quinta-feira, 8 de março de 2012

A Sicasal ardeu. Mas renasceu das cinzas


Se me pedissem para nomear uma empresa portuguesa que seja exemplar no envolvimento activo dos seus trabalhadores na concretização da missão empresarial, em resultado da união entre patrão e trabalhadores, não teria dúvidas em nomear o exemplo da Sicasal, a empresa de transformação de carnes com sede em Mafra.
A Sicasal, uma organização familiar, liderada por Álvaro Santos Silva, foi parcialmente destruída pelo fogo em 15 de Novembro de 2011, mas, dois meses depois, estava pronta a retomar a laboração, e ainda com maior capacidade produtiva, que lhe permite alargar os mercados. “Vamos aproveitar a oportunidade para investir num projecto novo, com uma componente importante de exportação”, revelou Santos Silva, ao “Expresso” (ver aqui).
Ora, dada a situação de crise que o País atravessa, o normal seria que o patrão fizesse como muitos que andam por aí de cabeça levantada e aproveitasse a onda de despedimentos para despedir também o pessoal eventualmente excedente na Sicasal. Mas Álvaro Santos Silva demonstrou ser um grande empresário – um empresário daqueles que o País precisa.
No dia do incêndio, o patrão anunciou logo que não despediria nenhum dos 650 trabalhadores. Em resultado da sua atitude, recebeu a colaboração de todas na reconstrução da fábrica, inclusive aos fins-de-semana. E no final, em sinal do bom ambiente que se vive na organização, os trabalhadores surpreenderam o patrão com uma homenagem.
“Nos maus momentos vem ao de cima tudo o que há de bom entre as pessoas. Os trabalhadores vivem realmente a empresa, não é só vir aqui ganhar dinheiro. Isso vale quanto? Não se consegue quantificar”, considera Álvaro Santos Silva, que afirma ter por costume “falar sempre a verdade” aos empregados. Ainda em declarações ao “Expresso”, Álvaro Santos Silva – que já recebeu a visita do ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, que quis testemunhar o bom exemplo da Sicasal – afirmou: “Está provado que os portugueses estão dispostos a fazer sacrifícios. Mas querem um País decente e que lhes ofereça futuro, não um Portugal sem sentido.” Quem fala assim diz também nunca ter acreditado “no modelo que existe em Portugal de luta de patrões contra empregados”.
No fundo, a Sicasal está a dar mostras de ser uma organização moderna, em aprendizagem contínua, como definiu Peter Senge (ver aqui). Uma organização que tem capacidade de aprender, de se renovar e de inovar continuamente, e cujos membros estão permanentemente a reforçar a sua capacidade criativa e produtiva, num modelo de comunicação aberta, com significado comum e partilhado por todos.

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