Mundial das Comunicações Sociais, que o Vaticano assinala domingo, 5 de Junho, D. Jorge Ortiga defende que os católicos devem “aproveitar as novas plataformas de comunicação”, insistindo que “é necessária uma presença activa e responsável dos cristãos na era digital”, advertindo, porém, ser “preciso estar alerta para que esta comunicação não substitua a comunicação interpessoal”. Partindo da mensagem do Papa Bento XVI para o 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais, o prelado bracarense considera que os meios de comunicação digital permitem “chegar mais perto dos fiéis”.
Este interesse da Igreja nas novas tecnologias de informação diz-nos outra coisa: diz-nos que os fiéis de uma religião são entendidos como os consumidores de um produto. Antigamente, o marketing começou por ser centrado no produto. Os fabricantes produziam um automóvel sem atender às preferências do consumidor. Não havia concorrência. Com a religião acontecia o mesmo: as igrejas eram construídas no centro das localidades e os crentes iam lá.
Ora, tudo isto mudou. A concorrência é enorme. Hoje, os fabricantes de automóveis têm de produzir um automóvel ao gosto do cliente. O último modelo da Fiat, por exemplo, oferece 500 soluções de acabamentos diferentes. Ao gosto do cliente, claro, para que o cliente não procure outra marca de automóvel.
Com a religião, a lógica parece ser a mesma. Se fizermos uma observação atenta, podemos concluir que a Igreja Católica, ao anunciar a sua conversão ao maravilhoso mundo da Internet, para estar mais perto dos fiéis, está a dizer-nos que quer estar onde estão as pessoas, indo ao encontro delas, como meio eficaz de conhecê-las e entendê-las. Tal como as marcas, a Igreja fundada por Jesus Cristo procura estar onde estão as pessoas. É um mundo completamente diferente, é um mundo novo, é um mundo que dá muito trabalho, seja às marcas ou às organizações que trabalham para o público.
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