Nas economias emergentes, o Brasil é uma ilha de resistência à globalização, com o Governo de Dilma Roussef, do Partido dos Trabalhadores (PT), a não hesitar em aumentar a carga tributária sobre os produtos importados de modo a proteger a produção nacional. É claro que os partidários da ideologia neoliberal e os agentes dos mercados, cuja acção não se importa muito com a ética, assentando na ganância que está a destruir a Europa, já estão a berrar aqui e ali contra as políticas proteccionistas do Brasil. Porque querem entrar com mais facilidade nesse mercado apetecível de 200 milhões de pessoas com capacidade de consumo.
A grande diferença entre o Brasil e qualquer dos 27 países da União Europeia é que o Brasil é um País soberano – uma república federativa com 27 estados – que pode decidir o seu destino sem depender de ninguém. Já os países da União Europeu não podem decidir nada, vivendo prisioneiros de um espaço comum que, afinal, é cada vez mais desigual.
Nestes tempos em que a globalização da economia e das relações pessoais e profissionais é uma realidade irreversível, olho com muita curiosidade e interesse para a política de Brasília de protecção da economia, traduzida no aumento da carga tributária sobre os produtos importados ou no alívio dessa carga quando marcas estrangeiras produzem no próprio Brasil, gerando riqueza e emprego locais. Nos últimos dias, foi noticiado o aumento do imposto alfandegário sobre os vinhos de Portugal e do Chile (cujas importações subiram muito no Brasil em 2011) e sobre os carros produzidos no México (cuja importação também subiu bastante em terras brasileiras). E não se pode dizer que o vinho português no Brasil seja um produto acessível. Uma simples garrafa de vinho verde "Casal Garcia", por exemplo, que em Portugal pode custar cerca de 3 euros no supermercado, é vendida em qualquer supermercado brasileiro a 30 reais, o que equivale a 12,50 euros., ou seja, quatro vezes mais. Não será tudo motivado pela carga tributária, mas dela resulta um peso excessivo no preço final dos produtos importados pelos brasileiros.
A questão é saber até que ponto o Governo de Brasília será bem ou mal sucedido com o seu proteccionismo; se conseguirá manter uma economia em crescimento sustentado e sustentável, ainda que o preço a pagar pelos cidadãos brasileiros seja o custo muito alto dos produtos importados, ficando assim em desvantagem em relação aos consumidores norte-americanos e europeus, quando se trata, por exemplo, de comprar um perfume, um par de óculos de sol, umas calças jeans ou um iPad.
Esse é um dos grandes desafios da economia brasileira nos próximos tempos. Se Dilma Roussef provar que a chave do equilíbrio económico do Brasil – evitando que o País seja contagiado por economias doentes – está no proteccionismo, talvez no futuro a globalização se torne mais contida à escala global.
2 comentários:
O Brasil terá que aproveitar o protecionismo e desenvolver rapidamente produção de qualidade e competitiva que traga penetração sustentada das exportações que até agora se resumem quase apenas a matérias primas ou com baixo valor acrescentado; Internamente tem de cuidar a excessiva e galopante despesa publica, e regular a política financeira de juros excessivos tornando o país numa "quase lavandaria" de moeda estrangeira.
O Brasil terá que aproveitar o protecionismo e desenvolver rapidamente produção de qualidade e competitiva que traga penetração sustentada das exportações que até agora se resumem quase apenas a matérias primas ou com baixo valor acrescentado; Internamente tem de cuidar a excessiva e galopante despesa publica, e regular a política financeira de juros excessivos tornando o país numa "quase lavandaria" de moeda estrangeira.
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