segunda-feira, 18 de julho de 2011

DECO, Sporting e Benfica. Veja as diferenças


A associação de defesa do consumidor DECO desaconselhou o investimento na SAD do Sporting Clube de Portugal e o clube de Alvalade reagiu com surpresa, face ao estranho veredicto da “primeira agência de ‘rating’ portuguesa”, como, com grande oportunidade, rotulou Rui Calafate, no seu blogue. No fundo, o que a DECO disse foi o seguinte: não invistam no Sporting porque o Sporting é “lixo”, estando "quase em falência técnica".
Já não é a primeira vez que a DECO analisa os investimentos nos clubes de futebol, aconselhando os seus associados e o público em geral. Como faz, aliás, em relação ao investimento no mais variado tipo de produtos. Desta vez, a DECO emitiu um parecer sobre o empréstimo obrigacionista lançado pela SAD do Sporting, considerando que as obrigações leoninas – que prometem uma rendibilidade de 9,25% ao ano – são de risco elevado, desaconselhando, por isso, a sua subscrição. Afinal, como, responsavelmente, alerta o próprio Sporting, na campanha de publicidade que lançou para divulgar o produto financeiro, “rentabilidades mais elevadas podem importar riscos mais elevados”.
Curiosamente, em 2010, a mesma DECO chegou à mesma conclusão ao não recomendar a compra de títulos de dívida da Benfica SAD, as quais prometiam um rendimento de 4,8% ao ano até 2013. “Não recomendamos”, foi o veredicto dos técnicos da DECO, justificando que “a Benfica SAD tem um passivo excessivo e o endividamento à banca tem um peso considerável na estrutura da empresa”.
Então o que é que mudou? Em apenas um ano, a DECO demonstrou a mesma opinião negativa sobre dois produtos financeiros semelhantes de dois clubes de futebol, desaconselhando a sua compra. A única diferença é que, enquanto o parecer negativo sobre o investimento no Benfica foi escondido por baixo do tapete das redacções dos jornais (não tendo sido notícia nos meios de comunicação de grande audiência), já o parecer negativo sobre o investimento do Sporting mereceu a maior cobertura noticiosa, porque houve alguém que agora teve a atenção que antes faltara.
Não acredito que estas más práticas jornalísticas, que contribuem para o descrédito do jornalismo, sejam fabricadas de propósito para prejudicar ou beneficiar este ou aquele clube. Mas a verdade é que estamos perante mais um caso em que a imprensa portuguesa, perante a mesma situação, usou pesos e medidas diferentes, sendo de admitir que a cor das camisolas tenha tido influência decisiva. Só assim se explica mais uma notícia negativa sobre o Sporting Clube de Portugal.

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