quarta-feira, 13 de julho de 2011

O "desvio colossal", a Lusa e a deontologia jornalística


Se bem entendi, a alegada referência do primeiro-ministro a um "desvio colossal em relação às metas estabelecidas" foi transmitida "aos membros doconselho nacional e longe dos jornalistas". Contudo, "um dos elementos presentes na reunião do Conselho Nacional do PSD" terá reportado este desabafo aos jornalistas. Como se nota aqui, a citação foi repetida em todos os media, de forma igual. Não sei se o primeiro comunicado partiu da Lusa, mas a agência nacional de notícias fez uma peça em que cita o tal de "um dos elementos presentes na reunião do Conselho Nacional do PSD".
O tom brutal da expressão, desvio colossal, concentrou todas as atenções na mensagem. Tal a sua força, que aparentemente nenhum meio questionou a credibilidade ou veracidade do mensageiro.
E veio-me à memória o caso recente do assessor que não teve credibilidade para uma jornalista da agência nacional de notícias a quem quis transmitir uma frase do (outro) primeiro ministro e que levantou rigorosíssimas dúvidas deontológicas: “Não é rigoroso e exacto e contraria regras básicas do jornalismo citar alegadas declarações de uma pessoa com base em afirmações que outra lhe atribuiu”, considera o Conselho de Redacção (CR) da Lusa, que apresentou queixa à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e ao Conselho Deontológico dos Jornalistas.
E eu fico com uma dúvida colossal sobre as regras básicas do jornalismo.

[FONTE: Alda Telles, blogue Lugares Comuns, 13-07-2011]

Nenhum comentário: