quarta-feira, 18 de abril de 2012

A péssima comunicação do Ministério das Finanças


Não sou dos que se entusiasmam sem motivo aparente com o tom professoral e afastado da realidade do ministro das Finanças, Vítor Gaspar. Porque a sua capacidade para suster a animosidade de um auditório esconde muita incompetência do seu ministério na comunicação diária com os portugueses, sobretudo com aqueles que pagam os seus impostos e aguentam a despesa pública. A questão é que a comunicação de um organismo governamental faz-se todos os dias no contacto com os cidadãos e não apenas quando o seu responsável político fala publicamente.
Quando penso numa instituição que seja péssima a comunicar com os cidadãos lembro-me imediatamente do Ministério das Finanças de Portugal  uma instituição que não está formatada para comunicar com cidadãos crescidos e responsáveis e que trata os contribuintes como potenciais incumpridores das suas obrigações fiscais.
Mesmo sendo liderado por um homem formado nos gabinetes da União Europeia, como é o caso de Vítor Gaspar, o Ministério das Finanças é aquela organização que só contacta com os cidadãos para lhes sacar dinheiro, usando uma linguagem codificada que poucos entendem e escondendo a informação essencial em letras pequeninas com remissões para leis que poucos conhecem. No fundo, os cidadãos são tratados como crianças malcomportadas que têm de cumprir ordens de pagamento e ponto final. E se não concordarem, não adianta falar com ninguém para uma resolução humana de um problema. “Você tem razão, mas está na lei…”; “é o sistema…”; enfim, lá na repartição, os muros são muito altos e intransponíveis.
Em resumo, o Ministério das Finanças não é de Portugal, nem dos portugueses. Talvez por isso, a imagem com a esfera armilar e as cores verde e vermelha do “Governo de Portugal”, que são a marca da liderança governamental de Pedro Passos Coelho, continuem ausentes da sua comunicação com os portugueses, como se pode ver clicando aqui. Nas próprias repartições, assim como na correspondência e nos documentos, também não se vislumbra a comunicação do "Governo de Portugal". O que vale é que "a lei" e "o sistema" são infalíveis. E os contribuintes pagam e não bufam. Porque se não pagarem a bem pagam a mal.
Quanto à comunicação digital, o Ministério das Finanças também só permite uma comunicação unidireccional, inundando o contribuinte alegadamente faltoso com mensagens ameaçadoras. Conheço casos de pessoas que, tendo emigrado, procuram resolver um problema pendente através do Portal das Finanças, sem que haja alguém naquele Ministério que se interesse pela resolução do caso e procure pelo menos dar uma resposta. No fundo, a comunicação digital do Ministério das Finanças é outra falácia. Também neste caso, o que vale é que "a lei" e "o sistema" são infalíveis. E os contribuintes pagam e não bufam. A bem ou a mal.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, deveria saber que um Governo também começa a cair assim. Pela quebra de confiança. E o Ministério das Finanças, na sua relação com os portugueses, não promove a confiança.

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