domingo, 31 de julho de 2011
Governo, espiões, gravatas e espaço mediático
Ele são os espiões do SIS que saltam entre o Estado e as empresas privadas que estão de olho nos negócios públicos; ele são as nomeações para a Caixa Geral de Depósitos marcadas exactamente pelos mesmos critérios das pressões partidárias que afectaram outras nomeações feitas no passado, indicando que, nestas coisas, continuamos na mesma; ele são as gravatas masculinas que a ministra Cristas aboliu no seu gabinete como medida estratégica de poupança de energia; ele é a Ongoing preocupada com os prejuízos da Impresa de Pinto Balsemão e este, para não ver o seu negócio ainda pior, preocupado com uma eventual privatização da RTP; ele é o “streap-tease” patético dos vencimentos dos elementos que integram as equipas ministeriais, motoristas incluídos, num sinal de transparência ilusória da governação na Internet, potenciando o espião que há em cada português, como se a principal questão a ter em conta deva ser o dinheiro que ganham aqueles que nos governam e não a sua competência para os cargos que ocupam. A propósito, não seria mais indicado revelar o currículo de cada nomeado? Assim, parece que é mais importante sabermos quanto ganham do que sabermos quem são.
Folheando os jornais e vendo as notícias que passam na televisão verificamos que a agenda mediática portuguesa está a fustigar o Governo com assuntos que estão longe das preocupações centrais dos portugueses que ainda acreditam no País e que continuam à espera de medidas que valham a pena. E o Governo não tem sabido contrariar a orientação dos ventos, ocupando devidamente o espaço mediático com novos temas, que interessem à vida dos cidadãos. Até pode estar a ser feito um grande trabalho governativo, mas não é essa a percepção que temos. Tirar as gravatas (curiosamente só num dos ministérios, o que significa que os outros ministros não acreditam na poupança energética anunciada...) e revelar quanto ganha toda a gente no final do mês é muito pouco e não interessa a ninguém.
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Um comentário:
De facto, há um mediatismo exagerado de assuntos de pormenor que escondem da opinião do comum cidadão medidas de muito maior impacto nas nossas vidas como as alterações nas leis laborais, os brutais aumentos dos transportes, a privatização de serviços essenciais como o abastecimentos de água, dos serviços de saúde, só para referir alguns.
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