O anúncio de Pep Guardiola de que deixará o cargo de treinador de futebol do Barcelona, no final desta temporada, é uma lição de marketing e comunicação para muitos gestores de carreiras e de empresas. E, claro, uma lição de gestão de carreira para a classe dos treinadores.
Treinador jovem e homem da casa, Guardiola, de 41 anos, conquistou um total de 13 títulos nacionais e internacionais, em quatro anos como treinador dos catalães. Foram três campeonatos espanhóis, três supertaças espanholas, duas ligas dos campeões, duas supertaças europeias, dois mundiais de clubes e uma Taça da Rei. Não há mais nada para ganhar que não tenha sido ganho. Com todos estes êxitos, tornou-se no melhor treinador de sempre do Barcelona. No dia 25 de Maio, poderá conquistar o 14º título, caso o Barcelona vença o Athletic Bilbao na final da Taça do Rei 2011-2012. Porém, caso vença este título, será o único de uma temporada falhada.
O Barcelona está no fim de um ciclo e Pep Guardiola soube ver isso, demonstrando uma competência do marketing, que é saber ler a conjuntura interna, a conjuntura externa e as novas oportunidades do mercado. Ao sair agora, sai por cima e com bilhete para regressar um dia mais tarde. E, como no futebol só interessa ganhar, evita ser assobiado e responsabilizado na próxima época, caso as coisas comecem por correr mal. Entretanto, Guardiola vai descansar. “Sinto-me esgotado e tenho de recuperar. A exigência alta deste clube provoca um grande desgaste. Quem vier dará coisas que eu já não posso oferecer. Não é uma questão de capacidade, é uma questão de energias”, explica Guardiola, que será sucedido pelo seu adjunto Tito Vilanova. Quem diz “energias”, diz motivação. Porque a vida das pessoas e das instituições tem ciclos.
Ao sair por sua livre vontade, Pep Guardiola deu um sinal muito forte de que gosta de si próprio e do Barcelona. E que vai regressar. Nessa altura, com novas ideias, novos motivos e novas ambições.
Um comentário:
Excelente análise. Mas, na minha opinião, este anúncio de Pep Guardiola além de tudo o que foi enunciado no post.
Desde já, esta tomada de posição é rara no mundo do futebol. Todos sabemos que é difícil para um treinador sair de uma temporada com um balanço negativo, no entanto, na maior parte das vezes, quando insistem em continuar no mesmo clube para melhorar na época seguinte, a emenda sai pior que o soneto.
Considero que este anúncio de Guardiola é ainda muito sensato, dando ao Barcelona tempo suficiente para preparar a próxima temporada, anunciando, desde já, que é o adjunto que tomará conta da equipa, pelo menos, até que o treinador que interessa estiver a trabalhar na presente temporada...
Os treinadores e clubes de Portugal deviam estar atentos a estes sinais de profissionalismo.
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